Estudar um idioma estrangeiro é uma prática comum, mas quantos brasileiros já pensaram em estudar a língua dos povos que na Idade Média ocupavam a região da península escandinava, conhecidos popularmente por “Vikings”? O Centro de Línguas da UFPR (Celin) oferece desde 2007 o curso de Língua Nórdica Antiga, que busca ser uma introdução à cultura escandinava medieval e um primeiro contato com escritos clássicos daqueles povos.
O professor Théo de Borba Moosburger foi o idealizador do curso e continua ministrando as aulas. Segundo ele, a procura é boa e o perfil e as motivações dos estudantes são variados. A maior parte vem das áreas de Letras e História.
“Temos estudantes de Letras que têm interesse em literatura antiga e medieval, em linguística, e tem o pessoal da História que se interessa pelo período medieval”, relata. Segundo Moosburger, o interesses dos historiadores está relacionado à possibilidade de acessar fontes escritas em nórdico antigo.
O interesse também pode ser mais abrangente. “A mitologia nórdica é um tema que está bastante em voga hoje em dia. Muitas pessoas que têm curiosidade pelo assunto, mas não sabem onde encontrar informações mais confiáveis, acabam procurando o curso” explica o professor. Entre os alunos também há pessoas que se interessaram pela língua durante viagens aos países escandinavos e outras que apreciam estilos literários que relacionados com a língua, como as famosas obras do escritor J. R. R. Tolkien.
Leonardo Fischer estava no curso de graduação em Letras – Grego Antigo quando iniciou o prímeiro módulo do curso. Hoje, no terceiro módulo, conta que foi o interesse por línguas antigas que o motivou a iniciar o curso. Segundo ele, que atualmente é mestrando em Literatura pela UFPR, aprender nórdico antigo possibilita o acesso a uma série de obras que contribuem para ampliar o repertório do estudante.
Gabriel Zanetti, também no terceiro módulo no curso, não tem formação na área. Ele conta que já tinha interesse pela cultura medieval, e decidiu fazer o curso para conhecer uma língua antiga. “Eu me interesso muito por estudar outras línguas. Estudo alemão atualmente e já tinha vontade de estudar uma língua antiga. A que mais me chamou atenção foi o nórdico antigo”, explica Zanetti.
A língua
No curso os alunos estudam a língua escandinava antiga em que textos clássicos daquela cultura foram escritos. O objetivo final do curso é permitir ao estudante ler os textos escritos na época em que a língua era falada.
“O nórdico antigo é o antigo islandês e norueguês, que eram falados nos séculos XII e XIII. Tem uma série de textos importantes que foram escritos nessa época, tratando de mitologia e história nórdica, e o objetivo principal de estudar essa língua é ler estes textos”, explica Moosburger. “Quem quer aprender a falar vai estudar uma língua escandinava moderna.” De acordo com ele, a língua mais próxima do nórdico antigo é o islandês.
O professor conta que, por ser uma língua antiga, a abordagem é um tanto diferente do que em um curso normal de línguas, o que exige um comprometimento maior do estudante, com um foco maior na leitura e uso de dicionários.
Curso
O curso é dividido em quatro módulos. No primeiro o estudante tem um contato inicial com a cultura escandinava antiga, trabalha temas como a era viking, as inscrições rúnicas e o desenvolvimento dos gêneros literários presentes nestes contextos, além de rudimentos de gramática.
No segundo e terceiro módulos o estudante se aprofunda no aprendizado e começam as leituras de pequenos trechos das sagas islandesas. Em seu último módulo, o curso oferece um contato mais extenso com textos literários diversos, analisando tanto aspectos linguísticos quanto questões extratextuais, como contexto de produção e história.
Rodrigo Choinski