UNIVERSIDADE
FEDERAL DO PARANÁ

Workshop Toxicogenomics reúne grande público no Setor Ciências da Saúde

A abertura foi presidida pelos professores Edilson Sergio Silveira, Victor Pelaez e Noela Invernizzi. Foto: Marcos Solivan

Nestes dias 15 e 16 de setembro, o Workshop Toxicogenomics encheu o Auditório Gralha Azul, do Setor Ciências da Saúde, com uma programação intensa. O evento internacional reuniu grandes nomes da área em palestras e debates voltados a acadêmicos, profissionais das áreas da saúde, do meio ambiente, do desenvolvimento científico e industrial e profissionais de empresas do ramo químico-farmacêutico.

A toxicogenômica é o resultado da fusão disciplinar entre a toxicologia e a genômica, constituindo um novo campo de conhecimento na área da saúde. Segundo a organização do evento, o desenvolvimento dessas tecnologias deve trazer vantagens significativas para métodos de análise toxicológica tradicionais como: a detecção antecipada de alterações patológicas no genoma; o aumento da sensibilidade e rapidez dos testes de detecção; a ampliação das condições ambientais de avaliação das reações dos organismos vivos; a capacidade de gerar extrapolações com resultados estatisticamente mais precisos e seguros; e a possibilidade de substituição de testes in vivo em animais de laboratório para testes in vitro em células e tecidos vivos.

O evento lotou o auditório Gralha Azul. Foto: Marcos Solivan

“Atualmente, por exemplo, estudos sobre câncer feitos em ratos de laboratório, levam dois anos para serem concluídos. Um estudo baseado na toxicogenômica, vai se basear no processo metabólico, ou seja, vai tentar entender o que acontece nas células, permitindo prever com antecedência o que vai acontecer”, explica o coordenador do workshop, Victor Pelaez, professor da pós-graduação em Políticas Públicas da UFPR. “Através de simulações e experimentações in vitro, este período de dois anos seria reduzido para algumas semanas. É uma combinação da robótica, bioinformática e da toxicologia tradicional.”

Entre os palestrantes de todo o mundo, estiveram Thomas Hartung, do Centro de Alternativas aos Testes Animais da John Hopkins University (Estados Unidos), Jacco Briedé, do Centro Nacional de Toxicogenômica, da Maastricht University (Países Baixos), Remi Bars, chefe de Pesquisa em Toxicologia da Bayer CropScience (França) e Luiz Henrique Mourão do Canto Pereira, coordenador-geral de Biotecnologia e Saúde do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Canto Pereira acredita que o Brasil tem tudo para avançar rapidamente nesta área

Pereira explica que este é um tema novo no qual o Brasil está trabalhando para avançar. “Na genômica, estamos muito bem, temos vários grupos de pesquisa. Em toxicologia, não estamos tão mal, temos competência, mas não tanta massa crítica quanto em outros países. Agora, quando se coloca este novo campo, de confluência destas duas áreas, ainda estamos engatinhando”, explica, destacando, porém, que o modelo que está sendo implementado no país é inovador, já que visa unir mais pesquisadores. “Além de termos laboratórios centrais, também agregamos outros laboratórios associados, criando sinergia e agregando competências.”

“Um evento como este é importante para demonstrar que o tema é prioritário, para ouvir as experiências de outros países que são centros de excelência no assunto e verificar eventuais áreas de interesse comum para futuras parcerias”, conclui.

Pelaez considera o campo uma nova fronteira do conhecimento, que tem potencial para trazer inúmeros avanços na área de saúde. “É uma nova forma de fazer ciência, com o pesquisador sentado na sua bancada, mas integrado a uma grande rede de dados.”

Estiveram envolvidos na organização os seguintes programas de pós-graduação: Biociências e Biotecnologia, da Fundação Oswaldo Cruz – PR; Políticas Públicas, Bioquímica, Ciências Farmacêuticas, Direito e Segurança Alimentar e Nutricional, da UFPR; e Patologia, da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP.

Atualmente, os participantes estão editando os textos que foram enviados para o evento, que deverão ser compilados na revista “International Journal of Biotechnology”, com publicação prevista para 2015.

Por Jéssica Maes