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FEDERAL DO PARANÁ

Neurocirurgião docente da UFPR recebe título de professor emérito em universidade russa

No início de outubro deste ano, Luís Alencar Biurrum Borba, professor de Neurocirurgia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), recebeu o título de Professor Emérito da I.M. Sechenov Primeira Universidade Médica Estatal de Moscou. A instituição russa possui 264 anos de idade, quase cem mil alunos e, em todo esse tempo, só concedeu o título a nove pessoas. Borba é o primeiro neurocirurgião a receber a honraria.

O título recebido pelo médico brasileiro está diretamente relacionado à sua inserção acadêmica na área e ao reconhecimento pelos serviços prestados à neurocirurgia russa, com o treinamento de inúmeros profissionais. “Em neurocirurgia, a primeira coisa que você precisa ter é prazer. É uma das especialidades em que você pode levar 12 horas realizando um procedimento cirúrgico não exitoso, pois é algo extremamente complexo. Por isso me especializei muito nesta área”, relata.

Borba recebe título de professor emérito da Sechenov Primeira Universidade Médica Estatal de Moscou. Foto: Aquivo pessoal

Borba é especialista em uma técnica de cirurgia na base do crânio que trata de lesões específicas e de difícil acesso. Em 1992 estagiou nos Estados unidos e aprendeu o método, que vem aprimorando e ensinando desde então. Desde 2013, ele é professor da UFPR e, a partir do momento que retornou ao Brasil, passou a ser convidado para ensinar a técnica em cursos pelo mundo inteiro. “Não é uma técnica minha, mas eu aprimorei com a base anatômica que tinha e isso foi difundido pelo mundo”. Com amor pelo que faz, o médico, que não ganha nada para ministrar os cursos Brasil afora, garante aprender muito mais a cada formação.

Além da Rússia, ele já ministrou cursos sobre a técnica em países como Tailândia, Espanha, Uruguai, Argentina, Peru, Colômbia, Estados Unidos, Portugal, Jordânia, Líbano, Egito, China e Kuwait. “Os cursos têm aula teórica, dissecção em cadáver e procedimento cirúrgico ao vivo em pacientes reais, que são retransmitidos online”. A UFPR também recebe muitos visitantes que buscam aprender o método. “Já tivemos profissionais vindos do Kuwait, México, Colômbia, Argentina, Uruguai, além de integrantes de várias universidades brasileiras mesmo”, conta o professor.

Especialidade

A cirurgia da base do crânio é uma especialidade dentro da neurocirurgia que atua em doenças localizadas em regiões de difícil acesso no crânio e na região cervical. É uma especialidade multidisciplinar, com áreas de atuação comum entre os otorrinolaringologistas, cirurgiões de cabeça e pescoço, além do neurocirurgião com treinamento específico na base do crânio e suas relações com a face, ouvido, junção crânio-cervical, órbitas e cavidade nasal. As principais doenças que acometem estas regiões são os tumores, as doenças vasculares (circulatórias), trauma, malformações congênitas e fístulas.

O neurocirurgião é coordenador e diretor de cursos de abordagens na base do crânio em mais de 10 países. Foto: Marcos Solivan

“No cérebro, algumas patologias são mais profundas e para acessá-las é necessário passar por várias estruturas nobres”, explica o neurocirurgião. Atualmente, existem outras técnicas que podem ser aplicadas nessas situações, porém têm efeitos paliativos. “A cirurgia na base do crânio é a recomendada na grande maioria das patologias nessa área, pois, apesar da complexidade em sua realização, é muito mais efetiva e as sequelas são menores”.

Relação com a Rússia

Borba é professor adjunto de Neurocirurgia da UFPR e chefe do Serviço de Neurocirurgia do CHC-UFPR. Foto: Marcos Solivan

A relação de Borba com a Rússia teve início por acaso, uma circunstância que ele atribui ao destino. “Em 2014 eu estava em um curso e, em uma das estações de simulação, um participante russo estava sentado sozinho. Ninguém dava bola para ele porque ele falava inglês muito mal. Percebendo aquela situação, juntei-me a ele e passamos o dia inteiro trabalhando juntos”. Naquele dia, o colega russo lhe mostrou o instituto em que trabalhava e o convidou para conhecê-lo. Algum tempo depois, já no Brasil, ele recebeu os bilhetes de passagem e hospedagem para Tyumen, na Sibéria.

“Quando cheguei lá, fiquei impressionado com o tamanho do instituto. São cerca de 150 leitos só de neurocirurgia, sete salas de cirurgia e um laboratório de microcirurgia montado com dez estações”, relembra Borba que, naquele ano, apenas participou do curso. A partir do ano seguinte (2015), ele vem coordenando todas as edições. “Nessas edições, vários estudantes da Rússia e de países da região como Cazaquistão, Uzbequistão e Ucrânia, participaram do treinamento, que se tornou tradicional”.

O especialista relata que a medicina é socializada na Rússia e, por isso, quatro grandes centros de neurocirurgia para procedimentos eletivos foram montados no país. “Eram excelentes estruturas físicas, com todos os equipamentos à disposição, mas não havia formação”. Os cursos cresceram e foram responsáveis por capacitar muitos profissionais. “Nos primeiros anos eu operava os pacientes com tumor pela primeira vez. Nesta última edição, eu só realizei o procedimento em pacientes que eles operaram, tiveram dificuldades e eu tive que recuperar”.

Hospital universitário

Borba salienta a importância do hospital universitário para os aspectos de formação dos profissionais e também para a sociedade. “No Brasil, por exemplo, ainda 70% dos pacientes não têm plano de saúde. Como essas patologias neurológicas específicas são de altíssimo custo, a maioria dos hospitais não dá atendimento e os hospitais universitários centralizam isso”. O Complexo Hospital de Clínicas (CHC) UFPR é um exemplo dessa situação, recebendo pacientes do Brasil inteiro.

No CHC, a residência na área é a mais procurada no âmbito da clínica cirúrgica e a segunda mais procurada dentre todas as especialidades, ficando atrás apenas da dermatologia. Para o médico, o cotidiano de um hospital universitário proporciona experiências de aprendizado únicas e passíveis de serem vivenciadas só ali. “O centro de neurocirurgia do CHC é referência e está apto a tratar de qualquer patologia”.

 

 

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