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Cientistas da UFPR esclarecem dúvidas da sociedade sobre coronavírus

Você já se perguntou se a utilização do vinagre é recomendada para eliminar o coronavírus? Ou quanto tempo o vírus permanece nas superfícies ou nas mãos? Essas e outras perguntas da sociedade foram respondidas pelo cientista Emanuel Maltempi de Souza, professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ele preside a comissão de especialistas criada na UFPR para o enfrentamento e prevenção da doença Covid-19, causada pelo coronavírus.

As dúvidas enviadas pela população fazem parte da campanha “Pergunte aos cientistas”, da Agência Escola de Comunicação Pública e Divulgação Científica e Cultural da UFPR. No momento atual de pandemia do coronavírus, o público interno e externo à Universidade pode continuar enviando dúvidas sobre o assunto. Para participar, basta enviar a pergunta ao e-mail agenciacomunicacaoufpr@gmail.com ou no direct do perfil @agenciaescolaufpr no Instagram, com nome completo, idade, profissão e cidade onde reside.

Perguntas sobre prevenção

“O uso do álcool sem ser em gel tem a mesma eficácia? E a utilização do vinagre é recomendado ou é uma notícia falsa?” (Flavia Cristina Furtuoso Barbosa, 20 anos, estudante de Comunicação, de Pinhais – PR). “Se não encontro álcool em gel, posso substituir por álcool de mercado?” (Priscila Gaia, 41 anos, advogada, de Curitiba – PR)
Emanuel, cientista UFPR – Álcool na concentração de 70% é um agente desinfetante eficiente, matando bactérias e vírus patogênicos, inclusive o coronavírus SARS-CoV-2. Para as mãos e pele é recomendado álcool gel, que possui ingredientes para impedir a desidratação da pele. Se não encontrar álcool gel, procure lavar as mãos frequentemente com água e sabonete e atente para a técnica correta. Se você usar muito frequentemente solução de álcool a 70%, a pele ficará ressecada. Finalmente, vinagre é ineficiente e não vai matar o coronavírus seja em superfícies, pele ou na garganta fazendo gargarejo. Essa é 100% fake.

“Falam muito do álcool 70%. Os outros acima não são eficientes? Pode usar?” (Milton Luiz Paiz, 54 anos, empresário, de Paim Filho – RS)
Emanuel, cientista UFPR – Não é recomendado, porque evapora muito rápido e não dá tempo de inativar o vírus. Além disso, se for usada uma concentração de álcool mais alta, acaba ressecando e machucando a pele.

“Para alguém com sintomas de gripe, qual o tempo de isolamento recomendado?” (AR, administradora, 29 anos, de Curitiba – PR)
Emanuel, cientista UFPR – O problema do sintoma de gripe é que pode ser Covid-19. Se for a doença leve, deve ser curada em 14 dias e após esse período o vírus não deve estar mais presente. Portanto, o recomendado seriam 14 dias de isolamento voluntário.

“É verdade que se os sintomas forem leves é melhor nem ir ao hospital e ficar em repouso, cuidando como uma gripe normal?” (Patrícia Dall Agnol, 29 anos, engenheira ambiental, de Curitiba – PR)
Emanuel, cientista UFPR – Sim, é verdade. O sistema de saúde estará sobrecarregado, não só por causa da Covid-19, mas por um grande número de doenças que circulam. Além disso, você provavelmente vai se expor à contaminação no caso de não ter Covid-19. O melhor é se tratar em casa num regime de isolamento voluntário durante pelo menos 14 dias. Evite sair e principalmente evite contato com outras pessoas para não passar seu vírus para frente (se for o SARS-CoV2 ou não). Vale lembrar que a grande maioria dos casos de Covid-19 são leves (cerca de 80%). Cerca de 15% requerem cuidados médicos e 5% desenvolvem quadro grave. O sistema de saúde tem que se preocupar com esses casos que se não forem tratados imediatamente, pode ir a óbito.

“Minha filha e eu viajamos a São Paulo. Minha avó faleceu. Por isso, não foi possível evitar/adiar. É necessário isolamento domiciliar, sem contato externo algum? Caso sim, por quantos dias?” (Sarah Rezende, 31 anos, designer gráfico, de Curitiba – PR)
Emanuel, cientista UFPR – No momento não existe uma recomendação para isolamento. Porém, como vocês vêm de uma região onde tem transmissão comunitária e devem ter frequentado locais com número razoável de pessoas, isolamento voluntário é indicado. O período de incubação em geral é de até cinco dias. Portanto, no seu caso sete dias de isolamento seria suficiente.

“Vou viajar para minha casa de ônibus. Quais cuidados devo ter em relação ao coronavírus?” (Ariane Welke, 23 anos, estudante, de Jandaia do Sul (PR), com viagem para Ponta Grossa – PR)
Emanuel, cientista UFPR – Ariane, você deve manter distância das pessoas. O ideal seria um assento de intervalo, pois você ficará tempo razoável no ônibus (cerca de uma hora). O que é preconizado é um afastamento de 1,5 metro, que é a distância que gotículas de secreção oral e nasal alcançam quando se tosse ou espirra. Se a distância for menor que 1,5 metro, é recomendado que não dure mais que 15 minutos. Se o passageiro que estiver ao seu lado apresentar sintoma de gripe ou resfriado, talvez você pudesse pedir para mudar de lugar. O assento também pode estar contaminado. Por isso, não passe as mãos no rosto. Use álcool gel para desinfetar as mãos e lave-as bem quando tiver oportunidade. Nos pontos de parada é comum aglomeração de pessoas: procure se distanciar dessas situações. Não é questão de ser antissocial, é necessário para você se proteger e proteger a comunidade evitando que o vírus se espalhe.

