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FEDERAL DO PARANÁ

Em estudo inédito no país, pesquisadoras da UFPR fazem levantamento sobre mulheres cientistas na Química

Um estudo inédito no país, desenvolvido por pesquisadoras da Universidade Federal do Paraná (UFPR), mapeou dados sobre a representação feminina nos diversos estágios da carreira científica na Química, desde o ingresso na graduação, até as que se encontram em posições de liderança. Entre outras coisas, a pesquisa conclui que, quanto mais se ascende na carreira científica, menos mulheres se encontra. O artigo foi capa da revista Química Nova e utilizou fontes variadas de dados. 

A professora Elisa Orth, pesquisadora premiada por seu trabalho científico na área da Química, é uma das autoras do trabalho. “Falar sobre a representação feminina tem me motivado há muito tempo“, explica. Segundo ela, os números obtidos neste mapeamento eram necessários para que o cenário ficasse mais claro e se somasse a investigações semelhantes, sobre outras áreas da carreira científica. “O primeiro passo para as ações é ter o diagnóstico”, disse. O estudo também é assinado por Naiane Naidek, Yane H. Santos, Patricia Soares, Renata Hellinger e Thayna Hack

A pesquisa constatou que há uma representação feminina majoritária na pós-graduação em Química, com 52% de mulheres. No entanto, à medida que a carreira avança para a docênciaos dados indicam que elas passam a ser minoria (42%). Além disso, das teses premiadas pela Capes, um dos principais órgãos de fomento à pesquisa no Brasil, apenas 33% são assinadas por mulheres.  

Gráfico apresentado no artigo ilustra percentual de mulheres docentes no Brasil, na graduação e na pós

Para Elisa, é preciso que as mulheres tenham uma espécie de vitrine para galgarem posições de destaque na carreira, e vejam outras colegas ocupando estes lugares. Ações de conscientização desde a graduação, quando ainda são maioria, podem contribuir, mas é preciso enfrentar desde cedo questões como o preconceito. “Se falava muito que temos poucas mulheres representadas como professoras porque não tinha meninas seguindo essa trajetória, mas nosso estudo mostra que não é isso. As meninas gostam e se interessam por Química. A gente tem é que ter uma vitrine para inspirar as futuras gerações a seguir esse sonho”, destaca. 

Outro dado levantado na pesquisa é sobre a baixa presença de mulheres entre os pesquisadores 1A do CNPq, outro órgão de fomento à pesquisa brasileira. Ser pesquisador 1A é chegar ao topo da carreira científica e atribui à cientista um papel de relevância em seu campo de estudo no país. Ocorre que apenas sete mulheres estão nessa posição na área da Química, o que corresponde a 12% do total. “É um número muito pequeno”, afirma Elisa. “Elas não são boas o suficiente para chegar lá? Não é verdade, e essa é uma vitrine de destaque na ciência brasileira”, reflete a professora, lembrando que a liderança alcançada por cientistas no topo da carreira tem influência em toda a sociedade. “Temos de ter diversidade não apenas de mulheres e homens, mas de todos os tipos de classes e pessoas. Isso enrique a ciência”.

Professora Elisa Orth é pesquisadora na UFPR e foi uma das autoras do estudo (Foto: Marcos Solivan/Sucom)

A produção científica dos artigos na área também fez parte do mapeamento. A pesquisa concluiu que, dentre os 20 mais citados com autores brasileiros entre 1969-2018, 80% não tinham mulheres como autoras. Nos últimos cinco anos, no entanto, a inserção das pesquisadoras passou a ser maior, o que pode ser um indicador otimista, mas ainda não representa paridade. “Mesmo assim, 55% dos artigos mais citados na área de Química nos últimos cinco anos não têm nenhuma mulher como autora”. 

O papel das mulheres na liderança de entidades de destaque também foi problematizado no estudo, que concluiu que algumas instituições brasileiras sequer tiveram mulher em sua presidência ao longo de toda a existência. Na Academia Brasileira de Ciências, por exemplo, foram apenas 18%. “Nós precisamos pensar em propostas de ações. Não é só uma questão de números, mas é preciso começar”, sintetiza. 

 

Imagem de destaque: Ilustração de mohamed Hassan por Pixabay 

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