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Expedição 2020/2021 para Antártida é suspensa, mas pesquisa da UFPR continua e registra dados inéditos 

 

Os trabalhos de campo dos projetos de pesquisa do Programa Antártico Brasileiro, do qual a Universidade Federal do Paraná (UFPR) faz parte, programados para ocorrer entre 2020/21, foram suspensos por conta da pandemia do novo coronavírus. Seguindo o encaminhamento de pesquisadores dos Estados Unidos e da Inglaterra, que também cancelaram as atividades temporariamente, os cientistas brasileiros continuarão trabalhando com amostras coletadas em outras temporadas do programa. 

Segundo o professor César de Castro Martins, do Centro de Estudos do Mar (CEM), os cientistas envolvidos com pesquisas na Antártida se reuniram com as entidades governamentais que coordenam as atividades e optaram por postergar os trabalhos previstos para ocorrerem a partir de outubro de 2020. A Antártida é o único continente sem registros da doença no mundo, e as expedições envolveriam riscos inclusive à fauna local.  

 

Registro da última expedição, que teve participação de pesquisador da UFPR

 

“Programas do mundo todo tomaram a mesma atitude. A decisão minimiza os riscos de se levar o vírus para um continente onde ele não ocorre. Manter os trabalhos de campo seria um perigo do ponto de vista da segurança sanitária”, destaca o professor, que junto a pesquisadores de outras 16 instituições, assina uma carta formalizando a decisão junto à Comissão Interministerial para os Recursos do Mar. 

Na carta dirigida as entidades governamentais, os cientistas que participam do programa justificam que três projetos de pesquisa iriam, nessa temporada, ao manto de gelo da Antártica Ocidental, especificamente a dois sítios. Haveria uma expedição glaciológica à geleira da Ilha Pine e atividades de manutenção do Módulo Criosfera 1, que faz envio diário por satélite dos dados meteorológicos coletados na região. Estas visitas ocorrerão assim que a normalidade for reestabelecida. 

Martins reforça que o momento pede que a comunidade científica esteja atenta às dificuldades sanitárias que o mundo enfrenta, mesmo reconhecendo que os dados coletados em um período de desaceleração da atividade industrial e do turismo poderiam ser reveladores. As amostras coletadas na última temporada em expedição chegaram em abril ao país, mas estão armazenadas no Rio de Janeiro, em função das dificuldades de transporte. 

Pesquisa com material coletado em outras expedições continua e gera dados inéditos 

Materiais coletados em outras viagens geram dados inéditos (Divulgação)

Os estudos sobre a Antártida não pararam na UFPR, mesmo com a suspensão das atividades que deveriam iniciar na primavera. Um deles, realizado em uma pesquisa de pós-doutorado, traz dados inéditos a partir de um material coletado entre os anos de 2005 e 2008 

O aumento da temperatura na região já vem sendo documentado por inúmeros estudos, mas a pesquisa de pós-doutorado realizada pela doutora Ana Lúcia Lindroth Dauner, do Programa de Pós-graduação em Sistemas Costeiros e Oceânicos (PGSISCO), e pelo professor César, em parceria com pesquisadores da Universidade de Bristol (Reino Unido), utiliza pela primeira vez compostos químicos como forma de identificar variações de temperatura da superfície do mar na região da Estação Antártica Brasileira.

“São dados inéditos de reconstrução da temperatura da superfície do mar ao longo dos últimos 50 anos, através de marcadores químicos associados a organismos que respondem a variabilidade ambiental “, explica. Por meio dessa metodologia será possível estimar dados de temperatura para períodos em que ainda não havia estações meteorológicas ou pesquisas na região. 

O professor explica que os marcadores moleculares são substâncias químicas presentes nas membranas celulares de microorganismos marinhos, cuja composição orgânica é alterada de acordo com a variação de temperatura“Quando a temperatura é alta, verificamos um tipo de composto na membrana, e quando é baixa a composição muda”, explica. 

Os compostos associados às membranas celulares dos microorganismos são encontrados nos sedimentos do fundo do oceano e é por meio desse material que é possível calcular a temperatura de hoje e de centenas de anos atrás. “É possível reconstruir essa variação na temperatura ambiental, pois a tendência de aumento da temperatura da água do mar é semelhante à da temperatura do ar”, pondera. Isso permite que dados muito antigos possam ser recuperados, contribuindo com um dos principais focos de atuação dos cientistas brasileiros na Antártida. 

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