Neste tipo de parceria, o pós-graduando tem dois orientadores. Carmem é orientada na UFPR pela professora Marcella Lopes Guimarães e na Universidade de Poitiers, por Stéphane Boissellier. O que facilitou o ingresso da doutoranda no programa de cotutela foi o fato de ser professora de língua francesa e, ainda, estudiosa da literatura francesa medieval. Graduada em Letras, fez mestrado em Estudos Literários, as duas formações pela UFPR.
O tema central da pesquisa é a escrita da história na França no final do século XIV e a relação com a cavalaria. Carmem explica que a fonte para a pesquisa histórica é uma canção de gesta tardia sobre o cavaleiro Bertrand Du Guesclin, militar que liderou os exércitos franceses contra a investida inglesa durante a Guerra dos Cem Anos (1337 a 1443). Com o título “A Escrita da História na França de 1830 a 1410: as representações discursivas sobre o cavaleiro Bertrand Du Guesclin”, a tese tem por objetivo demonstrar como os letrados daquela época que se ocupavam da história requisitados pela monarquia reconstruíram, muitas vezes, o passado segundo perspectivas contemporâneas e segundo os interesses dos príncipes.
Além de participar de seminários na universidade francesa, Carmem cursou uma disciplina sobre história medieval e deve retornar à Universidade de Poitiers, em junho, para pesquisas no Centro de Estudos Superiores em Civilização Medieval. A pesquisadora conta que o que mais a impressionou na universidade francesa foi a vasta bibliografia disponível, com publicações que não são encontradas no Brasil.
Para Carmem, o fato de ter dois diplomas – um de doutora pela UFPR e outro pela Universidade de Poitiers – abre uma grande possibilidade de ser professora universitária nos dois países e novas perspectivas de contribuir para desvendar a história.
As negociações para que a cotutela fosse viabilizada começaram em 2010 entre as duas universidades e foram intensificadas com a visita de uma professora da Universidade de Poitiers, destaca a orientadora brasileira da doutoranda, a professora Marcella Lopes Guimarães. Na opinião dela, um dos entraves para que esse tipo de parceria seja produtivo é sempre o idioma, porque há a necessidade de ser fluente na língua do país que irá receber o estudante. Além disso, a pesquisa deve ter relevância para os dois países. A expectativa para os próximos anos é que o programa da UFPR possa receber pós-graduandos da universidade francesa para desenvolver pesquisas.
Maria de Lurdes Welter Pereira