“Tenho um pai diabético e cardíaco em casa. Eu tenho que sair de casa já que tenho que trabalhar e não posso ficar em quarentena? Como devo agir e o que fazer para garantir a saúde e segurança dele?” (Patrícia Dall Agnol, 29 anos, engenheira ambiental, de Curitiba – PR)
Emanuel, cientista UFPR – Patrícia, você precisa proteger seu pai, pois ele faz parte do grupo de risco. Evite que seu pai saia de casa, principalmente se for para lugares onde ele pode entrar em contato com muitas pessoas. Você também deve se policiar para não contaminá-lo. Para isso, será necessário se distanciar fisicamente de seu pai: o contato deve ser de aproximadamente 1,5 metro. Quando chegar em casa, lave bem as mãos e outras áreas expostas, e troque de roupa. Procure limpar mesas e bancadas com detergente/sabão e água e desinfetar com álcool 70% (ou produtos de limpeza geral) regularmente. No trabalho siga as regras de distanciamento social: cumprimentar as pessoas a distância, mantenha distância de 1,5 metro das pessoas, lave mãos sempre que possível ou use álcool gel e procure não passar mãos no rosto. Se você tiver sintoma gripal, sugiro restringir mais ainda contato para o que chamamos de isolamento. Algumas empresas estão liberando os colaboradores que coabitam com pessoas do grupo de risco. Verifique se não é o seu caso.

Sobre a contaminação

“Quanto tempo o vírus permanece vivo na mão e permanece nas superfícies?” (Simone Moraes Christini, 46 anos, decoradora autônoma, de Curitiba – PR, e Mariana Thais Megel, 20 anos, estudante, de Curitiba – PR)
Emanuel, cientista UFPR – Depende o tipo de superfície. O coronavírus pode sobreviver de horas até vários dias em certas superfícies e outros fatores como umidade e temperatura. Por isso, é recomendado limpar superfícies com água e sabão e, em seguida, desinfetar com álcool 70% ou usar produto de limpeza de uso geral. Já na sua mão ele vai sobreviver o mínimo de tempo possível, pois você vai lavar as mãos frequentemente e usar álcool em gel.

“É verdade que o coronavírus fica na garganta por mais ou menos quatro dias? E se fizer gargarejo de água quente com sal e vinagre é possível matar o vírus?” (Vinícius Rocha Sampaio, 18 anos, estudante de Fisioterapia, de Curitiba – PR)
Emanuel, cientista UFPR – Isso é totalmente fake. O vírus não será inativado com água quente, sal e vinagre. As formas de evitar o coronavírus e não ser contaminado são manter distanciamento social, lavar as mãos com água e sabão, usar álcool gel (quando não puder usar álcool gel, lavar as mãos), não levar mãos ao rosto e ficar longe de fake news.

“Coronavírus pode ser transmitido pelo ar?” (Venilson Farias)
Emanuel, cientista UFPR – Sim. Gotículas de secreção nasal e saliva expelidas na tosse e espirro contêm o vírus. Essas gotículas caem sobre superfícies que ficam contaminadas. Quando as pessoas passam as mãos nessas superfícies contaminadas e levam ao rosto, permitem a entrada do vírus pela boca, nariz ou olhos. Acredita-se que essa seja a principal forma de infecção. Por isso, a insistência: fique a no mínimo 1,5 metro das pessoas (para evitar contaminação direta no caso da pessoa tossir ou espirrar ou lançar gotículas ao falar), lavar as mãos frequentemente e não levar mãos ao rosto.

“Qual é a célula específica que o coronavírus ataca? E quais os prejuízos fisiológicos?” (Marwim Renan, 25 anos, estudante de Medicina, de Curitiba – PR)
Emanuel, cientista UFPR – O vírus infecta células epiteliais pulmonares (e de outros órgãos) que expressam o seu receptor, que é a proteína chamada enzima conversora da angiotensina 2 (abreviada ECA2 ou ACE2, em inglês). As espículas (projeções da camada lipídica na superfície do vírus composta pela proteína viral S) são as estruturas que interagem com a ECA2.

Dúvidas sobre saúde

“É verdade que perde de 20 a 30% da capacidade respiratória depois de curado? E pode pegar coronavírus duas vezes? E pode pegar coronavírus duas vezes?” (Letícia Bengtsson, 23 anos, estudante, de Curitiba – PR)
Emanuel, cientista UFPR – De fato os relatos indicam que há perda da capacidade respiratória e que o pulmão pode ter lesões. Se essas lesões serão permanentes, ainda não se sabe. Embora o vírus prefira os pulmões, pode infectar membranas mucosas do nariz e sistema digestório, podendo inclusive alcançar rins, fígado e sistema vascular, onde pode provocar inflamação e falha de funcionamento do órgão. Até agora, sabe-se que é possível ser infectado com o coronavírus duas vezes, mas é muito raro.

“Quanto tempo o coronavírus fica no corpo de alguém infectado?” (Rafael Krasinki, 22 anos, técnico em mecânica, de Curitiba – PR)
Emanuel, cientista UFPR – Acredita-se que nos casos leves cerca de 14 dias. Pacientes com casos graves têm a doença pelo menos três semanas, podendo se estender até seis.

Saiba tudo sobre as ações da UFPR relacionadas ao Coronavírus

Por Chirlei Kohls
Parceria Superintendência de Comunicação e Marketing (Sucom) e Agência Escola de Comunicação Pública e Divulgação Científica e Cultural da UFPR

 

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