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Pesquisa da UFPR aponta resultados inéditos na aplicação de microalgas para a produção de orquídeas

A Cattleya Labiata ocorre na Mata Atlântica e na Caatinga e hoje é considerada ameaçada de extinção. Foto – arquivo pessoal

Um estudo realizado na UFPR comprovou, pela primeira vez, que duas espécies de microalgas podem substituir compostos sintéticos e estimular a produção de orquídeas ameaçadas de extinção.  

Os resultados foram publicados no Journal of Applied Phycology e fazem parte do projeto de mestrado da pesquisadora Joana Corbellini, da Pós-Graduação em Botânica da UFPR, sob orientação da professora Erika Amano. Também participam do estudo os pesquisadores Luciana Lopes Fortes Ribas, Fabiano Rodrigo de Maia, Diego de Oliveira Corrêa, Miguel Daniel Noseda e Rogério Mamoru Suzuki.  

A espécie escolhida foi a Cattleya labiata. Nativa da Mata Atlântica e da Caatinga, essa orquídea é utilizada na formação de plantas híbridas e para a comercialização, o que pode acelerar a extinção da espécie. A técnica utilizada no estudo promove a produção de mudas em larga escala. Com isso, evita-se a retirada da planta do ambiente natural, além de ser uma alternativa mais eficiente de cultivo. 

Para isso, a pesquisadora utilizou a técnica Thin Cell Layer, que consiste no corte de camadas finas de partes da orquídea. Essas camadas, cultivadas em laboratório, recebem reguladores vegetais (como citocininas e auxinas) no meio de cultura, para estimular o crescimento e a divisão celular. Embora haja pesquisas na UFPR prevendo a redução dos seus custos, eles ainda possuem alto valor comercial, chegando a custar mais de R$ 25 mil cada grama. 

Neste ponto, entram em ação as microalgas Chlorella vulgaris e Messastrum gracile, facilmente encontradas na natureza e que possuem citocininas e auxinas de forma natural. Joana afirma que o trabalho foi viável devido à parceria com o Departamento de Bioquímica, que há vários anos investiga o potencial das microalgas para o crescimento vegetal. Assim, foi possível inseri-las no meio de cultura, em substituição aos reguladores. 

Os resultados alcançados com as microalgas foram comparados aos obtidos com três reguladores sintéticos: o BAP, o TDZ e o ZEA. 

As plantas estimuladas pelo TDZ formam mais brotos do que as que recebem as microalgas. Porém, demoram para crescer e não sobrevivem no transplantio. Já com adição da M. gracile, as orquídeas apresentam maior porcentagem de sobrevivência, crescendo com mais rapidez e formando maior quantidade de plantas no final do experimento. Joana ressalta que, como a C. labiata tem um desenvolvimento muito lento, o estudo traz um resultado promissor. 

Aplicação da técnica de Thin Cell Layer na propagação da orquídea Cattleya labiata. Arte: Juliana Barbosa (Aspec/BL/UFPR)

 

Thin Cell Layer já é utilizada para a produção de orquídeas para uso comercial. Porém, pela primeira vez houve a combinação com microalgas, que trouxe mais rendimento, sustentabilidade e aplicação comercial. “Busca-se alternativas naturais para esse tipo de processo, pois os reguladores vegetais usados em grande escala são sintéticos”, argumenta Joana. 

A partir dos resultados obtidos, outros trabalhos poderão ser feitos com a reintrodução da espécie na natureza, como a mestre em Botânica explica: “A propagação na natureza é muito baixa, devido à falta de plantas e pelo baixo índice de germinação das sementes. Otimizar esse processo pode ajudar tanto comercialmente quanto em futuros trabalhos de conservação de orquídeas”, conclui. 

Por João Cubas

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