Logo UFPR

UNIVERSIDADE
FEDERAL DO PARANÁ

Semana da Integração da Geografia comemora 20 anos da pós-graduação e 80 anos da graduação; confira a abertura

Na fala de quem discursou na abertura da Semana da Integração da Geografia da UFPR, nesta segunda-feira (19), no Campus Politécnico, não faltou uma lembrança em especial. Trata-se do caminho percorrido pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO) — cujo mestrado foi criado em 1998 e, o doutorado, em 2006 — até a recente nota 6 na avaliação quadrienal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Na avaliação anterior, de 2013, o PPGEO havia mantido a nota 5 de 2010.

“Foi uma nota construída a muito custo e que vai continuar nos demandando muito trabalho”, ressaltou o chefe do Departamento de Geografia, Wilson Flávio Feltrim Roseghini. Para reunir alunos e professores da Geografia, em qualquer nível e especialidade, em torno desse esforço mútuo, é que surgiu a ideia da Semana de Integração, explicou Roseghini. “É uma forma de mostrar que temos muito mais em comum do que diferenças”, disse, em alusão aos diversos segmentos em que o geógrafo pode atuar.

Na mesa: Marcos Alberto Torres, vice do PPGEO; Pedro Luis Faggion, diretor do Setor de Ciências da Terra; o reitor Ricardo Marcelo Fonseca; o chefe do Departamento de Geografia, Wilson Roseghini; o coordenador do PPGEO, Claudinei Taborda da Silveira; e Francisco Mendonça, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação e professor de Geografia. Fotos: Marcos Solivan/Sucom-UFPR

Nesse sentido, o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Francisco de Assis Mendonça, também professor do curso de Geografia, destacou a importância da união para que a UFPR possa manter e ampliar suas conquistas mesmo em fases de escassez de recursos. “O momento brasileiro é dos mais delicados, e estar na administração [da universidade] é desafio complicado”, afirmou ele. Para Mendonça, o caminho para isso passa por trabalho e criatividade.

Também participaram da solenidade de abertura o coordenador do PPGEO, Claudinei Taborda da Silveira; o vice-coordenador, Marcos Alberto Torres; o diretor do Setor de Ciências da Terra, Pedro Luis Faggion; e o reitor Ricardo Marcelo Fonseca.

Em seu discurso, Fonseca avaliou que a Geografia tem “todas as razões para se orgulhar institucionalmente”, mas pontuou que é preciso “reforçar a solidariedade para que atravessemos o deserto”. “Os desafios que temos são grandes”, disse, se referindo ao que chamou de “falta brutal” de verbas com a qual as universidades públicas têm lidado nos últimos anos.

Solidariedade

A conferência de abertura da Semana de Integração foi com o pesquisador chileno Hugo Romero, da Universidad de Chile, que atua como professor colaborador no doutorado de Geografia da UFPR. Especialista nos aspectos geográficos físicos e humanos do Deserto de Atacama, Romero tratou das condições econômicas e políticas que têm pressionado os povos tradicionais da região (leia mais aqui e aqui).

Romero fez uma defesa da expressão de Noel Castree, para quem geógrafos são “construtores de pontes”. Assim, para o pesquisador, é preciso superar a dicotomia entre sociedade e natureza, que é um tanto comum na dissociação que se faz entre a geografia física e a humana. “A responsabilidade da Geografia é dar a conhecer a realidade”, sustentou.

Por conta disso, Romero defendeu que movimentações econômicas e políticas não sejam o único motor das alterações tocadas pelo homem no Deserto de Atacama. O pesquisador abordou o choque entre as políticas neoliberais adotadas no Chile nos últimos 40 anos e o modo de vida dos indígenas do Atacama, que, ao longo de séculos, fixaram formas de manejar os recursos do deserto que consideram o equilíbrio necessário à manutenção do sistema. Para Romero, é necessário prestar atenção à “civilidade geográfica desses povos”.

O pesquisador Hugo Romero: “A responsabilidade da Geografia é dar a conhecer a realidade”

Entre as pressões econômicas sentidas pelos povos do Atacama, o pesquisador destacou a extração de água, que afeta até mesmo o Parque Nacional Llanos de Challe, e as reservas de lítio que circundam o deserto. Sobre o lítio, Romero destacou a ausência de estudos científicos no Chile, e pediu que pesquisadores brasileiros cooperem em investigações sobre a conveniência da extração.

“Podemos dizer que o Chile ficará rico. Quem dera. Sabemos um pouco sobre essa história”, disse. Trata-se de uma alusão à exploração de nitrato (salitre) no Atacama, entre o século XIX e XX, que resultou em cidades desertas e levou à participação do país na Guerra do Pacífico. “Precisamos cooperar para responder a essa perguntas”, disse Romero.

Evento

A Semana de Integração conta com seminários pela manhã e mesas redondas à tarde. Também estão programadas homenagens (sempre às 14 horas), até quarta-feira. Na quinta, o horário está reservado para relatos de alunos e ex-alunos de Graduação.

Na sexta, além da apresentação de trabalhos de iniciação científica pela manhã, será aberta a exposição fotográfica “Mapeamento Geomorfológico do Paraná”, das 10h ao meio-dia. Às 10h30, ocorrerá o lançamento do livro “Mar de Nuvens”, de Lucas Pontes, mestrando do PPGEO. A exposição e o lançamento serão realizados no no saguão do Edifício João José Bigarella, no Politécnico.

A conferência de encerramento começa às 17 horas de sexta. O tema será as perspetivas e os novos caminhos para a Geografia, que será abordado por Olga Firkowski e Francisco Mendonça, ambos professores do curso.

Os 80 anos da graduação em Geografia da UFPR estão relacionados à fundação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL), em 1938. Na FFCL, a Geografia era lecionada juntamente com a História. A partir da Reforma Universitária, no fim dos anos 1960, os cursos foram desmembrados em departamentos. Assim, a Geografia migrou para o Campus Politécnico em 1969, onde originou os cursos e departamentos de Geografia, Geologia e Geomática.

Mais informações sobre o evento podem ser obtidas por e-mail, na fanpage da Pós de Geografia no Facebook e aqui.