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Aplicativo desenvolvido por pesquisa da UFPR ajuda a antecipar adversidades na Baía de Paranaguá

Aplicativo faz a leitura dos dados em tempo real, sem necessidade de conexão (Fotos: Amanda Miranda – Sucom/UFPR)

 

Um aplicativo desenvolvido a partir de uma parceria entre a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Universidade Federal do Pampa (Unipampa) vai ajudar as comunidades e órgãos públicos a anteciparem situações de adversidade na Baía de Paranaguá, litoral do Paraná. Uma de suas aplicações práticas mais visíveis será a possibilidade de antecipar inundações, mas há outros desdobramentos em curso.

A tecnologia permite obter dados com dispositivos móveis de uma rede geodésica que, entre outras coisas, indica coordenadas,  locais e altitudes em pontos estabelecidos com alta precisão e sinalizados com QR-Code, o que permite consultas offline. As informações são utilizadas como parte do projeto “Resiliência Socioecológica e Sustentabilidade do Complexo Estuarino de Paranaguá”, contemplado pelo CNPq e formado por uma equipe de pesquisadores da UFPR.

Estes dados têm uma série de aplicações práticas, relacionadas ao planejamento urbano das cidades, sistemas de saneamento e até ao cotidiano de quem trabalha com obras. A ideia, segundo o professor Alexandre Bernardino Lopes, do Centro de Estudos do Mar (CEM), surgiu a partir de uma necessidade prática: tradicionalmente, estes dados estão no site  IBGE, mas justamente por isso nem sempre estão acessíveis de modo fácil e ágil. Nas ilhas do litoral, onde o acesso 4G muitas vezes é instável, será uma possibilidade importante e inédita.

O banco de dados das redes geodésicas é obtido a partir de estações, materializadas em monumentos de concreto, com uma chapa metálica que as identifica. No projeto da UFPR, as chapas possuem o QR-Code, que permite o acesso aos dados de forma offline. Além disso, a ideia do projeto é espalhar essas estações pelo litoral do estado, onde os pontos são escassos. “Nosso desafio, agora, é levar estes pontos para as ilhas”, explica. “O litoral do Paraná, por algum motivo, tem um vazio de pontos geodésicos e nosso banco de dados irá incluir pelo menos mais 20”.

Professor Alexandre Bernardino Lopes é um dos responsáveis pela Redegeo

As ilhas às quais Lopes se refere são as que compõem o Complexo Estuarino de Paranaguá e integram uma série de projetos da UFPR. A partir dos dados obtidos pelos pontos catalogados no aplicativo, será possível, por exemplo, criar um modelo topográfico digital para fazer simulações que antecipem adversidades. “Poderemos simular o que pode acontecer caso aumente o nível do mar”, exemplifica.

A implantação de uma rede geodésica envolve, de acordo com Lopes, a materialização de marcos identificados em chapas de alumínio, com a identificação QR-CODE. Já a determinação dos dados, vinculados ao Sistema Geodésico Brasileiro, utilizaram técnicas específicas. As observações dos pontos materializados em Pontal do Paraná foram feitas por alunos dos professores Pedro Luis Faggion e Wander Cruz, das Ciências da Terra. 

“Estes dados são públicos e pensamos em disponibilizá-los da forma mais moderna possível, envolvendo alunos de graduação e de pós de diferentes regiões do país”, destaca Lopes. Além do Paraná, principal foco do projeto, as redes também estão sinalizadas no Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Roraima. O aplicativo foi desenvolvido em colaboração com o Laboratório de Sistemas Inteligentes e Modelagem da Unipampa, coordenado pelo Professor Rogério Vargas.

 

Clima, meio ambiente e sustentabilidade

O monitoramento do litoral é ponto relevante para as discussões sobre clima, meio ambiente e também para se pensar nas comunidades que dependem do mar para sobreviver. Os dados obtidos para compor a rede geodésica digital terão uma finalidade específica no escopo do projeto “Resiliência Socioecológica e Sustentabilidade do Complexo Estuarino de Paranaguá”. “A rede é um dos eixos do projeto e produz um primeiro impacto, que é o estabelecimento de um referencial para um estudo muito mais amplo”, explica Lopes.

A proposta de pensar na resiliência está associada à ideia de analisar até que ponto um evento climático ou qualquer outra circunstância adversa vai permitir que as comunidades encontrem meios de enfrentá-los Qualquer alteração no oceano, por exemplo, é capaz de afetar a vida marinha e, com isso, as atividades de pesca. O cruzamento de dados do projeto possibilita que as simulações ofereçam cenários e perspectivas diferentes.

Lopes e Cattani atuam juntos em projeto para o Complexo Estuarino de Paranaguá

André Cattani, bolsista do CNPq e um dos coordenadores do projeto, explica que são cinco eixos que, quando relacionados, servirão para avaliar mudanças climáticas, prever eventos extremos e também para oferecer alternativas às comunidades que se localizam no entorno do Complexo Estuarino de Paranaguá.

A pesquisa, coordenada também pelos professores  Paulo da Cunha Lana e Maikon Di Domenico, estuda a saúde do oceano, as cadeias produtivas da biodiversidade marinha em sua relação com as populações tradicionais, a ecologia e uso sustentável dos recursos pesqueiros e os usos e conflitos dos recursos naturais.

Dados das redes serão cruzados com outras evidências

As redes geodésicas fazem parte do eixo do projeto que se ocupa de compreender a interação entre o continente, o oceano e a atmosfera. Quando cruzados com outras variáveis, os dados permitirão que “se modele diferentes cenários para prever efeitos em cascata”, explica Cattani.

Neste sentido, a ideia das redes complexas permite, por exemplo, que se anteveja a resiliência das comunidades em situações de mudança climática ou mesmo de escassez de peixes para a atividade pesqueira. “A ideia é simular cenários e unir todos os dados para descobrir até que ponto as redes podem ser afetadas”, diz.

Chapa metálica com QR-Code gera dados capazes de antecipar inundações

O projeto está relacionado com os objetivos do desenvolvimento sustentável, metas globais estabelecidas pela Assembleia Geral das Nações Unidas. A abordagem integradora, segundo Cattani, pode ter impacto na gestão pública e também na qualidade ambiental. São 48 comunidades, divididas em oito setores, avaliados por uma metodologia que irá desenhar um mapa de conflitos.

Segundo o professor Paulo Lana, que coordena o projeto, a proposta é que os frutos da pesquisa revelem seu compromisso social, com uma aplicabilidade imediata. “A aderência aos objetivos do desenvolvimento sustentável nos dá perspectivas muito boas de continuidade, para que a pesquisa tenha desdobramento por vários anos”, finaliza.

Confira o material em vídeo produzido pela UFPR TV.

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