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“Papo com Libras” aproxima aluno surdo e colegas interessados em aprender a língua brasileira de sinais

Desde o início do ano, algo diferente está acontecendo no Departamento de Educação Física da UFPR. Professores, alunos e técnicos administrativos estão aprendendo, aos poucos, a língua brasileira de sinais (Libras), para se comunicar com o aluno Luiz Gabriel Souza de Lucena, calouro do curso. O interesse na integração foi tanto que, desde o mês de maio, uma vez por semana, está acontecendo o “Papo com Libras”. Luiz Gabriel, com a ajuda dos intérpretes Aldemar Balbino da Costa e Daniele Marrie Moraes Alves, conta um pouco da sua vida, dos seus costumes e, assim, ajuda os colegas a aprender uma nova língua.

O aluno conta que, com a ajuda dos intérpretes, dos outros alunos e dos professores, não se sente diferente em relação aos colegas: “Desde a semana do calouro a recepção tem sido maravilhosa. Tem uma colega que sabia um pouco de Libras e me ajudou desde o começo a interagir com os demais”.

Porém, esta integração exige o trabalho de várias frentes. Uma delas é o acompanhamento dos intérpretes durante as aulas. A UFPR conta com uma equipe de 11 intérpretes para atendimento nos diversos cursos em que há surdos matriculados, como Letras-Libras, Educação Física, Pedagogia e Veterinária. Pela universidade atualmente circulam cerca de 70 surdos, entre alunos e professores concursados com dedicação exclusiva.

O intérprete Aldemar explica que cada língua tem um contexto cultural, e com a Libras não é diferente. Por isso, todas as aulas necessitam de preparação antecipada para que o aluno tenha entendimento. Os docentes são incentivados a utilizarem recursos visuais e os intérpretes têm acesso ao conteúdo antecipadamente, para que possam entendê-lo e interpretá-lo de forma correta no dia da aula expositiva.

Da esquerda para a direita: Marrie, Luiz Gabriel, Aldemar e a professora Vera: prova de que a interação pode facilitar a vida acadêmica de quem precisa de acessibilidade. Foto – ASPEC

Os alunos surdos também precisam se adaptar, pois precisam de atenção visual durante todas as aulas para entender o que se está transmitindo. “Se o aluno tirar o olhar do intérprete, ele perde a informação, pois ficam várias horas olhando ininterruptamente, e ter esta atenção pode ser bem extenuante”, relata Aldemar.

A professora Vera Luiza Moro leciona para Luiz desde o início do ano, e conta que, mais do que adaptar seu conteúdo e seu material, o mais difícil foi enfrentar o medo: “Ainda estou aprendendo os conceitos. Às vezes a gente se expressa a partir do nosso universo auditivo, e fazer esta transferência para uma língua visual é o nosso maior desafio”.

Abrindo portas

A intérprete Marrie conta que conheceu Luiz ainda no ensino médio, quando foi intérprete dele e de outros seis estudantes surdos. “A integração entre pessoas que são iguais a você é muito positiva. Por isso, acredito que, com o Luiz abrindo as portas, outros alunos surdos possam se interessar pela Educação Física e percebam que a universidade está aberta para todos eles”.

A professora Vera lembra que no futuro ainda serão necessárias outras adaptações para a formação de Luiz: “O nosso curso possui várias atividades práticas que demandam adaptações. Depois tem o trabalho nas escolas (Luiz cursa a modalidade de licenciatura). Como ele vai construir essa carreira como professor surdo? É algo que iremos descobrir com o tempo”.

A inclusão de pessoas com deficiência faz parte da história da Educação Física na UFPR. A professora Vera conta que na época em que fez vestibular, nos anos 1980, havia provas práticas para entrar no curso. Até que, certa vez, um candidato cego, Mário Sérgio, se inscreveu e foi aprovado. “Este foi um dos movimentos que culminou com a retirada dessa exigência”, lembra.

Mais recentemente, as alunas Monique Araújo da Silva, cega, e Jéssica Louise Domingos, com paralisia parcial, se formaram.

Todos os entrevistados concordam que a inclusão vai além do vínculo destas pessoas com a universidade. A interação plena só acontecerá com a transformação de todos os espaços em bilíngües, com professores, funcionários e estudantes preparados para receber a todos, sem restrição.

Participe!

O Papo com Libras acontece todas as quintas-feiras, às 11 horas, no Departamento de Educação Física da UFPR – Rua Coração de Maria, 92 – Jardim Botânico. Os encontros são gratuitos e abertos a toda a comunidade interna e externa à UFPR.

 

Texto e fotos: João Cubas – Aspec/Setor de Ciências Biológicas

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