Um carnaval fora de época encerrou o 28º Festival de Inverno da Universidade Federal do Paraná na noite de sábado (21). As escolas de samba do município levaram carros alegóricos, alas e a bateria para a rua em pleno mês de julho. O público aproveitou a energia carnavalesca para cair no samba.
Logo depois, a banda antoninense 50 graus tomou conta da festa e animou a noite com sucessos do axé. O grupo formado por 12 músicos comandou os dois últimos carnavais de Antonina.
Durante oito dias, estudantes, professores, servidores técnico-administrativos, artistas e a comunidade em geral participaram de uma ampla programação em Antonina.
O pró-reitor de Extensão e Cultura da UFPR, Leandro Gorsdorf; a coordenadora de Cultura da PROEC, Cláudia Madruga; e autoridades municipais participaram do encerramento. Gorsdorf afirmou que o evento foi um sucesso. “Tivemos uma semana maravilhosa, a sensação é de missão cumprida. Muita festa cultura e conhecimento passaram por aqui”.
“Acabamos a programação hoje, mas já iniciamos também os preparativos para o 29 Festival de Inverno. Que ele venha com mais força, alegria e felicidade. Agradeço a todos os servidores que fizeram o evento acontecer e à comunidade antoninense. Nos vemos no próximo ano!”, concluiu o pró-reitor.
Resultados das oficinas
As apresentações das oficinas foram realizadas no início da tarde de sábado. “As oficinas são uma parte muito especial para o Festival de Inverno. São atividades que deixam um legado para quem participa”, avaliou Cláudia Madruga, coordenadora de cultura da PROEC.
O workshop de mestre-sala e porta-bandeira, ministrado por Dandara Ventapane, porta-bandeira da escola de samba carioca “União da Ilha do Governador”, foi o primeiro a se apresentar. Os integrantes mostraram os elementos do bailado que aprenderam durante a semana.
Na sequência, as “Danças tradicionais brasileiras – Sotaques e Recriações” tomaram conta do salão com muito ritmo, passos e jogos. Os arcos coloridos produzidos pelos participantes da oficina trouxeram alegria e movimento ao espaço.
O grupo voltou a se apresentar em parceria com a oficina de Música Percussiva, ministrada por Fernando Lobo. A união de música e dança conquistaram o público.
Ao som de violão, Rosy Greca acompanhou o grupo da oficina “A performance do contador de história através dos elementos da música”. Os integrantes contaram uma história, mostrando prática corporal e integração. Rosy destacou que a maioria dos participantes veio de outras cidades em busca de aprendizado.
A oficina de Danças urbanas inclusiva fez professores e estudantes da Apae de Antonina dançarem hip hop. A coreografia animou o público, mostrando o potencial e o carisma do grupo.
O reggae foi o som escolhido pelo grupo da maturidade. A atividade fez parte da oficina de Dança espontânea: som e movimento, ministrada por Kátia Maria Drumond. “Elas são joias raras e descobriram que precisam viver para elas, doar esse tempo para elas”, disse.
Uma performance na rua marcou a apresentação da oficina “Crua – Laboratório Performance”, de Bia Figueiredo.
A oficina de Fotografia e Vídeo, ministrada por Soluá Carneiro, produziu um vídeo pela técnica stop motion, feito a partir das fotografias dos participantes. As imagens foram capturadas por celulares.
Os trabalhos das oficinas “Antonina em Quadrinhos” e “Agregando valor à chita” ficaram em exposição para o público. As participantes do segundo grupo produziram uma cortina de retalhos para doação.
UM2UO
O UM2UO também se apresentou no último dia de Festival de Inverno da UFPR. O grupo de música de câmara é conhecido por seus trabalhos com música nova.
“Começamos a desenvolver nosso trabalho dentro da Orquestra Filarmônica da UFPR, até que em 2015 nos juntamos e decidimos viver esse projeto. Há alguns anos pesquisamos timbres e sons novos. Trouxemos materiais sonoros que desenvolvemos”, conta Vinicius Portes.
O UM2UO foi premiado no concurso internacional de Música de Câmara, no Festival Villa Lobos. “Temos grande apreço por buscar timbres e coisas que não estão prontas. Trabalhamos com música contemporânea, gostamos de tomar caminhos novos”, afirmou o músico Luís Fernando Diogo.
A dupla convidou o músico Fernando Lobo, ministrante da oficina de Música Percussiva Brasileira, para o show.
Essa foi a segunda apresentação do duo no Festival de Inverno. Na primeira participação, os músicos tocaram em Matinhos.
“Sociedade dos ratos” marca crítica social no último dia do Festival de Inverno
A PalavrAção Cia. de Teatro da UFPR marcou presença no último dia do Festival de Inverno. Lotando o Theatro Municipal de Antonina, a peça “Sociedade dos Ratos” trouxe uma crítica social repleta de bom humor.
O espetáculo se passa num mundo dividido entre ratos de esgoto, cobaias e líderes de laboratório. Os cenários são marcantes; os ratos mais pobres vivem numa periferia, com toda a problemática social existente. Lá vivem os protagonistas, Ratazana e Rato de esgoto, que visam promover uma revolução contra o laboratório de pesquisas.
Senso crítico é um termo proibido de existir no laboratório da sociedade dos ratos. Uma das maiores ameaças para Amo Supremo, que tenta dominar outros com alienação e mentiras, é que seus cobaias acabem pensando fora da caixa e conhecendo a vida real. A saga ganha tensão quando o Cobaia foge e conhece os encanamentos onde vivem os ratos de esgoto.
Na peça, são usados termos para familiarizar a sociedade dos ratos com a sociedade contemporânea – o nome do jogador Neymar e lanches de redes de fast food, por exemplo. Segundo o diretor de produção, Sergius Ramos, a ideia é fazer analogias com o comportamento social que vivemos. “É uma crítica bem humorada. Seriam ratos de laboratório, que mandam, e ratos de esgoto que, teoricamente, obedeceriam”, explica.
A cia. também afirma que o papel da peça e da própria arte abordada é promover a reflexão. “A arte precisa desse papel incisivo de promover o pensamento, principalmente quando levada para pessoas que têm carência de espetáculos artísticos”. O diretor liga esse papel com as apresentações do próprio Festival, por ser numa cidade pequena. Em 23 anos de história, a PalavrAção participou várias vezes do evento, com casa lotada.
“Sociedade dos ratos” nasceu a partir do texto do diretor geral da PalavrAção, Marcelo Felczak. O público se divertiu com o comportamento dos atores e as coincidências do enredo com o mundo “dos humanos”.
Terra Sonora e Seresta
Ainda no sábado, o público conferiu o espetáculo do Terra Sonora na Igreja São Benedito. O grupo trouxe um apanhado musical que passa pelas mais diversas culturas, ritmos, inspirações e épocas.
O “Seresta Canto do Mar”, com longa tradição de apresentações no Festival de Inverno da UFPR, também marcou presença na programação. Ativo há 14 anos, conta com 20 componentes e realiza um trabalho de resgate da cultura musical com ênfase na Música Popular Brasileira.
O grupo se apresentou pela primeira vez no Festival de Inverno em 2003 e é comandado atualmente pelo violonista Ismael Santos.
Confira aqui a galeria de fotos Festival de Inverno 2018.
Aline Fernandes França, Larissa Nicolosi e Agência Prattica