O portal da UFPR está publicando uma série de reportagens sobre os pesquisadores 1A da universidade e o trabalho científico que desenvolvem.
O impacto das mudanças climáticas sobre a população é objeto de preocupação no mundo todo. No Brasil, um dos mais respeitados pesquisadores do tema é da UFPR – Francisco de Assis Mendonça, professor titular do Departamento de Geografia e atualmente pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação.
Entre as vertentes do trabalho de Mendonça está a que estuda os efeitos da elevação da temperatura no planeta sobre a saúde da população. Desde 2013 ele lidera um estudo sobre a relação entre a incidência de dengue e o aumento da temperatura. A pesquisa abrange 10 grandes cidades brasileiras e deverá fornecer informações para definir políticas públicas amplas de controle da dengue.
Duas pesquisas de doutorado e três de mestrado com essa temática estão em andamento na UFPR. Outras cinco pesquisas em curso, sob a orientação de Francisco Mendonça, tratam de problemas socioambientais na Região Metropolitana de Curitiba decorrentes das mudanças do clima global. Esses estudos abordam problemas causados pela precariedade de saneamento e pelas ocupações em áreas próximas da Bacia do Rio Iguaçu, e devem propor medidas para evitar a deterioração da qualidade de vida.
Trajetória
De lá para cá, Mendonça acumulou uma extensa experiência na docência, pesquisa e gestão de projetos. Foi o proponente-criador, coordenador e vice-coordenador do mestrado e do doutorado em Geografia, coordenador e vice-coordenador do Doutorado Interdisciplinar em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Foi também membro do comitê de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), integrando a comissão que estruturou o modelo de avaliação atual. Nessa função, colaborou também na criação dos primeiros procedimentos para organizar, credenciar e qualificar o sistema de pós-graduação brasileiro em Geografia.
Além disso, o professor Mendonça foi por duas vezes professor convidado na Université de Sorbonne / Paris I e IV, na Université de Haute Bretagne / Rennes 2, ambas na França; e pesquisador convidado da London School of Hygine and Tropical Medecine.
Em 2012, alcançou o patamar de pesquisador 1-A do CNPQ. “Eu sonhava em produzir conhecimento e avançar do ponto de vista científico e intelectual, além de ajudar os meus estudantes e colegas a também avançarem, mas sem almejar essa certificação. Porém, a partir do momento que a recebi, entendi que era o reconhecimento pelo nosso trabalho aqui no Brasil e no exterior. Esse reconhecimento contribuiu bastante para ampliar nosso leque de ações no plano internacional, inclusive a chance de representar a Cátedra da UFPR na questão de desenvolvimento sustentável na Unesco, em Paris”, afirma.
Doenças e clima
As pesquisas sobre o desenvolvimento de algumas doenças decorrentes das condições climáticas – como meningites, cólera, leptospirose e dengue – começaram em 1999. O avanço dos estudos nesta linha levou à criação do Laboclima (Laboratório de Climatologia) da UFPR, coordenado pelo professor Francisco Mendonça.
Um dos serviços prestados pelo Laboclima, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde e com o Simepar, é o Sacdengue, Serviço de Alerta de Dengue, criado em 2011, com o objetivo de emitir boletins semanais sobre os riscos de infestação do mosquito Aedes aegypti em todas as regiões do Estado, informando a população e as equipes de saúde para que adotem ações no sentido de controlar a dengue. O mapa é realizado com base no número de casos registrados no Estado e está disponível pelo endereço eletrônico http://www.laboclima.ufpr.br/dengue.htm.
Apoio à pesquisa
Como pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, o professor Francisco de Assis Mendonça trabalha para estabelecer políticas de apoio, estímulo e facilitação da pesquisa e da pós-graduação, visando melhorar a posição da UFPR no ranking nacional dessas áreas. A meta é garantir que a universidade alcance conceitos mais altos na avaliação da Capes e finalmente tenha cursos com conceito máximo, o que não ocorre hoje. Para isso, considera que um dos caminhos indispensáveis é a internacionalização da instituição, com intuito de aprofundar o intercâmbio de experiências e conhecimentos, sem esquecer a troca com instituições nacionais.
“O grande desafio é tornar visível o enorme potencial da UFPR e proporcionar condições para seu pleno desenvolvimento”, afirma o pró-reitor. “Hoje, os pesquisadores que se destacam geralmente devem isso ao esforço individual, com seus grupos de pesquisa e interações com outros centros e universidades no exterior. É necessária uma política institucional que lhes dê suporte e é para isso que estamos trabalhando.”
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