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FEDERAL DO PARANÁ

Inteligência Esportiva propõe regras para retomada pós-pandemia para cada modalidade esportiva

Pensando em um cenário de retomada para o esporte pós-pandemia de Covid-19 no Brasil, o Instituto de Pesquisas Inteligência Esportiva, que reúne pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em parceria com a Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento (Snear), lançou relatório no último dia 4 em que propõe regras para modalidades individuais (com e sem contato direto) e coletivas. Na avaliação dos cientistas, passada a atual necessidade de isolamento social, que em geral só permite manutenção do condicionamento físico, os atletas precisam ser submetidos a testes de Covid-19 para poderem participar de duas fases transitórias antes do retorno total — ou seja, das competições com público. Isso em todas as modalidades, do atletismo ao futebol, passando por tênis, remo, lutas e natação.

“O retorno de algumas atividades é muito preocupante, merecendo protocolos rígidos de análise e implementação individualizados por esporte”, afirma o professor Fernando Mezzadri, coordenador do Inteligência Esportiva. Mezzadri é docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física da UFPR e assina a segunda edição do “Recomendações e orientações gerais para o esporte brasileiro frente à Covid-19” com Paulo Schmitt, coordenador da comissão de integridade da Federação Paulista de Futebol.

Para esporte coletivos a retomada seria mais lenta, com treinos específicos apenas na última fase antes do retorno das competições com público. Na foto, jogo da Superliga Banco do Brasil, em fevereiro. Foto: Erbs Jr./Fotos Públicas
Para esporte coletivos a retomada seria mais lenta, com treinos específicos apenas na última fase antes do retorno das competições com público. Na foto, jogo da Superliga Banco do Brasil, em fevereiro. Foto: Erbs Jr./Fotos Públicas

Dessa forma, os pesquisadores propõem que as modalidades adotem certas medidas de acordo com o cenário enfrentado pelo país. Esses cenários não dizem respeito a períodos de tempo, mas à manutenção da queda constante da curva epidemiológica da Covid-19, o que significa que o esporte pode ter que retroceder nos cenários sempre que houver retrocessos no combate à doença.

As regras levantam fatores a serem considerados por clubes e academias, tais como infra-estrutura que permita distanciamento físico, disponibilidade de materiais de limpeza e sanitizantes, e acesso a equipamentos de forma a evitar compartilhamento. Casos identificados devem ser prontamente isolados ou internados e campanhas educativas, constantes.

Alerta vermelho

O relatório também pontua os riscos em que atletas sejam expostos a outro cenário que não o de isolamento social em contextos de crescimento da curva epidemiológica, caso do Brasil hoje. No panorama atual, a conclusão é de que permanece um “alerta vermelho” para o retorno das competições esportivas. O instituto ressalta que a prática esportiva de alto rendimento aumenta as possibilidades de contágio, ocasionando ameaças à saúde pública e de responsabilização jurídica dos contratantes.

“Nenhuma atividade física, treinamento ou competição independente da modalidade esportiva ou forma de disputa, a partir do cenário 2, é recomendável no contexto de crescimento de curva epidemiológica da Covid-19 no Brasil. Nesse sentido é justamente o alerta da OMS ao Brasil quanto a necessidade de testagem e sobre a cautela nas pretensas flexibilizações de isolamento”, informa o relatório.

Disputas individuais

No primeiro cenário depois do isolamento social — que ocorre após o achatamento da curva de contágio no país — é permitido treino completo para praticantes de modalidades individuais sem contato direto, o que inclui atletismo, natação, canoagem, ciclismo, hipismo, surf, ginástica e vela. Devem ser mantidos cuidados com a higienização constante de equipamentos e locais de uso comum e a distância de pelo menos um metro entre os profissionais que dividem o mesmo espaço. Até o retorno total é recomendável que equipe técnica e colaboradores usem equipamentos de proteção individual (EPIs) — máscaras de proteção que cubram boca e nariz.

Nessa fase, as competições retornam nas provas e disputas individuais. A exceção são os atletas de luta, que podem apenas voltar a treinar com um único parceiro de treino (sparring), devidamente submetido a teste.

Nos esportes individuais, as competições podem retornar antes, desde que mantidas as condições sanitárias e a ausência de público. Na foto, o ginasta brasileiro Arthur Zanetti nos Jogos Mundiais Militares, em 2019. Foto Rodolfo Vilela/Ministério da Cidadania/Divulgação

O cenário após o fim de necessidade de isolamento social é mais lento para as modalidades coletivas. O ideal é que se mantenha o treino técnico ou tático, para que o distanciamento mínimo entre os jogadores seja respeitado. Existe, porém, a possibilidade de treinos específicos com grupos reduzidos de atletas.

Competições

O terceiro cenário antes do retorno é marcado pela volta dos treinamentos e das competições em todas as modalidades, só que sem público. A determinação se mantém em relação à primeira edição do relatório do Inteligência Esportiva, divulgado em maio. A fase deve durar enquanto estiver vigente o estado de pandemia para a Covid-19 e o de calamidade pública.

Além de estádios e ginásios vazios, continuam os testes de Covid-19 em atletas as recomendações sanitárias: higienização de locais e equipamentos, e uso de EPIs por equipe técnica e colaboradores.

Integridade

O relatório também joga luz sobre riscos à integridade do esporte que ocorrem durante a pandemia. O projeto alerta, por exemplo, para a ocorrência dos chamados jogos fantasmas, que são partidas forjadas para enganar apostadores de bancas virtuais.

Outro risco é o aumento do uso de doping, uma vez que a atuação de comissões antidoping em geral está suspensa. Há ainda a ameaça à saúde dos atletas na pressão exercida por clubes para o retorno das competições em países em que a doença ainda não está controlada.

Sobre o Inteligência Esportiva

O  Inteligência Esportiva tem foco na construção de conhecimento sobre o esporte de alto rendimento no Brasil, visando seu desenvolvimento. Com base em sua produção científica, o instituto analisa políticas públicas e formula propostas.

Estão entre as ações do projeto estão a manutenção de um banco de dados com o histórico de 65,7 mil atletas brasileiros e um cadastro de entidades, que recebem também apoio para ações de compliance e organização estrutural e financeira.

Baixe a segunda edição do relatório “Recomendações e orientações gerais para o esporte brasileiro frente à Covid-19” aqui

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