O Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Paraná (UFPR) teve nove trabalhos contemplados na 23ª edição do Prêmio Sangue Novo no Jornalismo Paranaense. A premiação para estudantes que envolve faculdades do Paraná inteiro teve, ao todo, 360 projetos inscritos, divididos em 23 categorias. A cerimônia de premiação do evento, promovido anualmente pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR), foi realizada no dia 1º de novembro.
Foram três primeiros lugares nas categorias videodocumentário, livro-reportagem e radiojornal laboratório; cinco segundos lugares em fotojornalismo, jornal laboratório, livro-reportagem, pesquisa em Jornalismo, reportagem escrita digital; e um terceiro lugar na categoria programa de rádio. Este foi o melhor desempenho da UFPR nos últimos anos. Em setembro deste ano, o curso de Jornalismo também ganhou três prêmios nacionais no Expocom – no qual concorreu com faculdades de todo o país.
As reportagens premiadas pelo Sindijor, produzidas pelos alunos de Jornalismo, exploram temas como a resistência boêmia dos jornalistas paranaenses à ditadura militar; a rotina de professoras que trabalham em áreas de risco; uma incursão à cidade de Altamira, no Pará; diversidade sexual; gravidez adolescente; refúgio; temas mais diversionais, como a produção de cerveja artesanal na capital paranaense; e registros históricos, a exemplo da atuação de mulheres na história do jornal Gazeta do Povo.
O professor orientador do livro-reportagem “A luta bebe cerveja”, um dos premiados no primeiro lugar, comenta que o trabalho surgiu de um projeto existente desde 2012 na UFPR e que reúne cerca de 30 entrevistas com jornalistas que trabalharam nas redações paranaenses entre 1964 e 1980. “Dessas entrevistas emergiram alguns resultados como o de que parte da resistência à ditadura se dava nos espaços de sociabilidade, ou seja, nos bares. Lá esses jornalistas se reuniam e contavam o que acontecia nas suas redações e, assim, se articulavam”, diz José Carlos Fernandes.
A partir desse pressuposto, a autora voltou a conversar com esses entrevistados e formou um acervo muito importante de depoimentos sobre esse tema, que até então era considerado uma lacuna. “O livro é uma primeira versão dessa história, mais literária e poética, da experiência dessas pessoas. Outro livro ainda será escrito, no qual as entrevistas serão decupadas e melhor exploradas. Pode ser considerado um documento muito importante no sentido de história oral e de dar voz a quem viveu naquela época. Encontramos inúmeras pistas de que as pessoas não estavam caladas e faziam sim resistência. Esses espaços de encontro pós-fechamento eram espaços libertários”, avalia Fernandes.
Os trabalhos contemplados foram orientados pelos professores Myrian Regina Del Vecchio de Lima (videodocumentário, reportagem escrita digital e pesquisa em jornalismo), Eveline Araújo (programa de rádio e radiojornal laboratório), Ricardo Tesserolli (jornal laboratório), Valquíria Michela John (fotojornalismo) e José Carlos Fernandes (livro-reportagem e jornal laboratório).
Os premiados:
1º Lugar
Videodocumentário
Curitiba cervejeira: um documentário sobre o cenário da cerveja artesanal em Curitiba e Região Metropolitana, de Karen Sailer Kletemberg e Bárbara Michelis Rubira.
Radiojornal laboratório
Jornal Comunicação: a universidade ao seu alcance, de Luísa Lis Andrade Mainardes, Valkyria Dantas Rattmann, Enzo Labre Gutierrez Gomes, Hiago Rizzi Zanolla, Giovana Vieira Frioli e Rafaela Cordeiro Rasera.
Livro-reportagem
A luta bebe cerveja, de Anna Carolina Sens da Silva.
2º Lugar
Livro-reportagem
Nossas professoras: todos os dias elas dizem “presente” ao ensino público, Amanda Lüder.
Fotojornalismo
“Resistir”, de Plínio Luís Pereira Lopes e Gustavo Schmid Queiroz.
Jornal laboratório
Jornal Comunicação – turmas do terceiro e quinto períodos de Jornalismo, representados pelo aluno Luiz Fernando Hanysz.
Pesquisa em jornalismo
“Mulheres jornalistas na redação e administração do jornal Gazeta do Povo: um estudo de memória jornalística e gênero”, de Cláudia Santos Silva, Carolina Pissaia Calixto, Enzo Labre Gutierrez Gomes e Luciana Santos Nogueira de Melo.
Reportagem escrita digital
De noite é Maria, de dia é João, de Luiz Fernando Hanysz, Amanda Gabrielli dos Santos Kurlapski, Luísa Menegatti Secco.
3º Lugar
Programa de rádio
Música e diversidade, de Luiz Fernando Hanysz.