Uma iniciativa de alunos e professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) auxilia comunidades da região de Curitiba que sofrem impactos sociais e econômicos durante a pandemia de Covid-19.
O grupo “Voluntários Contra a Covid-19”, coordenado pelo professor Valderílio Feijó Azevedo, do Departamento de Clínica Médica da UFPR, acompanha 350 famílias de duas comunidades nos bairros Caximba, em Curitiba, e Santa Cruz, em Araucária.
Nas visitas às comunidades, estudantes de medicina aplicam questionários para avaliar o conhecimento da população sobre a Covid-19 e conhecer a realidade social e econômica das famílias. Assim, é possível saber quantas pessoas estão com suspeita de contaminação, quais medidas de prevenção são adotadas e verificar em que casos é necessário procurar atendimento médico. A equipe também produziu um material de divulgação, com o uso de imagens e de textos acessíveis ao público-alvo, a respeito das medidas de proteção.
Na percepção dos alunos, os moradores sentem mais a necessidade alimentar e a falta de saneamento básico. No Caximba, por exemplo, as pessoas precisam buscar água potável fora da comunidade. “A gente vê uma dificuldade muito grande em um local próximo a outras áreas com estrutura para proteção à Covid”, relata o estudante Gabriel Mondin Nogueira.
Os questionários são aplicados periodicamente, adaptando-se a novas orientações e de acordo com as respostas da população. A próxima intervenção vai tratar de assuntos relativos ao auxílio emergencial: dificuldade de acesso à tecnologia, à documentação necessária e ao pagamento. Dessa maneira, os pesquisadores verificarão a relação destes fatores com a rotina durante e após a pandemia do coronavírus, conforme explica o professor Valderílio. “A partir do momento em que fazemos isso, é possível estudar a influência social e econômica na dinâmica da pandemia”.
Outro objetivo do “Voluntários Contra a Covid-19” é conscientizar os moradores a respeito do isolamento comunitário. Com as restrições às atividades sociais e a falta de emprego, muitos só saem dos bairros para acesso à saúde. “Por isso, conscientizar para que o vírus não chegue de outras partes da cidade é o grande ponto de enfrentamento da pandemia nestes locais”, avalia Gabriel. Mesmo que haja a movimentação das pessoas dentro da comunidade, a equipe orienta para que seja feita com os cuidados de distanciamento e proteção.
O grupo também arrecada alimentos, materiais de limpeza, brinquedos, cobertores e contribuições individuais e de empresas. Mais de 50 voluntários da comunidade interna e externa à UFPR, além de parceiros de outras instituições, ajudam na arrecadação e na distribuição dos donativos para os 1500 moradores das duas comunidades. Saiba mais aqui.
Na visão dos estudantes, as ações são uma oportunidade de entender as dificuldades e ter uma visão mais abrangente da saúde dos pacientes, criando uma relação de empatia entre os moradores e os futuros médicos. “A gente só vai entender o contexto em que as pessoas vivem quando se está junto com eles. Até porque o ambiente que o paciente vive influencia na saúde”, enfatiza a aluna Letícia Chaffin Peruffo.
A ideia é que o trabalho continue após a pandemia, com ações de incentivo ao empreendedorismo, acesso à saúde e educação complementar, visando à autonomia das pessoas. Porém, nada será possível sem a interação dos voluntários com a comunidade assistida, como explica o estudante Leonardo Krieger Rafael. “Para realizarmos uma ação de maneira correta, nós temos que estudar e aprender como fazer isso. Sem essa interação, não alcançaremos os resultados de maneira satisfatória”, avalia. Para isso, a equipe conta com a ajuda de outros interessados em parcerias. Quem quiser contribuir com o projeto, com doações ou em ações junto às comunidades, pode acessar o portal https://voluntarioscontracovid19.web.app/.
Por João Cubas, com informações da UFPRTV
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