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UFPR entrega diploma de arquiteta à primeira aluna refugiada formada na instituição

A UFPR entregou nesta quinta-feira (17) o diploma de arquiteta à estudante que abriu caminho para que a universidade fosse a segunda do País a acolher refugiados nos seus cursos de graduação. A síria Lusia Luxsa, de 26 anos, foi a primeira refugiada matriculada na instituição e seu caso serviu de modelo para que a UFPR discutisse e aprovasse uma resolução específica sobre o tema. Hoje, a universidade tem 29 alunos refugiados ou com visto humanitário matriculados em cursos de graduação.

A formatura de Lusia foi celebrada como um marco – tanto para a universidade quanto para ela própria, uma jovem empurrada pela guerra para longe de sua terra natal.  Lusia vivia em Aleppo, a segunda maior cidade da Síria e uma das mais arrasadas pela guerra civil no país. Estava no terceiro ano de Arquitetura quando a faculdade onde estudava foi destruída por bombas, interrompendo o curso.

No fim de 2013, Lusia deixou parentes e amigos para trás e veio para Curitiba com a família do marido, que também é arquiteto. Mesmo sem falar português, quase imediatamente ela começou a procurar instituições onde pudesse concluir o curso. “Fui conhecer o prédio do curso de Arquitetura na Universidade Federal, encontrei o coordenador e, numa conversa em inglês, expliquei o que eu pretendia”, conta Lusia.

O professor Paulo Chiesa, coordenador do curso na época, conta que sua primeira reação foi orientar Lusia a procurar faculdades particulares, uma vez que não havia na UFPR uma resolução que regulamentasse o ingresso de refugiados. Mas ele acabou levando o caso para a Reitoria, que envolveu a área de Relações Internacionais no caso – e poucos dias depois Chiesa telefonou para Lusia dando a boa notícia: ela seria admitida na UFPR numa vaga do Processo de Ocupação de Vagas Remanescentes (Provar).

“A vaga na UFPR foi um milagre na minha vida. Tive apoio de colegas e professores e me sinto muito acolhida no Brasil”, afirma Lusia. Ela foi matriculada no segundo ano do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPR.

“Designamos quatro alunos fluentes em inglês para atuar como tutores da Lusia e, na fase inicial, os professores aplicaram provas em inglês”, lembra Chiesa. Enquanto isso, a nova aluna cursava Língua Portuguesa no Centro de Línguas e Interculturalidade (Celin) da UFPR. “A língua foi minha maior dificuldade. Eu nunca tinha ouvido uma palavra em português”, conta Lusia.

Apoio

“O caso da Lusia serviu como um piloto para que a UFPR discutisse formas de promover o reingresso na universidade de refugiados que já frequentavam curso superior nos países de origem. Foi daí que nasceu a resolução do Conselho de Ensino e Pesquisa que regula o assunto”, diz o professor José Antônio Peres Gediel, coordenador do Programa Política Migratória e Universidade Brasileira, que atua junto à Cátedra Sérgio Vieira de Mello do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).

O programa – que envolve professores, pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação de várias áreas – é composto por seis projetos de extensão. Por meio desses projetos, a UFPR fornece a imigrantes e refugiados assessoria e apoio jurídico, atendimento psicológico, capacitação em informática e aulas de Língua Portuguesa e de história do Brasil. O programa também inclui um observatório do processo migratório e estudos e pesquisas em várias áreas.

De acordo com Gediel, entre os 29 beneficiados até agora pela resolução há haitianos com visto humanitário e refugiados provenientes da Síria. Guiné, Benim e Congo. “Ao mesmo tempo em que há um refluxo da imigração de haitianos e a saída de muitos deles do Brasil, temos observado crescimento na procura por sírios e, agora, também venezuelanos”, afirma.

Para Lusia, o diploma de Arquitetura e Urbanismo representa o fim de um período de sua vida e o começo de outro. Ela já trabalha com projetos num escritório de Arquitetura de Curitiba, diz que ama o Brasil, mas não descarta um dia voltar à Síria. “Depois de todas as dificuldades que passei – guerras, mudança – estou emocionada por conseguir me formar. Agora sou arquiteta e quem sabe um dia poderei ajudar a reconstruir Aleppo”, afirma.

Por Lorena Aubrift Klenk

 

 

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