Julio Borba, pesquisador da UFPR e músico (Foto: Divulgação)
A música pantaneira – ou caipira, ou paraguaia -, tradição do Mato Grosso do Sul, sempre esteve no imaginário do pesquisador Julio Borba, crescido e criado na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Com o ouvido treinado desde criança a apreciar um gênero tão próximo da sua origem, ele fez um desvio de percurso ao optar por estudar música: a formação clássica, de conservatório, acabou o levando a um caminho distante daquele que marcou a história familiar.
Mas essa antiga tradição foi recuperada. A fusão da musicalidade dos seus ídolos com expressões sonoras paraguaias e brasileiras marca o álbum “Entroncamento”, fruto da sua experiência como músico e pesquisador de etnomusicologia na Universidade Federal do Paraná (UFPR). As obras autorais trazem expressões sonoras dos gêneros musicais como a polca paraguaia, a guarânia, o samba e a bossa nova, com elementos jazzísticos (ouça aqui).
Borba pesquisa, no doutorado em andamento no PPGMúsica, a relação da música instrumental brasileira e paraguaia, utilizando-se das áreas de comunicação e sociologia com o conceito interculturalidade. Para isso, escolheu o campo da etnomusicologia, que, segundo ele, é uma vertente associada fortemente à antropologia. Neste caminho, é possível captar objetos que se encontram fora de uma tradição ocidental. O trabalho é orientado pelo professor Edwin Ricardo Pitre-Vásquez.
O álbum foi lançado pelo selo Onça Discos e reflete exatamente o caminho escolhido pelo músico e pesquisador: estudar e entender o que fez parte da sua origem musical para aprimorar a prática. A ideia é tentar associar questões teóricas ao cotidiano como artista. “Eu preciso tocar para entender as questões teóricas e preciso tentar entender as questões teóricas para tocar melhor. Tudo é uma forma de aprendizagem fundamental como músico e como pesquisador“, explica.
O título do álbum “Entroncamento” também traduz essa trajetória de retorno ao lugar de origem: seu significado é de encruzilhada, termo comum no Mato Grosso do Sul para se referir às grandes festas no interior do estado, um “lugar mágico e que tem música“. “Sou do Mato Grosso do Sul, um estado que faz fronteira com o Paraguai, por isso temos uma relação muito forte”, explica ele, que é filho de mãe paraguaia.
“Este é um legado histórico que estava sendo perdido, abandonado e o trabalho de pesquisa no GRUPETNO me ajudou a me aprofundar nesse estudo, descobrindo dois gêneros: a polca paraguaia e chamamé, que tem uma relação forte com a cultura paraguaia, com a música caipira, com interior do país“.
O disco contou com a direção musical do compositor uruguaio Santiago Beis e com a participação de músicos atuantes em Curitiba, como o baixista Leonardo Lopes, o baterista Pedro Mila, os acordeonistas André Ribas e Éverton Silveira e o saxofonista Ronald Kubis.
Julio Borba já participou do Som e Prosa, na UFPR TV. Ele foi entrevistado junto ao músico Juan Vera Esquivel. Assista:
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