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UNIVERSIDADE
FEDERAL DO PARANÁ

Equipamentos de Laboratório de Odontologia melhoram o diagnóstico e possibilitam descobertas científicas

Ao se ouvir falar em Laboratório de Imagem de Odontologia, é lógico imaginar um espaço destinado a exames bucais. No entanto, quem conhece o Laboratório de Imagem (Labim) do curso de Odontologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) sabe que o local é destinado ao ensino e à pesquisa de um modo geral e que por lá não passam apenas dentes.

Com sete equipamentos periapicais, para radiografias convencionais, um equipamento para radiografias extra bucais e um tomógrafo, o laboratório, além de ser muito utilizado nas atividades ligadas à Odontologia, está sendo útil a outros cursos da universidade que buscam imagens radiográficas dos mais diferentes e inusitados objetos.

O Labim conta com sete equipamentos periapicais,um equipamento para radiografias extra bucais e um tomógrafo. Fotos: Marcos Solivan

Bico de tucano, dentes de sagui, colunas de coelho, de cachorro e de gato, garras de urso, crânios de primatas, sambaquis e homo sapiens, escamas de tatu da era paleozoica, peixes congelados e fósseis são alguns dos itens que já passaram pelo Labim. A maior procura por parte de outros cursos se dá com o propósito de analisar o objeto de estudo internamente sem precisar destruí-lo.

Malton Fraga e uma de suas descobertas Foto: Marcos Solivan

Foi assim que o estudante Malton Carvalho Fraga, do curso de Geologia, descobriu fósseis internos em rochas examinadas. “Além de conseguir fazer uma imagem tomográfica daquilo que estava visível, na superfície, descobri espécimes que estão na parte mais interna da rocha sem precisar destruí-la”, relata. A orientadora de iniciação científica dele, professora Cristina Silveira, conta que a parceria com o Labim começou em 2009, quando ela tinha na disciplina de Paleontologia um estudante de Odontologia entusiasta da área.

“Ele tinha interesse em fazer um trabalho de pesquisa e eu passei para ele espécimes de trilobita, um artrópode parente dos límulos. No caso da trilobita, a parte interna serve tanto para ajudar na classificação do animal, como é algo muito raro de preservar. Só conseguimos ver isso se a parte de cima ficar destacada e se for possível observar a parte de baixo, algo raríssimo, ou fazendo uma imagem de raio-x ou tomográfica”, explica a professora.

Ela lembra que o espécime que possuía no laboratório estava quebrado ao meio e, por baixo, dava para enxergar algumas ondulações que pareciam ser o trato digestivo do animal. “O próprio aluno indicou o laboratório de Odontologia, pois ele sabia da existência. Com isso conheci a coordenadora do espaço, Ângela Fernandes, e firmamos essa parceria”. O aluno que deu início à colaboração posteriormente trocou o curso de Odontologia pelo de Biologia, utilizando os recursos do laboratório inclusive para seu trabalho de conclusão de curso.

A estrela do laboratório, o tomógrafo, tem a característica de tornar possível transformar a imagem gerada em uma imagem tridimensional, criando até mesmo um molde. O recurso é algo muito explorado pelos pesquisadores por conta das inúmeras perspectivas que proporciona. “Para estudar os fósseis, normalmente fazemos um molde de silicone. No mundo inteiro, utiliza-se esse produto para criar o molde positivo do espécime, porém temos percebido que o procedimento acaba sendo destrutivo para as rochas brasileiras. O fóssil é algo único, não podemos correr esse risco. Com o tomógrafo, é possível transformar a imagem gerada em tridimensional, exportar essa imagem ‘eliminando’ a rocha e até mesmo imprimir em uma impressora 3D”, revela o estudante. Procedimentos similares foram utilizados para a reconstrução de um esqueleto de urso, por exemplo, cujas garras passaram pelo aparelho e a imagem gerada viabilizou essa recriação.

Alguns fósseis examinados por Malton no Labim. Foto: Marcos Solivan

A coordenadora do Labim menciona que, para cada tipo de pesquisa, é necessário adaptar um tipo de suporte. “O equipamento veio de fábrica com um suporte para a cabeça humana de pessoas vivas. Para radiografar outros espécimes foi preciso criar suportes específicos”.

