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Laboratório da UFPR publica o primeiro protocolo de avaliação de bem-estar de tilápias de criação

O abate por asfixia gera sofrimento prolongado aos peixes, que levam 15 minutos para morrer. Foto: Ana Silvia Pedrazzani.

O Laboratório de Bem-estar Animal da UFPR (LABEA) publicou o primeiro protocolo para reduzir o sofrimento de tilápias criadas para produção de alimentos. De acordo com dados da Associação Brasileira da Piscicultura, o Brasil é hoje o quarto maior produtor de tilápia do mundo, com 758 mil toneladas produzidas em 2019. O Paraná é líder nacional, com mais de 146 mil toneladas. O problema é que a cadeia produtiva ainda não tem padrões para promover o bem-estar dos animais nas fazendas de aquicultura e muitos são submetidos ao sofrimento, tanto durante a criação como no abate.

“O protocolo aponta quais os pontos críticos da fazenda que está sendo avaliada, se os animais estão sendo cuidados de modo a promover um alto grau de bem-estar ou não, e onde deve melhorar”, afirma Ana Silvia Pedrazzani, pós-doutoranda no LABEA e responsável pela pesquisa.  O protocolo foi desenvolvido pelo LABEA em parceria com uma empresa multinacional, a FAI Farms do Brasil. A viabilidade foi testada em três fazendas produtoras durante o estudo, tem viabilidade prática e pode melhorar o bem-estar dos peixes.

Diagnóstico

A pesquisa constatou baixo nível de oxigênio nos tanques usados para criação das tilápias. Foto: Ana Silvia Pedrazzani.

O primeiro passo foi avaliar a condição das tilápias nas fazendas de criação. Os pesquisadores constataram baixa concentração de oxigênio na água, exposição prolongada dos peixes ao ar e à luz durante o manuseio pré-abate e abate não humanitário, usando choque térmico, decapitação ou asfixia – técnicas que expõem os animais a sofrimento intenso por muito tempo.

Estudos realizados nos últimos 20 anos produziram evidências de que os peixes experimentam medo e dor como os outros animais vertebrados. “Há uma década ainda se discutia se os peixes eram animais sencientes, ou seja, se tinham capacidade de sentir. Dessa forma, a preocupação com dor e sofrimento era mínima. Porém, atualmente após diversos estudos que reconhecem que os peixes possuem consciência de sensações e sentimentos, há grande pressão da sociedade para que esses animais sejam tratados da mesma forma de vertebrados terrestres. Imagino que muito em breve, intensas mudanças ocorrerão, principalmente no que se refere aos manejos de pesca extrativista e abate”, esclarece Ana Silvia.

Diagnóstico e mudanças

Depois de realizar o diagnóstico da condição dos peixes na fazenda é possível determinar as mudanças para promover o aumento do grau bem-estar dos animais, como a quantidade adequada de peixes nos tanques, o nível de oxigênio ideal na água e métodos humanitários de abate, nesse caso o choque elétrico.

Choque térmico: uma técnica de abate em que os peixes são jogados em água com gelo, o que causa muito sofrimento aos animais. Foto: Ana Silvia Pedrazzani.

O próximo passo da pesquisa é realizar a implementação nas fazendas produtoras. “Somente haverá impacto real para os animais se houver a implementação de uso rotineiro do protocolo. Nós do LABEA e da FAI Farms, nossa parceira, pretendemos apoiar tal implementação nas granjas, que é uma etapa na qual estamos nos concentrando neste momento”, diz a professora Carla Forte Maiolino Molento, do LABEA.

Publicação

A pesquisa foi publicada na revista Frontiers in Veterinary Science, um periódico científico internacional muito importante na área de Medicina Veterinária. A primeira autora da publicação é médica veterinária, mestre, doutora e foi pioneira nas pesquisas sobre bem-estar de tilápias no Brasil, Ana Silvia Pedrazzani, que atualmente faz pós-doutorado no LABEA. O projeto é coordenado pela professora Carla e por Murilo Quintiliano, Diretor Executivo da FAI Farms do Brasil.

Para ler o artigo na íntegra, basta acessar o link da revista clicando aqui.

 

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