Centenas de mulheres e homens reunidos com a expectativa de encontrar e ouvir de perto a história de uma das maiores ícones brasileiras na defesa dos direitos e da dignidade feminina. Este foi o cenário que a ativista Maria da Penha encontrou ao entrar no auditório que abrigou a abertura da I Jornada Nacional Viver Mulher Sem Violência, em Curitiba. O evento teve início na noite desta segunda-feira (23) e segue até quarta (25), com realização da Prefeitura de Curitiba, da UFPR e da Universidade Positivo.
Aclamada em pé, Maria da Penha foi recepcionada por um público formado por diversas gerações, que aplaudiam não só o exemplo de luta que tinham à frente, mas principalmente a iniciativa de todos ali em buscar um fim para as situações de violência e discriminação enfrentadas pela mulher brasileira.
“É preciso que haja mais compromisso de todos para ampliação e fiscalização das políticas públicas de combate à violência. Quando é agredida, mulher não precisa de conselho, precisa de justiça”, afirmou a ativista. Ao contar sobre toda a trajetória e os desafios que teve de vencer até ser aprovada a lei federal que leva seu nome, Maria da Penha diz que reconta esse passado para que a sociedade não se esqueça do cotidiano que muitas mulheres ainda enfrentam. “Temos uma cultura machista que se arrasta ao longo de gerações e ainda hoje mulheres educam diferente meninas e meninos. Para desconstruir esse machismo, a educação é essencial, seja dentro de casa ou nas escolas”, acredita.
Educação e compromisso
Justamente no propósito de contribuir para a educação cidadã de uma cultura não-machista e sem violências, especialistas da UFPR comandam diversas discussões em paineis, palestras, oficinas e workshops da Jornada. Presente na abertura do evento, o vice-reitor da UFPR, Rogério Mulinari, ainda aproveitou para reafirmar o compromisso da Universidade Federal no combate ao problema. “Dentro do ambiente acadêmico, também temos de ser firmes no enfrentamento à violência. Não podemos mais tolerar esse tipo de episódio; com apoio de nossas pesquisadoras e estudantes, estamos em uma ação coletiva que, ao mesmo tempo que busca conscientizar sobre o tema, promove um acolhimento multidisciplinar daquelas que sofrem”, explicou o vice-reitor, em menção ao inédito programa Conte Conosco.
Na mesa de abertura, importantes instituições ainda reforçaram um mesmo compromisso para o enfrentamento à violência contra a mulher. Estavam presentes a secretária especial de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Aparecida Gonçalves, o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, a secretária municipal da Mulher, Roseli Isidoro, o reitor da Universidade Positivo, José Pio Martins, a deputada federal Christiane Yared, os deputados estaduais Mara Lima e Marcio Pauliki, o diretor regional dos Correios, Areovaldo Figueiredo, a diretora financeira da Itaipu Binacional, Margaret Groff, e a presidente do Pró-Cidadania, Laura Dalcanale.
Até quarta-feira, a programação reúne uma grande diversidade de ações, desenvolvidas integralmente por colaboradores voluntários. No total, são 104 integrantes de um grupo que agrega professores e estudantes universitários, gestores públicos, profissionais da rede de proteção às mulheres em situação de violência, lideranças feministas e ativistas dos movimentos organizados em defesa das mulheres. Confira aqui programação completa.