Criado em março do ano 2000 pela enfermeira Maria Alba de Oliveira e pelo assistente social Silas Moreira, o Grupo de Adesão do Hospital de Clínicas é responsável pela persistência no tratamento de muitas pessoas que se descobriram soropositivas. Além de incentivar a continuidade dos coquetéis, as reuniões semanais do grupo estreitam laços e oferecem aceitação e possibilidades.
“É como um espelho, que possibilita a cada um refletir sobre suas experiências de vida com respeito mútuo e confiança; um se enxergando no outro”, define Alba. Hoje aposentada, ela continua participando ativamente dos encontros como voluntária. Também integram a equipe outros voluntários e representantes da Pastoral da AIDS da Arquidiocese Metropolitana de Curitiba.
No início, eram 11 participantes. Ao longo do tempo, esse número aumentou e variou – chegou a 50 pessoas. Hoje, cerca de 25 integram o grupo, que funciona sob a máxima de que “se tem uma pessoa que saiu de casa para vir ao encontro, ele tem que acontecer”.
Compartilhar e entender
Nos encontros, os participantes falam sobre a preparação para tomar os medicamentos, os efeitos colaterais que têm sentido, compartilham suas realidades e encontram ouvidos atentos e empatia. Também recebem orientações sobre procedimentos clínicos e mesmo legais, que os ajudam a orientar a vida frente às mudanças trazidas pelo diagnóstico da aids.
Para pedir a palavra, basta levantar a mão. Ao final, antes de ir embora, os presentes distribuem abraços para 12 pessoas: é a terapia dos 12 abraços, dinâmica criada pelo frei capuchinho Pedro Brondani, que coordenou a Pastoral da Aids até 2015.
S. T. participa do grupo desde seu início. Além de incentivo à adesão ao tratamento, encontrou inspiração para os poemas que gosta de escrever. “Aqui é um renascimento da vida, a gente encontra crescimento e conhecimento dentro de nós mesmos. Muitas pessoas não têm apoio em casa ou são rejeitadas pela família e aqui encontram suporte. É um desabrochar”, conta.
Iniciativa referência
Atual coordenador da Pastoral, o padre Danilo Pena ressaltou a importância do projeto na comemoração de seus 18 anos: “Curitiba é privilegiada, porque o Grupo de Adesão é um grande presente para a Pastoral e uma grande escola”.
Em seu início, nos anos de 2003 e 2004, o Grupo de Adesão foi premiado pela Centro Paranaense de Cidadania (Cepac), organizador do Prêmio Dignidade Solidária, como o melhor projeto governamental na área de saúde.
O modelo é também fonte de estudos que contribuem com a produção de conhecimento científico a respeito do HIV. Em 2009, um projeto com base em estudo realizado com participantes do grupo foi selecionado e premiado pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) na categoria Incentivo à Prevenção e Tratamento da AIDS.
O trabalho, de autoria de Maria Alba, contém dados clínicos de pacientes com mais de 50 anos que apresentavam déficit de memória – sintoma que ocorre em grande porcentagem entre os portadores do vírus HIV – e um projeto que, através de oficinas, estimularia as funções cognitivas.
Texto: Unidade de Comunicação – CHC