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FEDERAL DO PARANÁ

Pesquisador da UFPR cria escala de medo da pandemia do novo coronavírus

Distúrbios físicos e psíquicos, aumento nas taxas de suicídio e até surgimento de estigmas entre doentes em tratamento ou já curados – o medo pode causar uma série de prejuízos e não deve ser desconsiderado em um contexto de pandemia. Uma pesquisa realizada na Universidade Federal do Paraná (UFPR) busca entender esse fenômeno a partir de uma escala inédita, que está coletando respostas em todo o país por meio de um questionário. A pesquisa tem a hipótese de que exista uma relação direta entre o medo e os locais com as taxas mais elevadas de incidência da doença. 

A iniciativa é do professor Sérgio Monteiro de Almeida, do departamento de Patologia Médica, e já resultou na coleta de milhares de respostas a um questionário online, com respondentes de todo o Brasil. “É uma situação nova, que rapidamente evoluiu e que teve impacto em todos os setores da sociedade. O medo é um novo componente, como avaliá-lo neste momento?”, questiona o professor. 

“Mais de 90% dos respondentes revelam alguma intensidade de medo. Mas há números que merecem atenção, como por exemplo os 15,4% que não têm medo de sairem para trabalhar”, pontua. O professor, que é neurologista, explica que há mecanismos neuronais envolvidos na forma como as pessoas encaram o medo. “A ansiedade e a depressão podem ser um dos resultados disso”, explica. Outra possibilidade é que o indivíduo entre em processo de negação do fenômeno e passe a não acreditar nos cenários que estão se desenhando.

De acordo com professor, medo pode levar à negação da pandemia (Foto: Divulgação/Pixabay)

A proposta da escala é quantificar o medo diante das situações mais básicas do dia a dia, como sair de casa, andar de ônibus, usar o elevador ou mesmo de adoecer. Os profissionais da saúde também são alvo da pesquisa. “A presença do medo é inegável, por isso nosso maior desafio e transformá-lo em algo quantificável, gerando um índice final que possa ser relacionado com as regiões com maio ocorrência de óbitos”, explica. 

Em maio, quando a incidência de casos e óbitos no Norte e Nordeste eram altas, os resultados indicavam que a escala de medo era maior exatamente nessas regiões. A hipótese do trabalho é que os números e o retrato do Brasil variem conforme as taxas de incidência. Podemos fazer essa avaliação da situação do medo no país em tempo real”, comenta o professor, que ainda está trabalhando nos dados mais recentes da pandemia.

A escala de medo funciona com uma projeção de 1 a 5, sendo 1 um indicador de pouco medo e 5 o de muito medo. Das situações hipotéticas do questionário, até o momento, a que indica maior índice de medo é a de uma pessoa próxima ao respondente contrair o vírus: quase 70% das pessoas atribuem 5 à essa possibilidade. Segundo o professor, o dado traz uma curiosidade e indica que os participantes da pesquisa têm mais medo de verem alguém próximo contaminado do que de se contaminarem. 

As perguntas da escala também focam atenção nos profissionais de saúde, para comparar os indicadores entre aqueles que estão na linha de frente do controle da pandemia. Além disso, buscam indicadores sobre o índice de medo nas saídas ao trabalho e no uso do transporte público. Outra situação que gerou um elevado índice de medo entre os respondentes foi o de ir ao hospital: mais de 60% optaram pela escala 5.

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