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UNIVERSIDADE
FEDERAL DO PARANÁ

Selecionada em edital da Capes, UFPR desenvolverá plataforma aberta para comunicação entre surdos e ouvintes

A Universidade Federal do Paraná obteve financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para desenvolver uma plataforma on-line que oferecerá uma Central de Intérprete de Libras para facilitar a comunicação entre pessoas surdas e ouvintes. O projeto foi selecionado em edital publicado pela Capes em março e destinado ao desenvolvimento de ferramentas de acessibilidade por instituição de ensino superior participantes do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB).

A plataforma, batizada de Central de Libras Aberta, ou CLibras Aberta, é um projeto do Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Especiais da UFPR (Napne), com consultoria da Coordenação de Integração de Políticas de Educação a Distância (Cipead) e realização do Centro de Computação Eletrônica (CCE).

Mauro Hiroto Suzuki, analista de Tecnologia da Informação da Divisão de Webdesign do CCE, conta que a necessidade de uma plataforma desse tipo foi identificada durante o II Seminário de Inclusãom realizado na UFPR, em 2016. “Os intérpretes Libras que atuaram no seminário relataram que os avatares das soluções virtuais ainda não atendiam às necessidades da comunicação, porque, na ausência de um termo no glossário, a tradução acontecia palavra por palavra e letra a letra. Isso impedia a contextualização da informação”, explica. “Com isso, verificou-se a importância e a real necessidade de um intérprete humano no processo de compreensão e tradução.”

A partir desta análise, foi planejada a plataforma CLibras. “A plataforma conta com uma Central de Intérprete de Libras, a partir da qual o intérprete humano estabelece a comunicação contextualizada e sincronizada entre os dois interlocutores, surdo e ouvinte, pela internet”, explica Suzuki.

Testes preliminares foram realizados com uma tecnologia de comunicação de áudio e vídeo no padrão da W3C (World Wide Web Consortium), chamada WebRTC, incorporada nos principais navegadores: Chrome, Firefox, Opera e nas plataformas Android e IOS, para celulares. “Na rede da UFPR constatamos a viabilidade técnica por meio de testes iniciais. Contudo, ainda são necessários investimentos na rede para aumentar a segurança e garantir a performance da plataforma”, informa o analista.

Impacto na vida acadêmica

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2015 viviam no Brasil 28 milhões de surdos. No mundo, a projeção para 2050 é de 900 milhões, segundo a entidade. Apesar de sua dimensão, a situação ainda é pouco discutida nas instituições de ensino.

“A solução de acessibilidade desenvolvida nesse projeto terá um grande impacto na vida acadêmica, pois facilitará o acesso aos intérpretes e tradutores, possibilitando a inclusão da comunidade surda em todos os espaços onde haja acesso à Internet”, avalia a coordenadora de Integração de Políticas de Educação a Distância (Cipead) da UFPR e da Universidade Aberta do Brasil (UAB), Maria Josele Coelho,

A plataforma poderá facilitar a comunicação entre surdos e ouvintes da universidade, seja em palestras, grupos de estudo, bibliotecas ou no dia a dia dos cursos, promovendo a inclusão dos surdos no ambiente acadêmico e melhorando a qualidade de sua convivência no meio social.

“Trata-se de uma solução flexível tanto em relação aos espaços (EAD/presencial) como em relação aos meios (qualquer dispositivo web)”, complementa Mauro Suzuki.
Além disso, a CLibras Aberta será uma plataforma de acessibilidade aberta, ou seja, toda a comunidade externa poderá ser beneficiada com esse recurso. “A plataforma poderá ser adotada pelas instituições federais de ensino superior que se interessarem nos cursos híbridos de cada instituição, após diagnóstico nos ambientes de instalação”, afirma Suzuki.

O desenvolvimento da CLibras Aberta será financiado com recursos do programa de fomento da Capes/UAB para inovação tecnológica.

 

Valsui Junior, sob orientação de Lorena Klenk