Teve início, na manhã desta quinta-feira (14), o 2º Seminário Nacional de Tecnologia e Dignidade Humana. O evento debate o uso de tecnologias de comunicação e os riscos e efeitos nocivos que podem trazer tanto para a saúde quanto para o relacionamento familiar e a segurança. Para dar a tônica da discussão, o coral infantil do Colégio Adventista do Boqueirão abriu o evento cantando para a plateia canções sobre educação e sobre os perigos que podem se encontrar na internet.
O desembargador Rui Muggiati, representando o Tribunal de Justiça do Paraná, traçou um paralelo entre as tecnologias de comunicação e informação e a Teoria da Relatividade (que foi utilizada para a construção da bomba atômica). “Temos que usar a tecnologia para construir o bem. E isso nao é facil, porque a construção do bem passa pela construção das pessoas. E isso precisa acontecer individualmente, na sociedade e principalmente na política.”
Para o secretário estadual da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Leonildo de Souza Grota, “a sociedade deve se preocupar com o futuro dos nossos jovens. O homem está perdendo o costume de se comunicar face a face. Isso é péssimo em termos de sociedade. E temos que ter essa preocupação em relacao aos jovens, pois são eles o futuro do país”. Esse uso excessivo das tecnologias “talvez seja o mal do século”, acrescentou.
O delegado do Núcleo de Combate aos Cibercrimes, da Polícia Civil, Demétrius Gonzaga, observou que as ocorrências que chegam à unidade são diárias. “E esse vício, essa escravidão da tecnologia, deixa que essas ocorrências gravíssimas aconteçam dentro das casas”, pontuou. Segundo o delegado, é importante que todos sejam multiplicadores do combate a este problema.
A professora Maria Helena Silveira Maciel, do Conselho de Educação do Paraná, observou que “ao mesmo tempo em que a tecnologia nos facilita a vida e nos põe em contato com o mundo todo – como com alguém que more em Paris, por exemplo -, ela também nos desumaniza”. Para a médica psiquiatra e psicanalista da infância, Luci Pfeiffer, que também representa a Sociedade Paranaense de Pediatria, o problema nao é a tecnologia, mas o uso que fazemos dela. “E que faltas ela está cobrindo, a ponto de abafar tudo que é próprio do ser humano? Que mundo vazio vai ser esse que estamos deixando para nossas crianças e adolescentes?”, refletiu.
A professora Nanci Stancki da Luz, representante da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), afirmou que “pensar nas nossas crianças é pensar no presente, no futuro, e pensar em nós mesmos. Nós construímos máquinas e temos dificuldade em construir seres humanos”.
O Seminário, que está sendo realizado na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/PR), prossegue hoje e amanhã. Para acessar a programação completa, clique aqui.
Por Mayara Godoy