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Projeto da UFPR leva robótica a alunos de colégios públicos

Adriana (à esquerda), com Candida e Jonatan: “Tanto a escola quanto os pais e a comunidade se uniram em torno do projeto. Com isso, mostraram que a iniciativa já deu certo”. Imagem: Samira Chami Neves.

Projeto interdisciplinar desenvolvido pelos professores Adriana Augusta Benigno dos Santos Luz e Anderson Rogers Teixeira Góes, ambos do Departamento de Expressão Gráfica (Setor de Ciências Exatas da UFPR), com o apoio de alunos voluntários de diversos setores da universidade, está provocando uma pequena revolução no modo como alunos e docentes de colégios dos ensinos fundamental e médio da rede pública estadual de Curitiba estão se relacionando com a robótica. Isto é possível por meio do Polo Interdisciplinar de Robótica Educacional (PIRE), inaugurado na universidade em 2015.

Iniciado há cerca de três anos, o projeto objetiva promover a inserção da robótica como disciplina curricular nas escolas públicas. Utilizando kits para a montagem de robôs com tecnologia de ponta, os alunos do ensino fundamental e médio podem criar e resolver problemas para atender às demandas sociais. Os kits utilizados pelo grupo para o projeto foram doados pela empresa Lego Zoom (franquia da Lego Education). Em alguns casos, os colégios utilizam seus próprios kits, adquiridos por meio de parcerias.

A ideia é despertar o interesse dos alunos pelo tema, sob a orientação de alunos voluntários dos cursos de Expressão Gráfica, Matemática, Física,  Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica. Por enquanto, o projeto opera nos Colégios Estaduais Padre Claudio Morelli (no bairro Umbará) e Paulo Leminski (no Tarumã).

Foco no ensino público

A escolha do público-alvo não foi aleatória. A intenção é oferecer apoio aos estudantes que mais precisam, no ensino público. “O nosso modelo de ensino, na área pública, é frágil na questão tecnológica”, avalia a coordenadora do projeto, professora Adriana Augusta Benigno dos Santos Luz, do Departamento de Expressão Gráfica da UFPR. “Mas há recursos tecnológicos que podem facilitar muito o aprendizado e despertar o interesse dos alunos para as áreas de Ciências Exatas e Tecnológicas, tanto na pesquisa quanto na licenciatura”, diz.

A qualidade e a facilidade no uso dos kits simplificam o processo. “O pessoal achava que a robótica era algo difícil, mas não é. Os alunos têm muita facilidade de usar o material. É como se fosse um grande quebra-cabeça”. Para isso, o grupo oferece formação para o discente e para os docentes que atuam nas escolas, com a expectativa que esses últimos possam utilizar a robótica como ferramenta educacional na melhoria do processo de ensino e aprendizagem.

Os kits

Imagem: Samira Chami Neves.

Os robôs podem ser montados com sensores de luz, de toque e de som. Imagem: Samira Chami Neves.As escolas utilizam vários kits. Um deles é o NXT 2.0 a 2ª geração do kit Lego Mindstorms, lançado em 2006. Com o Lego Mindstorms, pode-se construir e programar robôs. Equipado com processador, software próprio e sensores (de luz, som e toque), o equipamento possibilita a criação, programação e montagem de robôs capazes de reagir a movimentos, ruídos e cores. O mais complexo, o Lego Mindstorms Education EV3. Tem maior capacidade de memória e processamento, configurações e programações mais avançadas e pode ser controlado por dispositivos móveis Android e iOS. Todos vêm com manual de instruções, o que facilita a montagem.

Bons frutos

Os resultados do projeto são, até agora, uma boa surpresa para os participantes. “No caso do Colégio Estadual Padre Claudio Morelli, por exemplo, há uma proposta para a Robótica se transformar em disciplina curricular, a partir de 2018. Tanto a escola quanto os pais e a comunidade se uniram em torno do projeto. Com isso, mostraram que a iniciativa já deu certo. Era o que queríamos”, conta a professora Adriana.

Além dos kits, para que o projeto continue acontecendo, o colégio cede o lanche e o vale-transporte para os alunos da UFPR.  Outro resultado obtido nessa escola foi a participação dos seus alunos nas Olimpíadas de Robótica de 2016. A equipe do ensino fundamental que competiu ficou em 2º lugar e a do ensino médio, em 8º, em meio a mais de 100 equipes apenas nesta última categoria. A equipe do ensino médio recebeu, ainda, o prêmio de melhor equipe iniciante.

Facilidade no uso

Os kits vêm com manuais de instruções, que facilitam a montagem dos robôs. Imagem: Samira Chami Neves.

A mestranda em Educação e Novas Tecnologias da Uninter Candida Dolores Antunes Varela, que atua no Colégio Estadual Paulo Leminski, confirma o sucesso da iniciativa. Pedagoga, Candida queria trabalhar o tema programação em Robótica com os alunos. Conseguiu, com o apoio da coordenação do projeto e do colégio. Seu público-alvo: alunos do período noturno, com faixa etária de 18 a 55 anos – muitos originários da rede pública que cursaram a Educação de Jovens e Adolescentes (EJA).

Apesar das dificuldades naturais, comuns a qualquer iniciativa nova, a coordenação e a professora comemoram os resultados do trabalho, desenvolvido no ano passado. “Os alunos aprenderam a montar e a usar os kits. Muitos estavam com receio de usar o material. Achavam que seria difícil. Mas, já na segunda semana, estavam adorando”, diz. Candida explica o motivo: a facilidade no uso da ferramenta e a sua capacidade de despertar o interesse dos estudantes. “O kit é fácil de ser usado. Mas é claro que, para dar certo, o professor tem que conhecer os conceitos”.

Apoio necessário

Um dos alunos da UFPR envolvidos no projeto é Jonatan Alan da Silva, do 8º período de Engenharia Mecânica. Voluntário desde 2015, ele está orientando alunos dos ensinos fundamental e médio do Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli interessados em participar de competições com robôs. O trabalho está gerando bons resultados porque, além de ser fácil de usar, o equipamento motiva os alunos. “Os estudantes estão evoluindo em questões importantes como o trabalho em equipe e o desenvolvimento interpessoal, que, a meu ver, é a parte mais importante”.

Animada com os resultados do projeto, a professora Adriana diz, porém, que o projeto esbarra em dificuldades logísticas. O PIRE não oferece, por exempo, bolsas aos seus participantes. “Isso atrapalha porque nossos alunos têm dificuldades de se deslocar até as escolas”, conta a coordenadora do projeto, “Também não possuímos um espaço adequado para receber os alunos e professores dos colégios. Nós queríamos ter um laboratório funcionando diariamente para que as escolas pudessem vir até nós, mas não temos espaço físico no nosso Setor para isso. Por isso, precisamos de patrocínio para investir em pesquisas e melhorar a infraestrutura para ampliar o atendimento do projeto”, conta.

Mesmo assim, o projeto avança. No final de julho, a coordenação vai iniciar uma nova seleção de alunos da UFPR para o 2º semestre. “Apesar das dificuldades, e das barreiras encontradas na universidade para execução do projeto, não podemos e não vamos parar”, diz Adriana. “Estamos com propostas inovadoras para o 2º semestre letivo”. É esperar para ver.

Aurélio Munhoz

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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