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Estudantes da UFPR organizam cursinho pré-vestibular gratuito em escola pública

Um grupo de estudantes dos cursos de Engenharias e Arquitetura da UFPR dedica as manhãs de sábado para dar aulas a jovens de escolas públicas de Curitiba que pretendem prestar vestibular. O trabalho voluntário começou em 2016, por meio do Conselho de Estudantes do Setor de Tecnologia da UFPR, mais conhecido como C7, e está em busca de voluntários para poder atender mais alunos, ampliando suas condições de ingresso em uma universidade.

“A sociedade investe em nós, e por meio dos impostos, custeia a nossa graduação. Nós sentimos a necessidade de dar uma contrapartida. Vimos a dificuldade que os alunos de escolas públicas têm para ingressar no ensino superior e então surgiu o C7 nas Escolas”, conta Gabriel Lovera, aluno de Engenharia Mecânica e um dos voluntários no projeto.

O C7 nas Escolas foi idealizado por Felipe Cruz, estudante de Engenharia Civil, e Daniele Wileman, na época graduanda em Geografia, hoje professora na primeira escola beneficiada com o projeto, o Colégio Estadual Benedicto João Cordeiro, no bairro Sítio Cercado. A primeira turma começou com 30 alunos e terminou com 10. “Houve evasão porque a escola foi ocupada pelo movimento dos estudantes e também por razões pessoais. Tem alunos que enfrentam problemas, outros que trabalham e chegam ao fim do ano exaustos”, diz Felipe.

Desses 10 alunos, quatro foram aprovados para ingressar no ensino superior – três deles na UFPR e um na Universidade Positivo. Felipe diz que, apesar de o número parecer pequeno, é gratificante saber que antes do projeto muitos dos alunos sequer pensavam em prestar vestibular.

Entre os aprovados está Sabrina dos Santos, hoje aluna do curso de História na UFPR. Em 2016, ela ocupava os bancos da sala de aula do C7 nas Escolas. Hoje está do outro lado, como professora voluntária, para retribuir o que recebeu. Este ano, a turma tem 50 alunos, do Colégio Benedicto João Cordeiro e de escolas vizinhas.

Mudanças

O conteúdo programático para revisar é extenso, e, com apenas um dia de aula, não é viável dar conta de tudo. Por isso, os professores voluntários buscam fortalecer as bases das disciplinas, o que ajuda, inclusive, a melhorar o aproveitamento no dia a dia da turma na sala de aula.

“São evidentes e significativas as mudanças dos estudantes que participam do projeto, tanto no aprendizado, que reflete em sala de aula, quanto na maturidade”, atesta o pedagogo do colégio Benecdito João Cordeiro, Abel Moreira Suctil. Além disso, conta Abel, o projeto criou uma cultura na escola, de iniciar já no começo do ano a preparação para o vestibular, o que não existia antes.

Ensinar para a vida

“A universidade parece uma realidade distante para muitos desses alunos. A imagem que eles têm é a de que a graduação é só a continuidade do ensino médio. Muitos querem apenas o diploma do ensino médio porque na cabeça deles é disso que precisam para conseguir um emprego e seguir a vida”, conta Felipe.

Segundo o idealizador, a ideia do projeto é mudar essa realidade e mostrar que há várias possibilidades dentro da universidade e que isso envolve tanto o contexto profissional quanto pessoal: “Queremos agregar sentido para eles, mostrar o lado cultural, social, e uma realidade diferente”.

Felipe conta ainda que, apesar de ocuparem o papel de professor, os voluntários aprendem muito com os alunos, além de desenvolverem habilidades como didática, falar em público e comunicação.

Expansão

Segundo Felipe, a intenção é expandir o cursinho para outros colégios da cidade e incentivar mais jovens a buscar o ensino superior, seja na UFPR ou outra instituição de ensino.

Para que isso seja possível, os interessados em dar aulas no projeto podem fazer contato pela página do C7 nas Escolas no Facebook. Graduandos de todos os cursos podem se voluntariar.

Por Dafne Salvador