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Comidas típicas preparadas por refugiados são destaque em tenda gastronômica no Festival UFPR

O passeio por entre as tendas dispostas no pátio da Reitoria para o 1º Festival UFPR de Ciência, Cultura e Inovação revela uma explosão de aromas e sabores embalados por sotaques de distintas nações. A diversidade converge em um único objetivo na Tenda do Programa Política Migratória e Universidade Brasileira (PMUB): dar água na boca e apresentar um pouco da cultura de outros países para aqueles que passam por ali.

Gastronomia de refúgio na tenda do PMUB. Foto: André Filgueira

No Festival, uma das ações que o PMUB promove é a gastronomia de refúgio. Os pratos típicos são feitos por refugiados que estudam na Universidade Federal do Paraná (UFPR). No espaço é possível encontrar culinária congolesa, síria, haitiana, venezuelana e peruana vendida a preços acessíveis e produzida com muito carinho.

Fritay haitiano. Foto: André Filgueira

O haitiano Russel Cerilia cursa o primeiro ano de Administração e veio para o Brasil há cinco anos. Ele já fez dois cursos técnicos e agora, na universidade, anseia por novas possibilidades. “Escolhi o Brasil por causa do sentimento pela seleção brasileira de futebol. No Haiti, adoramos os jogos da seleção e nos sentimos representados”. Segundo ele, morar no país lhe deu mais maturidade e ele está muito satisfeito, só não gosta muito do frio de Curitiba.

Junto com os conterrâneos, Russel está produzindo e vendendo o fritay, um preparado à base de banana, batata, batata doce e fruta-pão condimentadas e fritas. O prato leva, ainda, carne de frango, de porco e peixes fritos e crocantes combinados com pikliz, salada apimentada feita com repolho, tomate, cebola e cenoura. No Haiti, a refeição é muito popular e, servida em todas as ocasiões, é usualmente comida utilizando as mãos. Na tenda, o prato custa R$6,00.

A estudante de Farmácia peruana Vitória Tamires está no Brasil há quatro anos e, no espaço gastronômico, está comercializado a causa limeña de pollo, um prato histórico que remonta à época da emancipação do Peru. “O ingrediente principal é a batata, que é encontrada em abundância no país. Foi criada como um preparo rápido para alimentar os combatentes na emancipação. Com o tempo e com os processos migratórios, o prato se tornou muito versátil”.

Ela conta que é possível acrescentar qualquer recheio na batata, dependendo dos ingredientes mais encontrados nas diferentes regiões. Atualmente, a guarnição é servida como uma entrada típica nos principais restaurantes e na mesa de todos os peruanos. Aqueles que quiserem experimentar podem comprar a iguaria por R$5,00.

A República Democrática do Congo é representada pelos pratos makayabu com lituma, feito à base de bacalhau e refogado com cebola, pimentão e especiarias regionais servido com acompanhamento de banana da terra, com kwanga, refeição feita de mandioca, mikate e ndazi, muito parecidos com os bolinhos de chuva brasileiros, feitos com farinha, temperos, especiarias e submersos em um óleo especial da região. O ndazi é salgado e o mikate é doce e revestido por açúcar com coco ralado. As guarnições custam R$8,00, enquanto dois bolinhos são vendidos por R$ 5,00.

Os sírios têm uma culinária já muito conhecida e apreciada pelos brasileiros. Para não ter erro, apostaram nos famosos húmus e coalhada seca, alimentos típicos da cultura árabe. O primeiro é feito a partir de grão-de-bico cozido, taíne, azeite, suco de limão e outras especiarias. A coalhada é um acompanhamento tradicional feito com leite e iogurte. Cada iguaria custa R$5,00.

Para beber, a venezuelana Zoraida Rivas e seus colegas preparam a chicha, bebida doce à base de cereais (arroz ou trigo). A bebida serve para refrescar o calor da Venezuela e é consumida como

Chicha venezuelana. Foto: André Filgueira

merenda pelas crianças e a qualquer horário pelos adultos, pois é reforçada e sustenta. Quem quiser experimentar o refresco, mesmo no clima frio, pode comprar por R$4,00.

Zoraida é estudante de Engenharia Industrial Madeireira e está no Brasil há pouco mais de um ano. Ela saiu da Venezuela por conta da crise que o país vive e chegou aqui procurando trabalho para mandar dinheiro e ajudar a família, até que passou no vestibular para migrantes e refugiados da UFPR. “Então eu decidi estudar para ter mais oportunidades no futuro”.

Outras atividades

A coordenadora do PMUB e representante da Cátedra Sérgio Vieira de Mello na UFPR, Tatyana Friedrich, conta que estão programadas outras atividades envolvendo migrantes e refugiados no Festival.

Ao longo desta quarta-feira (25), acontecem quatro oficinas com a temática. Uma delas tem como objetivo a criação coletiva da regulamentação do artigo 122 da Lei de Migrações e da institucionalização do Ano Zero para migrantes alunos da UFPR. As outras visam desenvolver metodologias para o ensino de informática e língua portuguesa para imigrantes, bem como trabalhar com a psicologia das migrações.

E na quinta-feira (26), o espetáculo “Vozes e culturas”, reprodução de um projeto já existente na universidade, apresenta a interculturalidade dos refugiados por meio de poesias dos países declamadas na língua original e com tradução. Haverá também uma oficina de salsa ministrada pelos alunos venezuelanos.

Confira a programação completa do 1º Festival UFPR de Ciência, Cultura e Inovação.

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