UNIVERSIDADE
FEDERAL DO PARANÁ

Lineu Werneck: 45 anos dedicados à pesquisa de doenças neuromusculares

A Universidade Federal do Paraná tem muitas áreas de excelência espalhadas por seus setores e campi. Entre elas estão laboratórios e grupos de pesquisa liderados por pesquisadores que alcançaram o topo da carreira no Brasil. São pesquisadores que, segundo os critérios estabelecidos pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), se destacam entre seus pares, alcançando o nível 1A, o mais alto na modalidade de bolsas Produtividade em Pesquisa.

Nas próximas semanas, o portal da UFPR publicará uma série de reportagens sobre os pesquisadores 1A da universidade e o trabalho científico que desenvolvem.

 

Aos 76 anos, o pesquisador Lineu César Werneck passa pelo menos quatro horas por dia no Hospital de Clínicas da UFPR, dividindo-se entre o Laboratório de Doenças Neuromusculares e a Neurologia. É uma rotina movida pelo amor ao hospital, onde trabalha há 45 anos – uma trajetória que rendeu a Werneck, médico formado pela UFPR, o título de professor emérito do Setor de Ciências da Saúde e a inclusão na elite do CNPq, que o classificou como pesquisador 1A.

Foto: Marcos Solivan – Sucom/UFPR

Desde que o Laboratório de Doenças Neuromusculares foi criado, em 1975, Werneck participou de mais de 300 pesquisas, que resultaram em 361 artigos publicados em revistas especializadas e 680 resumos em anais de congressos.  Conhecido em praticamente todas as salas do hospital (é difícil circular com o professor no hospital sem que seja abordado por médicos, enfermeiros e funcionários), Werneck apresenta, atualmente, pelo menos duas pesquisas por ano em congressos e eventos de repercussão. Como coordenador do Comitê Assessor de Medicina do CNPq, participa de avaliações periódicas de projetos de pesquisas. “Pelo país afora estão sendo desenvolvidas pesquisas espetaculares e cada vez mais especializadas”, diz.

As pesquisas

As doenças neuromusculares que correspondem a distúrbios de nervos e músculos, além de epilepsia, esclerose múltipla, acidente vascular cerebral, cefaleias e distúrbios do movimento, foram a base de todas as pesquisas desenvolvidas até hoje no laboratório onde Lineu Werneck atua. Um dos estudos mais recentes determinou o perfil genético (HLA) dos casos de esclerose múltipla da população do Sul do Brasil,  que é diferente do de outras regiões e também dos europeus, possivelmente em função da miscigenação de pessoas de origem europeia com pessoas de origem africana e indígena. Isso sugere que a patogenia da doença não depende apenas de fatores genéticos, mas também possivelmente de fatores ambientais, como infecções, a incidência de raios ultravioleta e a alimentação.

Estudos demonstram que grande parte da população brasileira com pele clara tem genes de origem de origem africana e indígena, variando a frequência conforme a região estudada. Estudos como esses desenvolvidos em pacientes atendidos no HC tornaram-se tornaram referência na comunidade científica e já foram citados 2.622 vezes por estudantes e pesquisadores de todo o mundo, de acordo com o site Web of Science, que monitora os trabalhos científicos, e 3287 vezes pelo Scopus, a maior base de dados de citações da literatura científica.

São dez linhas de pesquisa desenvolvidas no Serviço de Neurologia do HC: doenças neuromusculares; biologia molecular e diagnóstico das doenças musculares; doenças desmielinizantes, epilepsia, distúrbios do movimento (avaliação genética e terapêutica); migrânea (estudo dos fatores desencadeantes e ensaios terapêuticos); doenças vasculares e encefálicas, estudo molecular das ataxias cerebelares; genótipo HLA na esclerose múltipla e correlação com resposta terapêutica; biologia molecular aplicada no diagnóstico das doenças neurológicas degenerativas e doenças neuromusculares.

CNPq

Werneck se define como um curioso e conta que desde criança queria saber o porquê de tudo. Sonhava em ser médico, mas a paixão pela pesquisa só veio depois de formado, quando passou três anos nos Estados Unidos, No retorno ao Brasil, durante anos, passava pelo menos um mês pesquisando nos laboratórios do N.I.H em Washington e Columbia University em Nova Iorque. O professor conta que diversas vezes levou material em gelo seco escondido na bagagem para análise nos laboratórios americanos, porque os equipamentos eram mais modernos dos que os existentes aqui.

De acordo com Lineu Werneck, o grande incentivador de seus estudos no exterior, que resultaram na importação de muitas técnicas na área de Neurologia, foi o médico Israil Cat, do Departamento de Pediatria do HC, Israil Cat. Entre suas influências, cita também os professores Adyr Mulinari, Amilcar Gigante e Acir Rachid.

Para Werneck, a classificação como pesquisador 1A do CNPq é um reconhecimento e um estímulo. “Todo mundo quer ser reconhecido e estar entre os melhores. Essa vaidade é que alimenta e melhora os níveis da ciência, a partir de uma competição saudável”, diz. Outra vantagem de ser pesquisador do CNPq é a possibilidade de comprar o que precisa para os estudos e prestar contas diretamente ao CNPq sem burocracia, destaca.

Além do HC, outra paixão do pesquisador é o trabalho de orientação de pesquisas desenvolvidas por mestrandos e doutorandos – 38, de acordo com as informações do Currículo Lattes do professor.

O orgulho desse cientista é ter treinado mais de 150 médicos residentes, que agora atuam na formação de outros profissionais. Werneck estima que os  profissionais que ajudou a formar atendam em torno de 5 mil doentes por semana. Hoje quem coordena o laboratório que ajudou a fundar é a médica Rosana Scola que segue na mesma linha de estudos nas Doenças Neuromusculares, e o atual chefe da Neurologia é o professor Carlos Silvado.

Por Maria de Lurdes Welter

 

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