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Pesquisas da UFPR contribuem para o entendimento de parasitoses e são premiadas em Congresso

Aproximar a Universidade da comunidade, entender o mecanismo de doenças provocadas por parasitos e desenvolver análises ambientais. Essas são algumas das contribuições de um grupo de pesquisadores da UFPR na área de Parasitologia. A equipe composta por estudantes de mestrado, vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Microbiologia, Parasitologia e Patologia da UFPR, teve um trabalho premiado e duas menções honrosas no MEDTROP/Parasito/ChagasLeish (55º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical; XXVI Congresso da Sociedade Brasileira de Parasitologia e ChagasLeish 2019), eventos que reuniram pesquisadores de todo o mundo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O mestrando Adelino Tchivango e o graduando em Ciências Biológicas, Bruno Lustosa, ganharam o prêmio de melhor trabalho na área de Parasitologia Básica. Eles analisaram a presença de protozoário do gênero Giardia e Blastocystis nas fezes de crianças de uma escola de Bocaiúva do Sul, região metropolitana de Curitiba. A novidade é a análise dos parasitos nos animais com os quais as crianças tiveram contato. Esses organismos acometem grande parte da população brasileira, e causam diarreia, subnutrição e doenças como a síndrome do intestino irritável. “A comunidade escolar às vezes não tem conhecimento sobre a infecção, o que traz prejuízos à saúde e à cognição das crianças, sem contar uma sobrecarga ao SUS”, ressalta Lustosa.

Tchivango é orientado pelos professores Andrey Andrade e Débora Klisiowcz. Oriundo de Angola para cursar o mestrado na UFPR, o mestrando deseja levar o conhecimento sobre esse assunto para o seu país. “Tem muita coisa a fazer (lá). Quero usar esta experiência para poder ajudar as pessoas que estão no meu país”.

Ainda sob a orientação do professor Andrey, a mestranda Letícia Morelli, também apresentou um trabalho no congresso sobre os flebotomíneos, insetos vetores dos protozoários causadores da leishmaniose cutânea (LC), doença presente na zona rural de Itaperuçu. A LC causa feridas ulceradas, que podem levar a exclusão social e o tratamento é muito danoso. “O Paraná é o estado que tem o maior índice de leishmaniose cutânea no sul do Brasil, e por isso procuramos soluções para o controle dos vetores, visando economia de recursos públicos nessa atividade”, explica Morelli.

Menção Honrosa

Análise molecular realizada em laboratório pelas pesquisadoras do PPGMPP. Foto: arquivo pessoal

As mestrandas Patrícia Padilha Ribeiro, Amanda Rodrigues e a estudante de Biologia, Bárbara Alves, trabalham na área de parasitologia ambiental e ganharam menção honrosa. Coordenada pelo professor Diego Guiguet Leal, a equipe desenvolve métodos que podem ser usados no monitoramento da balneabilidade do litoral do estado. Amostras de água do mar, de rios e canais que afluem para as principais praias do litoral do Paraná foram analisadas para a pesquisa de protozoários patogênicos causadores de gastroenterite (Cryptosporidium e Giardia). “Estamos encontrando pela análise molecular qual é a fonte da contaminação fecal, humana ou animal (silvestre/doméstico), e assim viabilizar uma legislação estadual sobre balneabilidade”, destaca Amanda. No mesmo estudo, Patrícia testou 16 protocolos para identificar ovos de helmintos em areia de praia, além do monitoramento da contaminação das praias do Paraná.

Exemplo de coleta realizada pela equipe no litoral do Estado. Foto: arquivo pessoal

Um segundo trabalho avaliou a concentração de parasitos em areias de parques e creches de Curitiba. Bárbara esclarece que o trabalho tem relevância socioambiental na medida em que identifica maior contaminação no solo das creches, que estão em uma área vulnerável do bairro Cajuru, em relação aos parques Bacacheri, Barigui e São Lourenço, o que pode indicar que a falta (ou não) de saneamento básico interfere nos resultados. “Se você faz uma comparação, um parque é um ambiente aberto, com um alto fluxo de pessoas. No CMEI o fluxo é muito menor e ainda assim há uma contaminação maior”, revela a pesquisadora.

João Luis Machado Pietsch, também recebeu menção honrosa. Sob a orientação da professora Magda Ribeiro, apresentou trabalho sobre a ligação de proteínas humanas e parasitos da espécie Leishmania braziliensis. Por meio de técnicas de microscopia e fluorescência, João estudou o mecanismo de ação dessas proteínas frente a infecções provocadas pelo parasito no sistema sanguíneo. De acordo com Pietsch, atualmente mais experimentos estão em andamento para verificar como essas proteínas se ligam e como elas interferem na destruição dos parasitos dentro do organismo. “Avaliar a atividade dessas proteínas em parasitos do gênero Leishmania é fundamental para compreender fisiopatologia da infecção”, resume o mestrando.

Os estudantes afirmam que a multidisciplinaridade é um diferencial nos estudos de parasitologia. A mestranda Roberta de Lima é nutricionista e aponta como o seu conhecimento pode ser aplicado em conjunto com os demais. “Quando fazemos o controle de qualidade de hortaliças, podemos analisar de onde vem a contaminação desses alimentos, que vão causar doenças e parasitoses. Isso (a interação) é muito importante para o crescimento da pesquisa no país”.

O professor Diego ressalta a revalorização da parasitologia mundialmente, em função da emergência de doenças provocadas pelos parasitos que foram, durante muito tempo, negligenciados. “Os resultados alcançados com essas pesquisas demonstram a importância de aliar estudos de biologia molecular e de análise ambiental como ferramenta de investigação ou mitigação de surtos de veiculação hídrica ou alimentar, comumente reportados no país”. O professor Andrey valoriza a interação e a divulgação da pesquisa realizada na UFPR para a comunidade. “Tudo que fazemos na área da parasitologia, seja com o básico ou com a tecnologia de ponta, tem um retorno social. Nenhuma dessas pesquisas realizadas deve ser feita para ser ‘guardada” dentro da universidade, por isso, quando divulgada recebem esse reconhecimento”, pontua.

Equipe do PPGMPP que participou do MEDTROP/Parasito/ChagasLeish. Foto: Aspec

 

Por: Aspec

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