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Bom Design: conheça os seis projetos de alunos da UFPR que se destacaram, incluindo os dois primeiros lugares do prêmio

Projetos desenvolvidos por alunos de graduação do Departamento de Design da UFPR se destacaram na última edição do Prêmio Bom Design, da Associação das Empresas e Profissionais de Design do Paraná (Prodesign>PR), que teve os resultados  divulgados na última sexta-feira (7). Os dois primeiros lugares nas categorias “teórica” e “prática” ficaram com projetos de estudantes da universidade. As outras conquistas de alunos da instituição foram o terceiro lugar da categoria “prática” e três das cinco menções honrosas.

Os projetos vencedores foram trabalhos de conclusão de curso (TCCs) orientados pelo professor Marcos Beccari, do Curso de Design Gráfico da UFPR, que coordena o Grupo de Estudos Discursivos em Arte e Design. Na categoria “Prática”, o projeto “Canto Fauna, Canto Flora”, de Flávia Chornobai, sugeriu um processo para que editoras independentes criem livros artesanais. O destaque na modalidade “Teórica” foi para o estudo de Bianca Mendes Rati, que apresentou um método para avaliar se peças de Design propagam clichês de gênero.

Alguns trabalhos de estudantes da UFPR que foram premiados (do alto, em sentido horário): livro artesanal Canto Fauna, Canto Flora; análise sobre esterótipos de gênero no design; o Jornal de Inverno, que cobre o festival; e livro de letramento para crianças surdas. Fotos: Reprodução e Samira Chami Neves/Sucom-UFPR, 11/1/2018

Beccari considera que os dois trabalhos vencedores, apesar de bem diferentes entre si, têm em comum a característica de propor discussões sobre a atuação do profissional de Design. “São trabalhos que não possuem, digamos, um foco ‘mercadológico’, mas mesmo assim percebemos como o mercado profissional segue valorizando o ambiente acadêmico, em especial o da universidade pública, onde a prioridade é a reflexão crítica sobre a sociedade”, acredita.

Conheça abaixo os projetos desenvolvidos na UFPR que se destacaram na edição mais recente do Prêmio Bom Design (todos também documentados em vídeo):

Primeiro lugar em “Prática”

Sócia de uma pequena editora, a Contravento Editorial, a designer Flávia Chornobai optou por fazer um livro artesanal, usando técnicas antigas de impressão, como TCC que foi apresentado em 2018 no Curso de Design Gráfico da UFPR. “A ideia para o trabalho nasceu do meu desejo de trabalhar com técnicas manuais de impressão, algo que conheci durante a graduação e que fez brilhar meus olhos ao perceber a possibilidade de participar desde o início, no processo de criação, passando pela produção da matriz, até a impressão da imagem”, conta.

O diferencial do trabalho de Flávia está no desenvolvimento de um produto voltado ao mercado de produção independente de livros. Para isso, contou a experiência da designer tanto na pesquisa de técnicas artesanais (especialmente em feiras de publicações independentes e livrarias) quanto no conhecimento sobre custos viáveis.

O conteúdo do livro são poesias traduzidas de Robert Desnos que o amigo dela, Natan Schäfer, também sócio da editora, desenvolveu durante o mestrado no Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPR. Algumas das técnicas utilizadas foram a xilogravura, a gravura em metal, a cianotipia e a calcogravura. “Fiquei muito feliz que um trabalho que praticamente rema contra a corrente das inovações tecnológicas seja reconhecido, talvez por mostrar que soluções projetuais podem ser inovadoras ao utilizar técnicas do passado com novas perspectivas”.

Primeiro lugar em “Teoria”

O modelo de análise desenvolvido por Bianca Rati para verificar estratégias retóricas e estereótipos de gênero em peças de design gráfico. Ou seja, o modelo traz uma metodologia inédita para que designers consigam perceber se suas peças atuam para reforçar clichês em vez de superá-los.

Para o TCC, Bianca partiu da percepção de que a academia e o mercado ainda discutem pouco a relação entre gênero, design gráfico e retórica. “Isso gera peças que podem ter um conteúdo antiquado e violento”, avalia. Dessa forma, o modelo desenvolvido por Bianca contribui que profissionais de Design atualizem conceitos e renovem referências ao produzirem materiais, seja ele voltado a mulheres ou não. Hoje Bianca é mestranda no Programa de Pós-Graduação em Design (PPGDesign) da UFPR e continua estudando relações de gênero.

Terceiro lugar em “Prática”

Outro TCC desenvolvido na UFPR, dessa vez com foco em educação inclusiva, recebeu o terceiro lugar na categoria “prática”. Trata-se do livro “As Sereias da Ilha do Mel”, criado pelas alunas Letícia Lôndero Heleno e Marluce Reque, sob orientação das professoras Carolina Calomeno Machado e Juliana Bueno, do Departamento de Design Gráfico da UFPR. O livro usa uma lenda paranaense para estimular o letramento de crianças surdas na Língua Portuguesa.

Para isso, a obra reúne informações em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e em Português, além de indicar atividades para as crianças. As ilustrações foram pensadas nas necessidades das crianças surdas, que têm peculiaridades. Elas se baseiam, por exemplo, nas expressões dos personagens para compreender a história.

