Uma aula de empatia, tolerância e respeito, mas também de Literatura, Geografia, História, Sociologia e Cultura. “Layla, a menina síria”, terceiro lugar no Prêmio Literário Biblioteca Nacional 2019, foi escrita a seis mãos, entre elas a da bibliotecária Rosi Vilas Boas, do Setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O professor de Literatura Brasileira, Luís Bueno, ficou em primeiro lugar na categoria Romance.
A Coleção Mundo sem Fronteiras, da qual o livro premiado faz parte, trata de acolhimento e da importância de lidar com as diferenças. A literatura é uma forma de estimular as crianças a refletirem sobre isso, o que vem resultando em uma série de conquistas para “Layla”: primeiro, o selo de altamente recomendável pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, depois a inclusão no Plano Nacional do Livro Didático e, por fim, a conquista do terceiro lugar em um dos concursos mais importantes do Brasil. “Nós fomos convidadas para inscrever e não achei que fossemos ganhar”, afirma, sem esconder a surpresa.
Um outro prêmio desses inesquecíveis foi o depoimento de uma criança de nove anos que leu o livro e manifestou seu amor pela história. “Ali eu vi que havíamos alcançado nosso objetivo de estimular as crianças a refletirem sobre isso, de criar empatia”, resume. Layla terá, em breve, a companhia de Jean, próximo livro da coleção, intitulado “O Haiti de Jean”.
Ao lado das amigas Cassiana Pizaia e Rima Awada Zahra, que conheceu na militância pelos direitos humanos junto ao Movimento do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz, Rosi constrói sua trajetória de escritora infanto-juvenil após longa experiência na área da educação. “São 22 anos de trabalho nessa área e com biblioteca escolar e material didático. Sabia da importância de colocar num livro temas para que as crianças pudessem pensar na diversidade”, explica.
Falar de imigrantes, refugiados e de pessoas que deixam seus países em razão de desastres naturais foi uma escolha que exigiu pesquisas e muita dedicação. “Layla” é a primeira personagem de uma coleção que vai trazer nomes de crianças e que narra suas histórias em seus países de origem, passando pelos dramas da travessia e por sua chegada ao Brasil. “Foi todo um processo para criar um material com dados geográficos, históricos, dados atuais e aspectos culturais. Os novos imigrantes representam a continuidade da formação do povo brasileiro”, diz.
Para produzir os livros, as autoras fizeram, também, entrevistas, com famílias refugiadas e imigrantes em Curitiba e Foz do Iguaçu. Uma das escritoras, Rima, era responsável pelas traduções. Já a jornalista Cassiana fazia a primeira versão dos textos. Rosi era responsável pelas pesquisas e levantava informações sobre detalhes e pontos relevantes das histórias. “É uma história de ficção, baseada em fatos reais”, comenta. O trabalho em co-autoria é o segundo do trio, que também publicou uma coleção que trata da tecnologia como um elemento da vida dos jovens, problematizando temas como bullying e cyberbullying e os perigos da Internet.