O que começou em 2008 no campus de Ciências Agrárias como um projeto de extensão cresceu e se converteu em um importante espaço para a conexão direta entre produtores e consumidores de produtos orgânicos: a Feira de Orgânicos da UFPR, que vende itens in natura e semiprocessados, com qualidade e preços inferiores aos do mercado.
São três pontos de venda dos produtos: um ao lado do prédio da Reitoria (no centro da cidade), outro no Setor de Educação Profissional e Tecnológica (SEPT), no bairro Jardim das Américas e o terceiro no campus de Ciências Agrárias, onde o projeto nasceu por iniciativa do Departamento de Economia Rural e Extensão, coordenado pelo professor Luciano de Almeida,
Os produtos variam desde sucos e alimentos orgânicos (frutas, verduras, legumes, grãos, pães, bolos e derivados, doces etc) até mudas de temperos, ervas medicinais e plantas ornamentais. Só são vendidas mercadorias certificadas pela Rede Ecovida – um grupo de pequenos agricultores do Paraná, de Santa Catarina, de São Paulo e do Rio Grande do Sul que faz a certificação dos produtos.
Preços
Os números oscilam, mas o professor Luciano Almeida estima que cerca de 400 pessoas circulam por semana em cada uma das feiras – a grande maioria da comunidade externa. Participam do projeto cerca de 60 famílias de pequenos agricultores familiares de quatro cidades da Região Metropolitana de Curitiba: Colombo, Bocaiúva do Sul, Campo Magro e Rio Branco do Sul.
Além de fortalecer a agricultura familiar, as feiras oferecem preços até 60% inferiores aos do mercado, graças à ausência de atravessadores. “Os supermercados muitas vezes não remuneram adequadamente os produtores de orgânicos. Um agricultor familiar recebe, na safra, R$ 6 pelo quilo do tomate orgânico, mas nos supermercados eles vendem por R$ 15 a R$ 20 o quilo”, diz o professor Luciano Almeida. “Nas feiras de orgânicos, os produtos são vendidos com preços justos”.
As feiras também são um campo de pesquisas para os alunos. Estagiários de vários cursos participam do projeto, especialmente de Ciências Agrárias, Biologia, Geografia, Ciências Sociais e Nutrição. Eles têm papel crucial porque acompanham os agricultores em todas as etapas do processo: produção, venda, logística e até o funcionamento da feira (que inclui a descarga das mercadorias e a sua organização), além de controle de estoques, atendimento aos consumidores etc. “Nós criamos uma alternativa que ajuda a viabilizar economicamente as famílias e aumenta sua renda”, diz o professor.
Conexão com o consumidor
Mas os benefícios do projeto vão além dos preços e do incentivo aos produtores. “Como a gente vende tudo diretamente para o pessoal, dá para os consumidores conhecerem a origem do produto”, explica o produtor rural Felipe Oliveira Schimerski, de Bocaiúva do Sul, que há um ano e meio vende grãos, cereais, feijão, trigo, soja e outros produtos na Feira de Orgânicos da Reitoria.
“A gente cobra um preço melhor porque não tem atravessador”, reforça Valdir Ribas Machado, de Campo Magro, que vende hortaliças, toda quarta-feira, na mesma feira.
Os consumidores agradecem. “Uso a feira com freqüência porque trabalho aqui ao lado. É importante ter esta opção”, diz a analista ambiental Daniela Pivoto. Ela elogia a qualidade dos produtos. “Uma coisa que notei é que os produtos orgânicos têm durabilidade maior”. E diz que os preços são justos frente à qualidade dos alimentos. “Cada vez que reduzimos a quantidade de venenos que consumimos, isso não é gasto; é investimento”.
A vice-diretora do Setor de Educação Profissional e Tecnológica, professora Silvana Carbonera, diz que faz compras na feira existente no local (cujos produtos procedem da comunidade de Três Pinheiros, na cidade de Quatro Barras, na Grande Curitiba) toda quinta-feira. “A feira é interessante porque, com ela, o SEPT acaba recebendo um público externo. Assim, compartilhamos os benefícios da qualidade dos alimentos, com preços honestos, com a comunidade’, diz.
No campus de Agrárias, um detalhe interessante: a feira funciona no Espaço Agroecologia, iniciativa que resultou de parceria entre a Rede Ecovida de Agroecologia e a Associação para o Desenvolvimento da Agroecologia (AOPA). Trata-se de uma bioconstrução de bambu, inaugurada no ano passado, fruto de parceria da UFPR com o Centro Paranaense de Referência em Agroecologia, unidade da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab).
Confira locais e datas das feiras de orgânicos da UFPR
Campus da Reitoria (Rua XV de Novembro, 1299, centro). Funciona às quartas-feiras, das 7h às 14h.
Espaço Agroecologia – Campus de Ciências Agrárias (Rua dos Funcionários, 1540, Juvevê). Funciona às terças-feiras, das 7 às 12h.
Setor de Educação Profissional e Tecnológica (Dr. Alcides Vieira Arcoverde, 1225 – Jardim das Américas). Funciona às quintas-feiras, das 7h30 às 12h.
Por Aurélio Munhoz
