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FEDERAL DO PARANÁ

Pesquisa da UFPR estuda material particulado do ar de Curitiba e aponta riscos para a saúde

Uma pesquisa realizada na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e publicada na Scientific Reports, do grupo Nature, indica que a composição química de poluentes dispersos no ar de Curitiba pode ocasionar riscos à saúde. O trabalho, realizado em parceria com instituições do Amazonas, São Paulo e também com universidades de fora do país, como a Universidade de Harvard, também comparou o índice de material particulado na atmosfera de Manaus e Curitiba.

UFPR trabalha para compreender efeitos da poluição no organismo (Fotos: Leonardo Bettinelli/Sucom-UFPR)

Segundo o professor do departamento de Engenharia Ambiental, Ricardo Henrique Moreton Godoi, estudos recentes indicam que a poluição atmosférica é causa da morte de cerca de nove milhões de pessoas por ano – um índice maior do que o do tabagismo, por exemplo, e que é pouco divulgado publicamente. O que a pesquisa investiga são amostras de material particulado, uma unidade muito pequena que respiramos todos os dias, sem ver.

“Esse aerossol, quando aspirado, vai até os alvéolos pulmonares, podendo se depositar ou solubilizar. Solubilizado ele pode chegar à corrente sanguínea”, explica o professor. Por ser uma pesquisa interdisciplinar, ela contou, inclusive, com colaboradores do campo da saúde, como o médico patologista e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Saldiva.

O artigo é uma síntese do estudo de doutorado da pesquisadora Gabriela Polezer, orientanda de Godoi. Desde a graduação ela traça um caminho estudando a poluição atmosférica, quando trouxe, de um intercâmbio em Manchester, na Inglaterra, o conceito de bioacessibilidade.

A parceria com a professora Sanja Potgieter-Vermaak, da Manchester Metropolitan University, que também assina o trabalho, permitiu que ela começasse a investigar o fenômeno. “Na área de poluição ambiental, a bioacessibilidade permite que se avalie substâncias tóxicas e se elas são solúveis em fluído pulmonar”, explica.

A pesquisa começou a ser desenvolvida ainda no mestrado, quando ela estabeleceu um protocolo para este tipo de análise. O fluido pulmonar teve a composição e as condições ambientais simulados em laboratório, e o material particulado coletado foi inserido neste fluido artificial para avaliar sua solubilidade e, consequentemente, seu potencial de chegar à corrente sanguínea.

Professor Ricardo Godoi

Segundo o professor, não se sabia, até então, se as partículas eram solúveis no fluido pulmonar. A amostragem, coletada no Centro Politécnico, passou por um equipamento para separar as partículas menores que 2,5 micrômetros. Este conteúdo foi, então, depositado no líquido que simulava o que se encontra no órgão do corpo humano. Após filtrado, o conteúdo disponível era um material solubilizado, dentre eles o chumbo livre, um dos elementos que pode chegar ao sangue.

O material solúvel, o chumbo, cobre manganês e cromo foram analisados no laboratório da professora Andrea Oliveira, do departamento de Química, que co-orienta a tese de Gabriela. “As partículas de poluição entram no sistema respiratório e passam por barreiras. As maiores são eliminadas pelo organismo, mas são os metais que se solubilizam no fluido pulmonar que podem atingir o sistema circulatório e assim chegar a outros órgãos do corpo humano”, aponta Gabriela.

 

Comparações entre cidades

 

Os dados apresentados no estudo também indicam que os materiais particulados de Manaus são mais solúveis do que os de Curitiba – ou seja, podem ter mais chances de chegar até a corrente sanguínea quando em contato com o fluido pulmonar. Para Gabriela, que defende a tese em dezembro, trata-se de um resultado importante para se pensar no planejamento das cidades. “Quando comecei a pesquisa, imaginava que ela teria uma análise mais curta, mas terminamos pensando nas questões de desenvolvimento urbano e no bem estar da população”, comenta.

Segundo Godoi, pesquisas semelhantes estão utilizando a metodologia desenvolvida no laboratório para estudar o material particulado em outras cidades, como em Joinville (SC), Londrina e Paranaguá. “Dados de Curitiba chamam a atenção, no mundo, porque são de uma área subtropical e de uma grande cidade. Mas é importante também identificarmos essa questão em cidades de médio porte”, comenta.

A doutoranda Camila Bufato, por exemplo, vai pesquisar os índices na região portuária de Paranaguá. “É como uma continuidade do trabalho realizado pela Gabriela, para entender as condições ambientais de uma outra região com características bastante específicas”, explica.

Doutoranda vai investigar dados em região portuária

O artigo, publicado em uma das revistas de maior impacto no meio científico mundial, também é assinado por outras pesquisadoras da UFPR: a professora Ana F. L. Godoi, do departamento de Engenharia Ambiental, e o professor Carlos Yamamoto, do departamento de Engenharia Química, participaram do trabalho.

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