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FEDERAL DO PARANÁ

Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão Loucura em Liberdade atua na promoção da saúde mental de públicos vulneráveis

O Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão Loucura em Liberdade (Gepel) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) foi criado em 2010 pelo professor do Departamento de Terapia Ocupacional Luís Felipe Ferro. O público-alvo são grupos em vulnerabilidade social e sofrimento emocional. Com intuito de apoiar ações sociais e trabalhos comunitários, os 15 membros desenvolvem pesquisas e colaboram com projetos que oferecem suporte na área.

Foto: Getty Images

Alunos de Ciências Econômicas, Terapia Ocupacional, Psicologia, Direito e do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas participam do Gepel. O coordenador Luís relata desafios enfrentados por pessoas em situação de rua durante a pandemia de Covid-19. “Houve momentos em que não tiveram acesso a locais para se alimentar e beber água, pela limitação das ações sociais – por medidas de segurança sanitária adotadas pelas autoridades”. O docente cita, também, o fechamento temporário de torneiras e banheiros públicos.

Desde o início do período pandêmico, o Gepel participa de uma iniciativa do Instituto Nacional de Direitos Humanos da População de Rua (INRua), do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR) e de parceiros para produção e distribuição de marmitas em Curitiba. A entrega de 350 refeições é feita desde março de 2020, de segunda a sexta-feira, na Praça Rui Barbosa, no Centro – pela manhã e no horário do almoço, informa o professor da UFPR.

No começo do segundo semestre de 2021, ações integradas foram planejadas e executadas com o objetivo de evitar mortes em decorrência das baixas temperaturas, por meio de parcerias propostas e viabilizadas pelo INRua e pelo MNPR. De acordo com Luís, a soma de esforços das parcerias entre diversas instituições possibilitou a abertura, nos dias 28, 29 e 30 de julho, da unidade do Mesa Solidária da Praça Tiradentes, localizada na região central.

O ponto costuma ser usado para oferecer refeições gratuitas à população em risco social, por meio de programa realizado em conjunto com a prefeitura da cidade e entidades parceiras. “Alimentos, café, cobertores e roupas foram oferecidos, e vans circularam pela cidade para conduzir pessoas em situação de rua ao abrigo”, relata o coordenador do Gepel. O espaço funcionou das 19h às 8h durante o período.

As temperaturas médias em todo o estado naquele mês ficaram abaixo das históricas. De acordo com dados do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), até o início de outubro, 29 de julho é considerado o dia mais frio do ano em Curitiba, com registro de 0,8º C.

Parcerias

O Gepel desenvolve parcerias para atuar junto à sociedade. A firmada com a Libersol – Rede de Saúde Mental e Economia Solidária de Curitiba e Região Metropolitana é uma delas. Luís explica que, diferentemente de uma empresa com chefia, funcionários e salários distintos, optaram por uma configuração em que todo processo possa ser coordenado pelos trabalhadores, com atenção a valores humanos e de cuidado com o planeta. 

Os integrantes da Libersol, rede da qual o Gepel faz parte, confeccionam produtos artesanais vendidos em feiras. Entre eles, itens para pets. Fotos: Luís Felipe Ferro

A rede que o Gepel participa – e para qual presta assessoria – promove a inclusão de pessoas em sofrimento mental no mercado de trabalho, com ações alinhadas ao conceito da economia solidária. “Isso possibilita que pessoas que estão afastadas há muito tempo possam acessar uma vida comunitária novamente. Com o resultado do trabalho delas, desenvolvemos eventos, como feiras”.

O professor contabiliza cerca de 15 feiras já realizadas, e lamenta a interrupção do planejamento devido à pandemia. Em conjunto, o grupo da UFPR e a Libersol planejam viabilizar um espaço físico e suporte para vendas on-line para oferta dos produtos confeccionados.

A temática da saúde mental recebeu destaque nas feiras realizadas em Curitiba, que contaram com atrações culturais.

Assessoria a entidades

Uma das frentes de atuação do Gepel é o suporte e assessoramento a entidades voltadas à defesa dos direitos das pessoas em sofrimento mental. Entre elas, a Associação Arnaldo Gilberti – filantrópica e sem fins lucrativos e econômicos, tem como causa a defesa dos direitos humanos e a promoção da inclusão social de pessoas com transtornos mentais. A associação disponibiliza um canal para denúncias anônimas sobre irregularidades no atendimento da saúde mental, com orientações para contato com o Ministério Público.

A instalação nos municípios brasileiros de Unidades de Acolhimento para pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e drogas é prevista pela Política Nacional de Saúde Mental desde 2011. Luís aponta como agravante do sofrimento de indivíduos desse grupo os casos em que relações familiares são estremecidas por situações vivenciadas em decorrência do uso abusivo das substâncias. E enfatiza: usuários e familiares precisam ser apoiados e cuidados. “Nesse período, é importante a assistência de profissionais da saúde para evitar essa realidade. As Unidades são um dos serviços que podem oferecer esse cuidado”.

Com auxílio do Gepel, a Associação Arnaldo Gilberti solicitou ao Ministério Público do Paraná (MPPR), por meio de ofício enviado em julho deste ano, providências para implementação de Unidade de Acolhimento de acordo com a população de Curitiba. O ofício resultou na abertura de um processo junto ao órgão.

“Com mais de 1,95 milhões de pessoas, é importante que a Prefeitura da cidade implemente o serviço o quanto antes. Espera-se que o Ministério Público e a sociedade civil organizada possam mobilizar forças para que sejam respondidas as demandas da portaria”, pontua o professor da Federal. O instrumento prevê Unidades de Acolhimento Adulto para municípios ou regiões com população acima de 200 mil habitantes, e Unidades de Acolhimento Infantojuvenil para aqueles com mais de 100 mil.

Saúde mental e luto

O Gepel apoiou a realização do “Encontro Paranaense de Saúde Mental e Práticas para Cuidado em Liberdade: do Luto à Luta” no mês de maio. On-line e gratuito, o evento – promovido pelo Conselho Regional de Psicologia (CRP-PR), pela Prefeitura de Curitiba, pela Libersol, pelo projeto Semear e por outros parceiros – contou com a colaboração das professoras Dione Maria Menz, do Setor de Educação, e Maria Virgínia Filomena Cremasco, do Departamento de Psicologia da UFPR.

Participaram profissionais, gestores, estudantes, lideranças comunitárias e usuários dos serviços de saúde mental. A proposta: impulsionar diferentes forças comunitárias para proteger e construir direitos relacionados à saúde mental.

Participe

O Gepel é aberto a estudantes e docentes de todos os cursos da UFPR. Os interessados podem entrar em contato pelo e-mail saudementaledemocracia@gmail.com e acompanhar a divulgação de editais nas redes sociais do projeto Saúde Mental e Democracia da UFPR – Instagram e Facebook -, vinculado ao grupo.

 

Foto de destaque da notícia: Alessandro Bomfim / Flickr 20-6-13

 

Por Bruna Durigan

Sob orientação de Bruna Bertoldi Gonçalves