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Mulheres da UFPR: Elizabeth Wegner Karas, uma pesquisadora da matemática

A professora Elizabeth Wegner Karas é um dos destaques entre as pesquisadoreas da UFPR. Dentre o seleto grupo de bolsistas produtividade em pesquisa do CNPq, ela acumula uma produção reconhecida no campo da Matemática Aplicada. Em 2003, por sua tese de doutorado, recebeu o prêmio Guilherme de La Penha da Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC). É autora ainda dos livros “Otimização Contínua: aspectos teóricos e computacionais” e “Fractais gerados por sistemas dinâmicos complexos”.

A pesquisadora ainda acumula dois pós-doutorados, um cursado no Instituto de Tecnologia de Tóquio, no Japão no ano de 2007 e outro na Academia Chinesa de Ciências. Também já esteve à frente do Programa de Pós-graduação em Matemática Aplicada da UFPR, assumindo a coordenação entre 2012 e 2014.

Planilhas e influências

Pesquisadora Elizabeth Wegner Karas – foto: arquivo pessoal.

Foi em casa que Elizabeth, ainda pequena, começou a se interessar pela matemática. Ela conta que gostava de ajudar o pai com as planilhas de compra da empresa de construção civil em que ele trabalhava, ainda não existiam planilhas eletrônicas. “Meu pai nem imaginava que aqueles momentos marcariam tanto minha trajetória”.

O gosto pela matemática levou Elizabeth a cursar, no Colégio Estadual do Paraná, o curso técnico em Desenho Artquitetônico. Foi neste período, durante o ensino médio, que conheceu Arlete Mendes, professora de matemática que seria a grande incentivadora de sua carreira.

Percebendo a dedicação durante as aulas, Arlete estimulou a futura pesquisadora a tentar o vestibular em Engenharia Cartográfica, na UFPR, e em Matemática, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Foi a professora quem arcou com os custos das inscrições e das primeiras mensalidades na faculdade particular, dando suporte inicial aos estudos da pesquisadora.

Ainda antes de terminar o curso da UFPR, Elizabeth é convidada a dar aulas na PUCPR, onde descobriu sua vocação. “Percebi então que minha realização vinha da sala de aula e decidi seguir a carreira acadêmica”.

Elizabeth Wegner Karas – Defesa da tese de doutorado em 2002, sob orientação de Clóvis Caesar Gonzaga (UFSC- Brasil) e Jean-Charles Gilbert (INRIA-França), pela qual recebeu o prêmio Guilherme de La Penha da Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC)- foto: arquivo pessoal.

Posteriormente, em 1990 é aprovada no concurso para docente no Departamento de Matemática da UFPR (DMAT), onde construiria sua premiada carreira. “Devo muito à UFPR e ao DMAT onde sempre me senti valorizada. São mais de 30 anos de sala de aula e continuo apaixonada pelo que faço. Minhas escolhas sempre foram baseadas na realização pessoal. Parto do princípio de que fazemos bem feito quando fazemos o que gostamos. O resto é consequência” conclui.
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Mulheres nas Ciências Exatas

Segundo Elizabeth, no campo de sua atuação há um desequilíbrio em relação à representação feminina e masculina. “O número de mulheres atuantes na área de Ciências Exatas é, de modo geral, muito pequeno. A proporção de mulheres numa turma diminui bastante da graduação para o mestrado e depois para doutorado” explica.

Foi pensando nesta problemática que a união de várias universidades criou o ciclo de debates “Matemática, substantivo feminino”  o evento chega à UFPR no mês de abril trazendo o I Encontro Paranaense de Mulheres na Matemática, no qual Elizabeth será uma das palestrantes.

Elizabeth Wegner Karas no lançamento de seu livro em parceria com Ademir Alves Ribeiro ‘Otimização Contínua – foto: arquivo pessoal

A professora conta que busca incentivar a participação feminina nos espaços, recentemente conta que fez um giro pelos cursos de engenharia da UFPR para chamar universitárias para a turma Honors, iniciativa que oferece condições para talentos da matemática poderem desenvolver suas habilidades na matéria. “O número de alunas matriculadas quadriplicou em relação ao do semestre passado” comemora.
“Estes são exemplos de iniciativas para encorajar as mulheres em atuar nesse campo de pesquisa, cujos resultados serão vistos a longo prazo. As mulheres precisam acreditar no seu potencial pois certamente uma maior diversidade com diferentes olhares irá contribuir no desenvolvimento da Ciência”

Para Elizabeth ainda há muito que avançar. “Mudanças na sociedade acontecem paulatinamente. Na parede do DMAT há uma foto de 1978 onde aparece o corpo docente com 44 professores, sendo 5 mulheres. Hoje, 40 anos depois, dos 55 docentes do DMAT, 12 são do sexo feminino. A proporção de mulheres dobrou, mas ainda é pequena. Mulheres tem assumido cargos de chefia e liderança, mas a participação é ainda tímida. Ações que começam com a educação de nossos filhos, com nossa postura no trabalho e em casa, realização de debates e eventos que tragam à tona a discussão da questão do gênero na Matemática são fundamentais.” conclui.