Menção Honrosa em Qualidade Técnica

O TCC de Victor Uchoa é composto por uma coleção de mídias impressas sobre o Festival de Inverno da UFPR em Antonina, no Litoral do Paraná. Os cartazes são uma tradição do festival cultural promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec), que realiza anualmente um concurso para selecionar os melhores — Victor se decidiu pelo tema ao conhecer o acervo do concurso quando estagiou na pró-reitoria, ainda no início da graduação.

Essa arte “pouco valorizada” e “efêmera” é o principal conteúdo do TCC, conta o professor Jose Humberto Boguszewski, que orientou o trabalho.

“Retomei aquele levantamento de 2014 e propus no TCC um catálogo de 25 cartazes do Festival de Inverno, buscando essa valorização da memória gráfica do festival e do curso de Design, já que alguns dos cartazes foram feitos por alunos e professores do curso”, conta Victor. O TCC conta ainda com análises gráficas dos cartazes, que foram reunidas em um impresso chamado de “Jornal de Inverno”. A publicação deu vazão ao interesse de Victor em pesquisa de referências.

“Cada detalhe, espaçamento, distância de colunas e tipografia eu estudei com cuidado. Tem muita pesquisa no meu projeto”, explica o designer, que cita a satisfação com o fato de o júri do prêmio ter notado esse esforço. “Não digo que busquei excelência durante o meu TCC para o prêmio. Era uma resposta sincera e afetuosa à comunidade da UFPR”.

Menção Honrosa em Relevância Cultural e Social

Os cartazes também foram a base do trabalho de Kaio Fialho, uma campanha batizada de “Tudo bem Ser” que tem como alvo o acolhimento de jovens que estão em processo de aceitação da sua orientação sexual ou identidade de gênero.

A proposta do TCC foi desenvolver em colaboração com a comunidade peças gráficas que tratam desse tema. “O projeto é singular tanto na temática, quanto na abordagem metodológica”, avalia a professora Carolina Machado, que orientou o trabalho com a ajuda do mestrando Cezar de Costa.

“No meu TCC, eu pude alinhar três pontos-chave da minha vida: a comunidade LGBTI, transformação social e design colaborativo”, lembra Kaio.

As colaborações ocorreram em oficinas ministradas pelo designer em que os colaboradores puderam se inspirar em suas próprias experiências para gerar material gráfico que fala a quem está passando por conflitos similares. “O projeto foi inteiramente colaborativo”, explica o designer. “Desde as atividades de cunho investigativo até as atividades mais mão na massa”. Com isso, o trabalho agregou influências estéticas da arte urbana e do movimento LGBTI.

A menção honrosa obtida pelo TCC foi na categoria “relevância cultural e social”. “Era o que eu queria, que o meu trabalho fosse relevante socialmente e ter esse reconhecimento foi incrível, o objetivo foi atingido”, acredita Kaio.

Menção Honrosa em Inovação

A terceira menção honrosa conquistada por aluno da UFPR foi com o projeto “Fools O’th’Other Senses”, que propõe uma imersão na obra “Macbeth”, de William Shakespeare, por meio de diversos recursos sensoriais. Por meio de uma pesquisa abrangente, que incluiu a obra do dramaturgo, linguagem, sinestesia, simulações sinestésicas e design, Flavia Kimura Rosot conseguiu traduzir a famosa peça por meio de imagem, som, cores e tecnologia.

“A parte sobre Shakespeare e, especificamente, Macbeth teve como ponto de partida as adaptações cinematográficas da obra e variações da mesma, explorando como o texto foi modificado e representado através dos anos e por diversas culturas, porque, apesar de antigo, ele carrega temas atemporais que acabaram sendo adaptados para situações e contextos diversos, o que facilitou a conexão com a tecnologia”, explica ela. “Como o texto de Shakespeare é bastante sensorial, apenas foi preciso relacionar seus elementos centrais com recursos interativos existentes que os valorizasse”.

O resultado é um projeto multidisciplinar que relaciona temas e recursos de forma incomum. Fazem parte dele ilustração, animação, realidade aumentada, tipografia e lettering, que exigiram da então estudante conhecimentos bastante amplos. “Somente uma formação técnica não é capaz de dar conta de uma empreitada dessas, o conhecimento humanístico foi fundamental neste projeto”, avalia o professor Marcel Pauluk, que orientou o TCC.

Sobre o prêmio

O Prêmio Bom Design é realizado desde 2010 sem interrupções, mas sua criação ocorreu em 1987. Em sua versão mais recente, retomada pela Prodesign>PR e pelo Fórum dos Coordenadores dos Cursos de Design do Paraná, o prêmio tem o objetivo de dar visibilidade a produções acadêmicas na área, sempre na intenção de garantir espaço de debate entre academia e mercado profissional.

Segundo a Prodesign>PR, a UFPR é a instituição de ensino superior que mais acumula premiações na fase pós-retomada do Prêmio Bom Design. São 26 no total, das quais nove primeiros lugares (também o maior número). Há ainda cinco segundos lugares, um terceiro lugar e 11 menções honrosas.

Acesse a lista dos vencedores da última edição neste link

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