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#UFPR105 anos – Edelclaiton Daros: 41 anos dedicados à UFPR e à pesquisa de cana-de-açúcar

Acompanhe a série de perfis dos homenageados na celebração dos 105 anos da Universidade Federal do Paraná

Você pode não conhecer Edelclaiton Daros e jamais ter ouvido falar na Ridesa, a Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético. Mas se consome açúcar ou abastece seu veículo com etanol, saiba que de alguma forma o trabalho desse professor da UFPR faz parte da sua vida. Lecionando na universidade há 41 anos, ele é um dos mais respeitados pesquisadores de cana-de-açúcar do Brasil e um dos responsáveis pelo desenvolvimento da maior parte das variedades da planta cultivadas hoje no País. Não à toa, foi um dos homenageados na celebração dos 105 anos da UFPR.

A trajetória de Daros na UFPR começou em 1971, quando ingressou no curso de graduação em Engenharia Agronômica. O professor lembra que já nesse período as atividades de monitoria abriram portas para que ele pudesse lecionar na instituição pela primeira vez, ainda como graduando: “Em 1974 houve uma saída de oito professores do nosso curso e como eu era monitor, acabei lecionando uma disciplina. Foi então que eu descobri essa possibilidade de me tornar professor”.

Mas o ingresso no meio acadêmico não foi imediato. Ao se formar, em dezembro de 1974, ele passou de estagiário a contratado de um empresa que tinha entre suas áreas de atuação a pesquisa das culturas de trigo e soja. Nessa época, recebeu de pesquisadores do Internacional Maize and Wheat Improvement Center (CIMMYT), do México, o convite para fazer mestrado e doutorado nesse país. “Nós estávamos passando por um momento de consolidação de trabalho e eu não consegui. Isso em parte me frustrou”, lembra Daros.

Em 1977 surgiu novamente a oportunidade e Edelclaiton Daros formou-se mestre, doutor e deu mais um passo em direção a área do ensino e da pesquisa – dessa vez, com foco na cana-de-açúcar, planta em que é especialista.

Daros: “Sempre entrei em sala de aula com o pensamento de dar retorno à sociedade”. Fotos: Nicolle Schumacher

Apesar da longa trajetória profissional, o professor costuma dizer que nunca trabalhou, porque sempre fez o que ama. “Isso me motivou a sair do campo, ficar mais de 480 quilômetros longe de onde estão as plantações de cana, para fazer ensino, pesquisa, extensão e sempre entrar em sala de aula com o pensamento de dar retorno à sociedade”, diz.

Em sala de aula

Quase aposentado, com 41 anos de sala de aula, Daros brinca que precisa sair da UFPR antes que os estudantes enjoem da sua presença. Já lecionou para filhos de ex-alunos. “Falta lecionar para os netos. Penso que aí está na hora de aposentar”, diz. Mas parece difícil que isso aconteça, uma vez que o professor se reinventa acompanhando as tecnologias e defende novas ideias para o ensino: “Tem que ter algo a mais do que simplesmente a sala de aula. Senão é impossível promover interações com a realidade de uma sociedade. Não é a presença física do professor que vai tornar a universidade mais competente”.

O pesquisador também demonstra preocupação com o baixo investimento em pesquisa no País: “A cada momento novos cortes são realizados, e isto tem um custo muito alto para as futuras gerações. Seremos eternos dependentes de tecnologias de outros países”.

A Ridesa

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) é uma das 10 instituições brasileiras de ensino superior que compõem a Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Sucroenergético (Ridesa), grupo de pesquisadores que tem contribuído para o melhoramento genético da cana-de-açúcar.

A Rede surgiu em 1990, logo após o encerramento de programas de pesquisa subsidiados pelo governo federal, para dar continuidade aos trabalhos que buscavam melhorar a produção de açúcar e etanol do Brasil. A UFPR ingressou no grupo pouco mais tarde, em 1992. Hoje, 10 universidades federais integram o grupo, que é responsável por 68% das espécies plantadas no País e 84% no Paraná.

A Ridesa conta com 79 bases de pesquisa espalhadas pelo País, entre laboratórios, estações de cruzamento, estações experimentais e bases de seleção. Ao todo o grupo é responsável por 75 cultivares. Na UFPR, o projeto é coordenado pelo professor Ricardo Augusto de Oliveira, possui 25 unidades conveniadas, entre usinas e associações, atuando em cerca de 520 mil alqueires nos estados do Paraná, Santa Cataria e Rio Grande do Sul.

Edelclaiton Daros foi coordenador geral da Ridesa por 18 anos. “Quando tomamos um café e abastecemos um veículo com etanol, devemos lembrar que a cana que deu origem a esses produtos é tecnologia das universidades”, afirma.

Além de trabalhar com o melhoramento da cana-de-açúcar, a Rede ainda desenvolve capital humano e científico para o país, por meio da formação de profissionais.

 

Leia outros perfis da série:

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