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FEDERAL DO PARANÁ

Professora da UFPR pesquisa desastres naturais com impacto no desenvolvimento mundial a partir do caso do Vale do Rio Doce

Professora do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Raquel Rangel de Meireles Guimarães desenvolverá atividades no Instituto Internacional para Análise de Sistemas Aplicados (IIASA), na Áustria, a partir de julho deste ano. A oportunidade se deu a partir da aprovação junto a outros três pesquisadores brasileiros no Programa Capes/IIASA de Pós-doutorado, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O projeto que será desenvolvido por Raquel foi contemplado na área de planejamento urbano e regional/demografia e leva o título “População, i(mobilidade) e inundações: um estudo de caso do Vale do Rio Doce no Brasil”.

A professora explica que o IIASA é um instituto internacional envolvido na investigação científica em questões de fronteira e com grandes implicações para o mundo. “Seu caráter interdisciplinar e com pesquisadores de ponta representa a possibilidade de que eu possa aprimorar ainda mais não só estudos acadêmicos, como também gerar pesquisas que tenham impacto importante sobre questões relevantes para o desenvolvimento mundial”, diz Raquel.

Objetivo da pesquisa é contribuir para a formulação de políticas públicas a partir de um estudo de caso do Vale do Rio Doce (MG), no Brasil. Na foto, enchente de 1979. Foto: Gilvan Guedes (Cedeplar/UFMG)/Arquivo pessoal
Objetivo da pesquisa é contribuir para a formulação de políticas públicas a partir de um estudo de caso do Vale do Rio Doce (MG), no Brasil. Na foto, enchente de 1979. Foto: Gilvan Guedes (Cedeplar/UFMG)/Arquivo pessoal

A diretora de relações internacionais da Capes, Connie McManus, acrescenta que o Instituto conduz pesquisas orientadas à resolução de questões demasiadamente complexas para um único país ou disciplina acadêmica resolverem. “Estas pesquisas [aprovadas no programa] incluem problemas que afetam o futuro de toda a humanidade, como mudanças climáticas, segurança energética, envelhecimento populacional e desenvolvimento sustentável”, afirma.

Os critérios de seleção do IIASA envolvem qualidade e novidade da pesquisa, mérito do candidato e potencial da pesquisa de ter um caráter interdisciplinar e transversal. Os projetos são avaliados tanto no Instituto quanto na Capes. A professora da UFPR pesquisa as áreas de Demografia e Economia do Desenvolvimento há mais de 10 anos, nas quais também realizou consultorias para os governos federal, estaduais e municipais.

Mobilidade populacional, vulnerabilidade
socioeconômica e desastres naturais

A proposta da pesquisa da professora da UFPR é contribuir para a literatura existente e para a formulação de políticas públicas a partir de um estudo de caso do Brasil. Raquel pretende examinar se e como a exposição individual a inundações induziu ou não a migração em um cenário de intensa urbanização, a cidade de Governador Valadares, em Minas Gerais. “Numa proposta que considero inovadora, propus abordar a temática da mobilidade populacional, vulnerabilidade socioeconômica e desastres naturais (no caso, episódios de inundação)”, diz.

Raquel Rangel de Meireles Guimarães foi aprovada para pós-doutorado na Áustria com proposta inovadora na área de planejamento urbano e regional/demografia. Foto: Marcelo Almeida/Divulgação
Raquel Rangel de Meireles Guimarães foi aprovada para pós-doutorado na Áustria com proposta inovadora na área de planejamento urbano e regional/demografia. Foto: Marcelo Almeida/Divulgação

A professora, demógrafa e economista do desenvolvimento explica que a relação entre inundação e mobilidade é mediada por vários fatores, incluindo a vulnerabilidade das famílias, a capacidade de suavizar o consumo, uso de tecnologias, entre outros. Consequentemente, a vulnerabilidade de indivíduos, famílias e comunidades pode aumentar ou diminuir a capacidade de resposta aos riscos. “Em outras palavras, os estressores ambientais não afetam todas as pessoas da mesma maneira e, portanto, a propensão à mudança de residência não responde aos estressores ambientais de uma única maneira”, acrescenta Raquel.

De acordo com a pesquisadora, em um episódio de risco natural, a mobilidade (ou imobilidade) dos indivíduos pode ser vista como o resultado de um processo complexo de tomada de decisões para melhorar a subsistência, considerando falhas de mercado e mecanismos de estabilização de renda.

Com duração de dois anos, o estudo ainda terá apoio da Rede Brasileira de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima/Finep), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Por Chirlei Kohls
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