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FEDERAL DO PARANÁ

Questões de gênero na comunidade matemática brasileira serão debatidas em Encontro Paranaense de Mulheres na Matemática

Pela primeira vez no estado, pesquisadoras e estudantes estarão reunidas para debater questões de gênero na Matemática. A programação acontece nos dias 26 e 27 de abril, durante o Encontro Paranaense de Mulheres na Matemática (EPRMM), na Universidade Federal do Paraná.

O  debate sobre a situação da mulher que estuda ou trabalha com Matemática integra uma iniciativa nacional: o ciclo de debates “Matemática: substantivo feminino”, que tem como objetivo discutir questões de gênero na comunidade matemática brasileira. As atividades seguem até o mês de junho deste ano, em diversas universidades do País.

Ximena Mujica, professora do Departamento de Matemática da UFPR e uma das coordenadoras do evento no Paraná, afirma que o cenário da mulher na Matemática é um reflexo  da situação da mulher na sociedade. “O desafio é alcançarmos respeito pleno, para que haja um real equilíbrio no ambiente de trabalho e na sociedade. Em muitos lugares há diferenças salariais por gênero e mulheres com filhos têm maior dificuldade em conseguir estágio ou arranjar emprego. Homens com filhos não encontram esse problema”, diz.

“No caso das carreiras na área de Ciências Exatas, há um forte predomínio masculino. Acreditamos que isso se deva também a fatores socioculturais e não só a questões de gênero”, explica a docente. “Quase não há bonecas cientistas, engenheiras, motoristas, etc. Meninas crescem ouvindo que precisam ser bonitas, saber cozinhar e por aí vai. Isso precisa mudar na sociedade como um todo”.

A primeira edição do Encontro Paranaense é coordenada pela UFPR e UTFPR. A programação contará com duas mesas redondas para debater questões de gênero e da maternidade na carreira matemática.

De acordo com a professora Ximena, há um equilíbrio de gêneros no momento do ingresso no ambiente acadêmico da Matemática, mas a situação muda durante a graduação. “Ao longo do curso, há uma desistência maior por parte de mulheres, mesmo na modalidade licenciatura, em que há uma forte presença feminina. E nos perguntamos: a que se deve isso?”.

A maternidade é apontada pela professora como um fator que influencia a desistência ou postergação da carreira. “Muitas vezes a mulher é percebida ou induzida a se perceber como inferior, e mesmo sendo uma pessoa altamente capacitada, são colocados obstáculos além daqueles inerentes à carreira”.

A proposta é que o debate sirva para a identificação de comportamentos que auxiliem a superação de barreiras. Movimentos semelhantes em outras áreas do conhecimento acontecem em Curitiba, como o ciclo de palestras sobre o feminismo promovido pela Escola da Política, em parceria com o Núcleo de Estudos de Gênero da UFPR.

Origem do movimento na Matemática

A baixa participação de mulheres no I Congresso Brasileiro de Jovens Pesquisadores em Matemática Pura e Aplicada, realizado em 2014 na USP, abriu o debate sobre o tema e deu origem ao I Encontro Paulista de Mulheres na Matemática, em 2016.

O evento aconteceu no Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica da Universidade Estadual de Campinas, com palestras de pesquisadoras paulistas atuantes em diversas áreas da Matemática. A mesa redonda “Afinal, existe uma questão de gênero na Matemática?” discutiu a sub-representação.

Seguindo a mesma linha, o II Congresso Brasileiro de Jovens Pesquisadores em Matemática Pura e Aplicada, realizado também em 2016, na Unicamp, voltou a abrir espaço para a reflexão sobre o número baixo de mulheres nas ciências exatas e iniciativas para reverter o quadro.

As atividades do ciclo de debates “Matemática: substantivo feminino” foram iniciadas no mês de agosto de 2017. A programação busca conscientizar a comunidade sobre a questão de gênero na Matemática, além de identificar os principais problemas relacionados e propor ações para o enfrentá-los coletivamente.

A ideia é reunir todo o material para apresentação no “World Meeting for Women in Mathematics” (Encontro Mundial de Mulheres na Matemática). O evento satélite do Congresso Internacional de Matemáticos acontecerá no dia 31 de julho no Rio de Janeiro.

Confira a programação completa do ciclo.

 

I Encontro Paranaense de Mulheres na Matemática

O Encontro Paranaense de Mulheres na Matemática acontecerá nos dias 26 e 27 de abril, no auditório Gralha Azul (prédio da Saúde/Enfermagem) – Campus Jardim Botânico/UFPR.

A “Maternidade na carreira Matemática” será debatida na abertura do evento, com a participação das professoras Lucimara Soltz Roman (UFPR), Maria Cláudia Emer (UTFPR), Nanci Stanki da Luz (UTFPR) e da diretora da plataforma “Cientista que virou mãe”, Lígia Moreira Sena.

No dia 27, as docentes Maria Cecília Eduardo (UFPR), Lindamir Salete Casagrande (UTFPR) e Rebeca Buzzo Feltrin (Unicamp) discutem o “Gênero na carreira Matemática”.

O I Encontro Paranaense também contará com palestras sobre a carreira de profissionais mulheres e sessões de pôsteres nas áreas de educação matemática, matemática aplica e matemática pura.

Confira a programação completa do Encontro.

O evento é aberto à comunidade. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas pelo site até dia 27.

O Encontro também faz parte do Biênio da Matemática no Brasil, um movimento que coloca a Matemática em evidência em todo o País, com a realização de diversas ações durante os anos de 2017 e 2018.

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