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Equipe de pesquisadores, coordenada por professor da UFPR, realiza expedição na Antártida em janeiro e fevereiro

Uma equipe de pesquisadores brasileiros embarca nesta sexta-feira (10) rumo à Antártida para realizar expedição de 20 dias. Durante a temporada no extremo sul do continente, os pesquisadores coletarão amostras de água e de sedimentos marinhos que, após analisados, apontarão como esse ambiente antártico vem se modificando com base em alterações ambientais.

O objetivo principal da pesquisa é trabalhar com o ciclo do carbono. Esse elemento químico está presente na composição dos seres humanos, nas células, nos tecidos e em outros organismos, além de estar dissolvido nos oceanos e na atmosfera. Na atmosfera, ele se encontra na forma de gás carbônico (CO2 ) e consiste em uma grande preocupação, pois está diretamente relacionado ao aquecimento global. “O intuito é entender como esse elemento participa das atividades, dos organismos, da produção de matéria orgânica e qual é o papel dele nas mudanças climáticas, que são muito mais expressivas nessa região de estudo”, explica o coordenador do projeto, professor César de Castro Martins, do Centro de Estudos do Mar (CEM) da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Navio Polar Almirante Maximiano, casa dos pesquisadores durante os 20 dias de expedição

A região da Península Antártica, onde o estudo será desenvolvido, é considerada uma das poucas áreas relativamente preservadas do planeta, constituída de sistemas ecológicos e criosféricos capazes de responder de forma dinâmica a mudanças ambientais ocorridas em escala local e global. “A elevação da temperatura global é sistematicamente sentida nessa região, resultando na diminuição das áreas de gelo marinho, no aumento pronunciado no aporte de material continental e, consequentemente, na alteração da dinâmica do carbono orgânico e dos metais-traço no ambiente marinho local”, destaca Martins que considera a região como o laboratório ideal para observar estas alterações.

Por meio das amostras de água e de sedimentos marinho, que serão coletadas pelos pesquisadores, será possível obter algumas respostas a respeito da modificação do ambiente antártico com base nas alterações ambientais, sejam humanas ou naturais. As alterações ambientais são resultado de um aumento de temperatura que levam a um maior degelo. O pesquisador afirma que o aporte de água doce nesse ambiente altera todo o ciclo de vida de alguns organismos que são fundamentais para captar o carbono que está na coluna d’água ou aquele que está na atmosfera e, então, minimizar os impactos das atividades humanas e do efeito estufa.

Um dos grandes agentes do aquecimento global é o aumento da concentração de gás carbônico na atmosfera. Esse gás carbônico vem dos processos de combustão da queima de biomassa, como desmatamentos, e da queima de combustíveis fósseis provenientes do petróleo. Uma vez que o CO2 vai para a atmosfera, não é absorvido em grande escala pelos organismos terrestres e marinhos, concentrando-se lá e causando o efeito estufa, que ocasiona o aumento de temperatura no planeta. Ao trabalhar com o ciclo do carbono nos organismos presentes na coluna d’água e no sedimento da região antártica, é possível observar como o ambiente responde a esse processo.

Bote inflável que será utilizado nas atividades de coleta de água e sedimento. Foto: Arquivo Pessoal

“Outra frente de trabalho é analisar contaminantes orgânicos que estão presentes nessa região e que chegam nela por meio do transporte atmosférico vindo dos continentes onde estão estabelecidas as maiores atividades industriais e a maior aglomeração humana”, comenta o coordenador que está na expectativa de que o período da expedição apresente condições climáticas favoráveis para a coleta de um grande número de amostras. “É fundamental para correlacionarmos com as amostras que serão coletadas nas próximas expedições, que acontecem em 2021 e 2022. Com essa série, poderemos responder algumas questões em escala espacial e temporal”.

Para esse verão foi programada apenas uma expedição de uma única equipe. Para o próximo ano, estão planejadas três visitas de três equipes em períodos diferentes: final da primavera, meio do verão e início do outono. Já em 2022, novamente apenas uma equipe deve fazer a coleta de amostras em uma única expedição.

Trajeto e estadia

De acordo com Martins, a preparação para viagem começou em setembro de 2019, quando foram enviados todos os materiais de coleta que serão utilizados durante o próximo mês. Os pesquisadores embarcam nesta sexta-feira (10), no Rio de Janeiro, em um avião da Força Aérea Brasileira. Haverá uma parada técnica da aeronave em Pelotas, Rio Grande do Sul, local em que a equipe também pegará roupas especiais para enfrentar o frio extremo da região. De Pelotas, o grupo parte, no sábado (11), rumo à cidade de Punta Arenas, no Chile. Na cidade, a mais austral do país, os pesquisadores devem permanecer aguardando a reinauguração da estação brasileira de pesquisas antárticas, que acontece no dia 14.

Aeronave da FAB que fará o transporte dos pesquisadores. Foto: Arquivo Pessoal

Em seguida, no dia 15, a equipe pega o mesmo avião com destino à base chilena Presidente Eduardo Frei. “Ao chegarmos à Antártida, embarcamos no navio polar Almirante Maximiano, da Marinha do Brasil. Ele será nossa casa pelas duas semanas seguintes, pois utilizaremos toda a infraestrutura da embarcação para realizar a pesquisa”, explica o coordenador.

Apesar de reinaugurada, nessa expedição ainda não será possível utilizar a estação brasileira de pesquisas antárticas pois, durante um período de seis meses serão realizados testes e ajustes com a equipe de construção. Por isso, os pesquisadores devem se hospedar nesse navio, que ficará ancorado na mesma região da estação, a Baía do Almirantado. “Utilizaremos os botes presentes no navio para deslocamentos e coletas em ambiente marinho”, revela Martins.

Projeto

O projeto As múltiplas faces do carbono orgânico e metais no ecossistema subantártico: variabilidade espaço-temporal, conexões com fatores ambientais e a transferência entre compartimentos (CARBMET) foi aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no âmbito da Chamada do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) em novembro de 2018.

O CARBMET é desenvolvido por meio de cooperação entre a UFPR, a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade Federal de Sergipe (UFS).  Para esta expedição, mais dois pesquisadores foram escalados, além do coordenador: Rafael André Lourenço, da USP, e Tatiane Combi, docente da UFBA e egressa da UFPR.

Confira matéria apresentando o projeto.

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