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“Ciência brasileira tem conhecimento para prover dados às políticas públicas”, reforça físico Ricardo Galvão na UFPR

Ricardo Galvão, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foi o convidado da última semana da tradicional apresentação de seminários organizada pelo Programa de Pós-Graduação em Física da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A palestra, que esteve dentro da programação do 1º Festival UFPR de Ciência, Cultura e Inovação, na semana passada, abordou as diversas ocupações e ferramentas utilizadas pelo Inpe no monitoramento dos biomas brasileiros.

Ciência espacial, criação de tecnologias espaciais, meteorologia, observação da Terra e ciências do sistema terrestre constituem áreas de atividade do Inpe. O professor Galvão relembrou o início do trabalho do Instituto com ciência espacial, que em seu primeiro momento focava na interpretação de dados fornecidos por satélites de outros países, mas que logo evoluiu para a produção dos primeiros satélites brasileiros.

Palestra de Ricardo Galvão integrou programação do 1º Festival UFPR de Ciência, Cultura e Inovação. Fotos: Leonardo Bettinelli/Sucom-UFPR

Ao apresentar o “Laboratório de Integração e Teste”, centro responsável pelo desenvolvimento de tecnologias espaciais, Galvão contou que o Inpe teve grande sucesso no desenvolvimento de satélites. No seminário, ele apresentou o “Amazônia 1”, satélite totalmente brasileiro para monitoramento da Amazônia com lançamento previsto para junho de 2020.

O Inpe também é responsável pelo Centro para Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) que oferece revisão do tempo em todo Brasil, além de ser o centro que produz os relatórios brasileiros sobre mudanças no clima fornecidos para o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), maior autoridade mundial a respeito do aquecimento global. Além disso, Galvão mostrou o Centro de Ciência do Sistema Terrestre, que dá a previsão de raios para todo Brasil, além de estudar estratégias que viabilizem o futuro sustentável em todas os biomas do país, com foco no Cerrado e Caatinga.

Ex-diretor do Inpe, Ricardo Galvão ressaltou a preocupação do Instituto em fazer ciência com produtos acessíveis oferecendo aplicação direta para a sociedade

Ricardo Galvão ressaltou a preocupação do Inpe em fazer ciência com produtos acessíveis oferecendo aplicação direta para a sociedade. Ao apresentar o funcionamento do Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real (Deter), responsável por diminuir a taxa de desmatamento de 27 mil quilômetros quadrados em 2004 para 4,5 mil quilômetros quadrados em 2012, o professor Galvão alertou para a previsão do Inpe de que a destruição da Amazônia chegue a 10 mil quilômetros quadrados neste ano. Galvão apontou que 20% dos 5,5 milhões de quilômetros quadrados da maior reserva de biodiversidade do mundo já foi destruído e teme que, no ritmo atual, a taxa de desmatamento alcance 40%, valor que levaria a uma irreversível transformação da Amazônia em savana. Ao comentar sobre os recentes casos de incêndio na Amazônia brasileira, ressalta: “apagar o fogo é apagar o efeito, o que tem que ser combatido é o desmatamento”.

Durante a palestra, Ricardo Galvão evidenciou a contribuição do Inpe para a produção científica brasileira. Usou como exemplo o Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) e o Deter, que, após a adoção de uma política de transparência em 2004, já forneceram dados a mais de 1,3 mil dissertações, teses e citações em revistas científicas. O professor, no entanto, reforça: “eu gostaria que os governos utilizassem mais a ciência brasileira, porque nós temos o conhecimento para prover dados importantes às políticas públicas”.

Assista à palestra completa neste link.

Por Gabriel Ramos
Sob supervisão de Chirlei Kohls
Parceria Superintendência de Comunicação e Marketing (Sucom) e Agência Escola de Comunicação Pública e Divulgação Científica e Cultural da UFPR

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