Apoio e parceria

Segundo a pesquisadora, o apoio familiar, especialmente de seu marido tem sido essencial para seu sucesso profissional. “Um ambiente saudável em casa contribui para o bom exercício da profissão. A divisão de tarefas domésticas com marido e filhos pode facilitar e harmonizar a relação familiar. Mas o apoio é mais do que dividir tarefas. Estou casada há 28 anos. E nestes anos de convivência, meu esposo tem sido a base de minhas conquistas profissionais” conta.

A experiência da professora é o exemplo inverso de como a questão da sobrecarga da mulher, com a dupla jornada, acaba por prejudicar a projeção profissional, e como, por outro lado, uma divisão equilibrada ajuda a impulsioná-la.

No ano de 1992, Elizabeth inicia o mestrado na Universidade de São Paulo. Ela tinha apenas um ano de casada e lembra que os períodos de afastamento de Curitiba eram vistos com estranhamento pelos familiares. A dissertação concluída em 1994 resulta no seu primeiro livro entitulado “Fractais gerados por sistemas dinâmicos complexos”, lançado em 1997 em coautoria com o professor Celso Penteado Serra.

Também em 1997 inicia o doutorado em cotutela da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Université Panthéon Sorbonne – Paris I, na França. “Durante o doutoramento, engravidei. Meu marido pediu licença de seu trabalho para me acompanhar durante o doutoramento sanduíche na França e cuidar de nosso filho” conta a professora que relata outros momentos em que a parceria do casal foi essencial para manter as pesquisas como durante os pós-doutorados.

“Estes são exemplos concretos de parceria que fazem a diferença. Uma diferença que certamente irá se refletir futuramente no comportamento do nosso filho para com sua companheira. São apoios que suscitam parcerias” conclui.

Livro Otimização Contínua – Aspectos Teóricos e Computacionais, coautoria de Elizabeth Wegner Karas e Ademir Alves Ribeiro.

Otimização

Atualmente Elizabeth se debruça na área de Otimização Contínua, ela explica que esta área da Matemática Aplicada foca na minimização ou maximização de uma função. Imagine que queiramos saber quais as dimensões de uma embalagem para que se use a menor quantidade possível de seu material para certa quantidade de produto, tudo transformado em fórmulas seria possível determinar isto exatamente. É claro que, em geral, as são muitas variáveis envolvidas e as fórmulas tendem a ser muito complexas.

É neste campo que a professora atua num projeto cujo o objetivo é propor estratégias eficientes para o planejamento hidrotérmico do sistema brasileiro, uma parceria entre a UFPR e os Institutos Lactec e Copel. Elizabeth explica que a pesquisa “a cada mês, determina metas de geração para cada usina do sistema que atendam à demanda e minimizem o valor esperado do custo de operação, das termelétricas e do déficit de energia, ao longo do período de planejamento. O uso otimizado da água dos reservatórios ao longo do ano resulta numa economia dos recursos”.

Em 2013, publicou o livro sobre o tema “Otimização Contínua: aspectos teóricos e computacionais” em coautoria com Ademir Alves Ribeiro que trata do tema.

Fractais

Durante sua pesquisa de mestrado, a professora se debruçou sobre um dos temas que fascinam tanto pessoas ligadas à área da matemática quanto muitos leigos, os fractais. “A grosso modo, fractais são figuras geométricas com padrões repetitivos com alto grau de detalhamento independentemente da escala” explica a professora.

O trabalho surgiu de uma simples conversa no ponto de ônibus. “Conheci o Professor Celso Penteado Serra, que me convidou para fazer um curso de extensão em computação. Após este curso, começamos a desenvolver um trabalho conjunto em fractais”.

A conversa desdobrou em um projeto sobre o tema, e além da pesquisa, resultou num livro em coautoria com Celso, com o título “Fractais gerados por sistemas dinâmicos complexos”. O estudo que acabou se transformando em projeto de Iniciação Científica, também se mostrou útil para a medicina.

“Fomos procurados por um estudante que ouvira falar de aplicações de fractais. A partir deste contato, participamos de um projeto em parceria com a Medicina sobre Aplicação da Geometria Fractal na avaliação de tumores na boca. Foi uma experiência muito enriquecedora que começou numa conversa num ponto de ônibus. Gosto de ver como as pequenas atitudes diárias podem mudar o ciclo das coisas” conta a professora.

Acompanhe o “zoom” em um dos mais famosos fractais, o conjunto de Mandelbrot, que leva o nome do matemático que se dedicou ao estudo deste campo e cunhou o termo “fractal” para designar estas figuras matemáticas.

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Por Rodrigo Choinski

 

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