Ciência em formato de gibi. É assim que o projeto “Bicho D´água: conhecer para preservar”, da UFPR, divulga informações sobre a preservação dos recursos hídricos. Com linguagem simples, figuras e personagens, alunos do ensino fundamental e médio compreendem lições importantes para o futuro do meio ambiente.
O projeto de extensão é desenvolvido pela professora Yara Moretto e pela técnica de laboratório Andréia Isaac, do Departamento de Biodiversidade da Universidade Federal do Paraná, Setor Palotina. A ideia é levar até as escolas a conscientização sobre a diversidade biológica em rios e riachos.
As primeiras atividades começaram em 2014. O conteúdo do Bicho D´água é trabalhado de maneira lúdica e dá ênfase aos macroinvertebrados bentônicos, conhecidos como bioindicadores de qualidade de água.
O grupo interage diretamente com escolas públicas e privadas de Palotina. “As crianças participam de uma oficina sobre os ambientes aquáticos e as várias formas de vida que encontramos ali. Depois, eles visualizam em lupas e microscópios os pequenos animais que são encontrados nos rios e riachos da nossa região”, explica a coordenadora do projeto, Yara Moretto, que também é vice-diretora do Setor Palotina/UFPR.
Depois de conhecerem os organismos, os pequenos estudantes participam de brincadeiras com os materiais desenvolvidos pela equipe, como o gibi e a cartilha. O projeto já atingiu cerca de 700 alunos da cidade, entre 4 e 14 anos de idade.
“Os alunos participam bastante e mostram interesse. Com os jogos, conseguimos fazer uma avaliação do quanto eles aprenderam”, relata a estudante Luana de Moraes Margatto, do curso de Ciências Biológicas do Setor Palotina.
A acadêmica da UFPR Gabriela Sponchiado também conta que a equipe tem planos de ampliar o projeto. “Futuramente queremos realizar cursos práticos de coleta, identificação dos organismos e qualidade do ambiente. Assim, os professores podem dar continuidade ao projeto e entender a importância da preservação dos ambientes hídricos”, afirma.
Experiência em sala de aula
Quando Gabriela Sponchiado ingressou no projeto, em 2015, não tinha a menor pretensão em se tornar professora. O contato com a escola a ajudou na decisão pela modalidade licenciatura. “O projeto me deu a oportunidade de expandir horizontes e desenvolver habilidades que antes estavam escondidas”, afirma a estudante do curso de Ciências Biológicas do Setor Palotina.
O Bicho D´água também ajudou Luana a ter mais segurança. “O projeto me mostrou a realidade da sala de aula. Lá precisamos improvisar com diversos tipos de turmas. Também percebi a necessidade de mostrar o conteúdo no contexto da vida dos alunos para que eles tenham um aprendizado efetivo”, diz a futura professora.
Resultados e futuro do Bicho D´água
A coordenadora Yara Moretto aponta como resultados do projeto a percepção de que tanto crianças como adultos se encantam com a diversidade de formas de vida nos ambientes aquáticos. “As crianças aprendem que os invertebrados são importantes para que o ambiente esteja em equilíbrio. Incutir essa noção de preservação faz com que tenhamos cidadãos mais conscientes das suas responsabilidades”, ressalta.
O Bicho D´água está em fase de finalização das escolas de Palotina. A proposta é expandir as ações do projeto para outros municípios da região.
Mais de 20 alunos da graduação da UFPR já passaram pelo projeto. Atualmente, 6 acadêmicos desenvolvem as atividades.
O projeto também conta com a parceria das secretarias de Educação do estado e do município de Palotina.
Materiais Didáticos
O Gibi Bicho D´água é distribuído gratuitamente em escolas públicas e particulares de Palotina e trabalha a educação ambiental de maneira lúdica e didática.
O grupo também desenvolveu 3 jogos didáticos – jogo da memória, jogo do tabuleiro gigante, tapete do rio contínuo. Além disso, foi criada uma cartilha para colorir e brincar.
Mas afinal, o que são macroinvertebrados?
Os macroinvertebrados são organismos que têm várias funções ecológicas, como a participação na cadeia alimentar de alguns peixes e anfíbios.
Esses organismos são diversos e sensíveis a alterações ambientais. Por isso, funcionam como bioindicadores da qualidade da água. “Pela presença ou ausência deles conseguimos averiguar a situação em que se encontra o riacho, ou seja, se está preservado ou impactado”, explica a acadêmica Gabriela.