Na Odontologia

As imagens de tomografia computadorizada revolucionaram a forma de fazer diagnóstico na área de Odontologia. “As imagens são específicas para alguns procedimentos da especialidade, mas a principal característica é que a gente obtém o volume do objeto radiografado, no caso a cabeça do paciente. Depois, com o uso de softwares, podemos fatiar essa imagem obtendo até três planos: plano axial, plano frontal e plano sagital, sem a presença do paciente. Obtemos a imagem em questão de segundos, o paciente vai embora e, então, podemos fazer o diagnóstico, o tratamento, o acompanhamento de diferentes situações, de todos os aspectos ósseos ou calcificados que encontrarmos na face”, revela Ângela.

Laboratório é utilizado na Clínica Odontológica. Foto: Marcos Solivan

O professor de radiologia José Vinicius Maciel comenta que as radiografias são bastante utilizadas para os casos de cirurgia da face, sejam estéticas ou por trauma. “Os implantodontistas também usam para planejar a colocação de implante. Além disso, é útil para diagnósticos de tumores, lesões endodônticas, fratura radiculares, etc.”. Ele salienta que a clínica odontológica da UFPR é um centro de referência regional e que recebe muitos pacientes da rede pública, inclusive da área de estomatologia, para fechamento de diagnóstico utilizando os equipamentos de imagem.

Não é só dentre as universidades que um laboratório desse padrão e com esses aparelhos é raridade. O tomógrafo, por exemplo, é um aparelho que não está à disposição na rede pública de saúde. “Por isso nós atendemos, além da comunidade da clínica odontológica, os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Junto ao Labim temos o serviço de radiologia, os profissionais que recebem os pacientes encaminhados pelo SUS pelo agendamento eletrônico para tomografias e radiografias panorâmicas. Também atendemos pacientes do Hospital Erasto Gaertner, da Fundação Pró-Renal, do Hospital Oswaldo Cruz, da Sociedade dos Hemofílicos e de toda a rede municipal de saúde”, afirma Maciel.

Acervo de imagens

Entre radiografias panorâmicas e exames tomográficos, o Labim possui mais de 54 mil imagens. Em termos de radiografias digitais, este é um dos poucos laboratórios de imagem no país que tem um acervo tão grande de imagens catalogadas e registradas e que podem ser utilizadas para pesquisa. Esse grande número de registro é resultado também dos atendimentos realizados para a clínica de Odontologia.

“Nossa grande preocupação sempre foi organizar essas imagens, para que os pesquisadores não precisem olhar mais de 50 mil para selecionar as que interessam para a pesquisa. Às vezes a seleção das amostras levava um semestre inteiro e isso dificultava muito a busca”, diz Ângela.

Por isso quando Mateus Nicolas Balestrin, estudante de Engenharia da Computação na Universidade Positivo, apareceu com uma proposta de criar um software que catalogasse essas imagens, a equipe do laboratório embarcou na hora na ideia. “Eu estava realizando iniciação científica e tive a oportunidade de conhecer e observar as necessidades que eles tinham aqui. Chegou até a mim que eles precisavam acessar alguns registros específicos, por exemplo, só pessoas do sexo masculino de certa faixa etária. Isso era muito difícil pela quantidade de imagens existentes e por esse material não estar catalogado. Então passei a trabalhar no desenvolvimento de um software que facilite esse processo”, conta o jovem.

O Labim possui mais de 54 mil imagens. Foto: Marcos Solivan

A primeira etapa foi catalogar e indexar os cerca de quatro mil registros tomográficos. “Busquei todos os registros tomográficos e extraí informações como o nome do paciente, a data do exame, data de nascimento, etnia e sexo. A partir disso, joguei todos esses registros em um banco de dados. Agora podemos fazer a busca, o cadastro e a inserção de novos valores. Manualmente pesquisar determinada categoria de imagens levaria dias, agora já é possível fazer em minutos”, explica Mateus.

A próxima etapa é realizar o mesmo processo com as 50 mil imagens tomográficas e patentear o software, mas ele já pode ser utilizado para buscar os registros tomográficos. “Já identificamos na ferramenta os principais itens que vamos buscar e vamos preencher primeiro essas informações mais importantes, depois vamos complementando”, comenta Maciel.

Para auxiliar nesse trabalho, foi criado um projeto de extensão. “Sabemos que a análise desses fatores das imagens é algo complexo e demorado. Vamos selecionar alunos de graduação e pós-graduação que tenham interesse em aprender mais como manipular as imagens e como mexer no equipamento para alimentar esse sistema”, informa a professora de radiologia Thays Costa.

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