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Vestibular 2017/2018: as histórias de três pares de gêmeos que estudaram e foram aprovados juntos

Ter um irmão gêmeo faz parte da vida de pouco menos de 2% da população brasileira, segundo dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) do Ministério da Saúde. Já a probabilidade de que dois irmãos gêmeos idênticos sejam aprovados ao mesmo tempo no vestibular de uma universidade pública é certamente menor. Contrariando as incertezas, neste ano pelo menos três pares de gêmeos foram aprovados no processo seletivo da UFPR — uma das duplas, para o mesmo curso.

Acostumados a passar muito tempo juntos, os novos universitários avaliam que a parceria foi fundamental para o sucesso.  No caso de Kauana e Luana Leonardo Garcia, de 18 anos, o apoio valeu para que Luana se decidisse por uma profissão. Para Kauana, a graduação em Arquitetura e Urbanismo nunca foi dúvida, principalmente depois de ela concluir um curso técnico em paisagismo. Já Luana precisou pesquisar mais para descobrir sua vocação.

“Às vezes a Lua se sentia insegura por eu já ter decidido há um bom tempo. Então sempre conversamos e pesquisamos sobre profissões, íamos bastante nessas feiras de profissões. Então reparei que ela gostava de assuntos ligados à pesquisa científica”, diz Kauana.

Luana e Kauana se ajudaram nos estudos e até na hora de definir uma profissão. Foto: Leonardo Bettinelli/Sucom-UFPR

Luana lembra que estava propensa a escolher Biomedicina, mas em uma feira de profissões, conversando com uma aluna de Farmácia, notou que esta era uma área mais abrangente do que pensava. “Se me falassem anos antes sobre Farmácia, eu nunca pensaria. Mas percebi que é um curso muito completo e amplo, me atraiu bastante”.

Alunas de um cursinho solidário de Curitiba, as irmãs também se ajudavam na hora de fazer os bombons e mini-pizzas que vendiam para cobrir gastos, especialmente com transporte — elas moram em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. “Sou muito grata aos meus pais porque eles acordavam cedo também para nos ajudar”, conta Kauana.

A parceria também incluía os estudos. Faziam exercícios da apostila até no ônibus, diz Kauana. “Para quem está prestando vestibular, ter um irmão gêmeo é muito bom. É ter um irmão do seu lado, apoiando, alguém que sabe dos seus momentos baixos e ajuda nos exercícios”, define Luana.

Time

No futsal, Guilherme e Gustavo Lucas Oliveira da Silva, de 19 anos, foram alas, um de cada lado da quadra. No vôlei de praia, formaram uma dupla para começar a jogar com mais seriedade no ano passado. No vestibular, tanta semelhança deixou o cenário mais complexo: prestaram para o mesmo curso, Educação Física. Ainda assim, mantiveram o costume de ajuda mútua nos estudos. Não havia muito o que pensar, afinal desde pequenos querem trabalhar com esporte e, de preferência, juntos.

Guilherme e Gustavo vão cursar Educação Física juntos e querem, um dia, trabalhar juntos com esporte. Fotos: Samira Chami Neves/Sucom-UFPR

“Isso [prestar vestibular para o mesmo curso] foi bem diferente, a gente brincava um com o outro sobre sermos concorrentes. Mas foi tranquilo até, só a ansiedade que matava a gente”, lembra Guilherme. “A gente ficava brincando de quem acertava mais questões da apostila.”

Gustavo avalia que os irmãos se completavam na hora de estudar porque tinham interesses diferentes na sala de aula. “Acho que ele é melhor em algumas disciplinas, como matemática e geografia, e eu sou melhor em história, português, e assim por diante”. Assim, um ajudava o outro nas longas sessões de exercícios.

Na primeira fase do vestibular, os dois fizeram a prova em salas diferentes. Na segunda fase, porém, até sentaram próximos. Os dois ficam nervosos antes de provas, mas o auge foi na segunda etapa, quando “só faltava um passo”, conta Gustavo. Foi assim, indo um pouco por vez, que eles preferiram nem pensar muito como ficaria se um passasse e, o outro, não. “Quando vimos o resultado foi um alívio, pois era o nosso sonho”, diz Guilherme.

Diferencial

Nos primeiros vestibulares da UFPR que prestaram, logo após o ensino médio, Matheus e Gabriel Chimaleski, de 21 anos, haviam escolhido o mesmo curso (Engenharia Civil). “Sempre gostamos de construções e obras”, conta Matheus. À medida que conheciam melhor as graduações, porém, perceberam que tinham interesses mais distintos do que supunham. Enquanto Gabriel começou a prestar atenção aos estudos do irmão mais velho, que cursa Engenharia Ambiental, Matheus notou que trabalhar em laboratório poderia ser a dele.

Gabriel e Matheus estudam juntos desde o maternal, mas na universidade será diferente

“Meu irmão preferiu seguir para a área de Biológicas. Eu nunca fui muito bom em química por isso preferi ficar na Engenharia”, explica Gabriel. “Acredito que se fizéssemos para o mesmo curso existiria mais pressão para passarmos juntos, mas ficaria feliz se ele passasse e eu não, e creio que o Matheus também torça por mim”.

Assim, no Vestibular 2017/2018 as os cursos escolhidos por cada um mudaram, mas o projeto continuou sendo em equipe. Matheus acha que ter um irmão gêmeo equivale a ter um parceiro constante nos estudos e na motivação. “Acho que para nós foi o diferencial, pois um ajudava o outro nas dúvidas de matérias. Até a segunda fase estudávamos juntos e isso nos ajudou bastante”, conta.

O impacto do apoio nos estudos mostrou cedo a diferença. Juntos na mesma sala de aula desde o maternal, em algum ponto do ensino fundamental a escola os separou, mas não durou muito tempo. “Depois de dois meses perceberam que o desempenho de ambos caiu”, lembra Matheus. Agora separados por campi, os irmãos dependerão das matérias que o curso de Farmácia oferece no Campus Politécnico para voltarem a ter a sensação da escola de novo.

Esta reportagem faz parte de uma série que busca retratar histórias de aprovados no Vestibular 2017/2018 da UFPR até o início do semestre 2018.1. Leia outra aqui.