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Centro de apoio científico da UFPR avalia desastres naturais em período de chuvas na região metropolitana de Curitiba

A ocupação humana em lugares inadequados foi a causa dos deslizamentos registrados no ano passado em Rio Branco do Sul, município da região metropolitana de Curitiba, de acordo com o Centro de Apoio Científico em Desastres (Cenacid) da UFPR. A análise desses eventos é o trabalho mais recente do Centro, uma unidade especial do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Nimad) que reúne um grupo de pesquisadores com o objetivo de dar apoio científico e técnico às comunidades em situação de emergência.

A equipe esteve em Rio Branco no final do mês de janeiro. De acordo com o professor Renato Lima, geólogo do centro, o evento ocorreu por conta da construção e ocupação em lugares inadequados. “Diversas cidades da RMC têm problemas relacionados a situações de risco em virtude de ocuparem lugares indevidos ou pela implantação de construções não adaptadas ao tipo de substrato geológico e aos processos geológicos que ocorrem na região”, explica Renato.

A equipe do Cenacid em Rio Branco do Sul, onde avaliou deslizamentos recentes.

No caso específico de Rio Branco do Sul, que está localizada acima do Aquífero Karst, uma das maiores reservas de água subterrânea do estado do Paraná, os deslizamentos ocorreram devido à carstificação. O processo, que já foi registrado em outros municípios da região metropolitana, como Campo Magro, Campo Largo e Almirante Tamandaré, acontece com a formação de cavidades de todos os tamanhos no espaço subterrâneo devido à dissolução de rochas sedimentares dos tipos calcários e dolomitos.

Outro problema frequentemente avaliado pelo Cenacid são os deslizamentos, que ocorrem geralmente em ocupações de áreas indevidas sobre rochas metamórficas mais antigas. Em seguida, estão as inundações de diferentes tipos, que acontecem devido ao fluxo de lama e detritos na região norte da RMC e, mais ao sul, por conta das rochas sedimentares da Formação Guabirotuba e do Embasamento Cristalino que chegam à região através das chuvas. “Observo ainda que as cidades da RMC ainda estão sujeitas a tempestades, vendavais, tornados e terremotos que também podem resultar em prejuízos”, destaca o geólogo.

Segundo Renato, o Cenacid também já atendeu deslizamentos, inundações e terremotos em outros países da América do Sul, na América Central e no Caribe. No Brasil, em especial, as inundações e deslizamentos ocorrem com maior frequência na época do verão. “A razão para a concentração deste tipo de desastres no Brasil durante o verão é que nesta época do ano temos o período de maior precipitação, com períodos de chuvas prolongados e intensos. Esta umidade elevada favorece as inundações e deslizamentos”, explica o geólogo do centro que já chegou a atender grandes desastres como em Santa Catarina (Blumenau, Ilhota, morro do Baú, etc, em 2008, 2009, 2012 e 2018, respectivamente), na região serrana do Rio de Janeiro (Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo em 2010), em São Paulo (São Luiz do Paraitinga-SP em 2010) e no Paraná, em Morretes, Antonina e Paranaguá, em 2011.

Prevenção

Além da investigação de desastres já ocorridos, o centro, que integra o Consórcio Mundial de Deslizamentos da Unesco, desenvolveu uma metodologia própria para a avaliação de riscos e possui um software especializado especialmente desenvolvido para ser útil em desastres. O grupo também além de oferecer cursos para outras entidades. “Quando ocorre um desastre o Cenacid mobiliza uma equipe normalmente com dois a seis integrantes, que vai ao município, estado ou país afetado e lá aplica seus conhecimentos e oferece informações para que os gestores da situação possam melhorar sua resposta”, explica Renato.

Como um maneira de conscientizar gestores municipais sobre a importância da prevenção, o Cenacid também participa de um programa da ONU chamado “Cidades Resilientes” que estimula as cidades a desenvolverem seu planejamento e a estarem preparadas se ocorrerem desastres naturais. “A maneira indicada para que qualquer cidade se transforme em uma cidade resiliente, ou seja, capaz de prevenir e enfrentar processos naturais perigosos, é conhecer os processos que podem ocorrer e executar um mapa de riscos para essas situações”, destaca o geólogo.

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