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Em aula magna em Palotina, reitor diz que ousadia na criação do Setor inspira universidade em momento difícil

Uma aula magna sobre o futuro da expansão e do desenvolvimento das universidades públicas, ministrada pelo reitor Ricardo Marcelo Fonseca, marcou na noite de quinta-feira (15) a celebração dos 25 anos do dia em que o Setor Palotina da UFPR teve sua aula inaugural, em 1993. A aula encerrou uma solenidade realizada no Teatro Municipal da cidade, com a participação de ex-diretores, vice-diretores, a atual direção do Setor Palotina e autoridades locais.

A solenidade foi pontuada por memórias do processo de instalação da UFPR em Palotina e palavras de orgulho pelo que o Setor representa hoje para a comunidade regional. O reitor afirmou que o momento é de reconhecimento e agradecimento aos diretores pela contribuição para o Setor e para a UFPR. “Essa sinergia que inclui sempre a presença acolhedora da comunidade e das forças políticas da cidade é que faz com que Palotina seja considerada um projeto de expansão que definitivamente deu certo e é exemplar”, afirmou.

“Hoje, exatamente 25 anos depois da aula inaugural do Setor, é um dia marcante não apenas pela comemoração, mas porque a Reitoria foi instalada em Palotina. Os pró-reitores estão aqui, a agenda da UFPR hoje é Palotina. Também, pela primeira vez em 105 anos de história, tivemos um conselho universitário debatendo temas relevantes fora de Curitiba, aqui em Palotina”, completou o reitor.

A solenidade teve a participação de ex-diretores, vice-diretores, a atual direção do Setor Palotina e autoridades locais.

O professor Nei Moreira, primeiro diretor eleito do Setor Palotina, fez parte da gestão 2002-2006. “Participei de 24 dos 25 anos do Setor. É um orgulho acompanhar o crescimento do campus. Superamos várias dificuldades e participamos da expansão. Agradeço a oportunidade de fazer parte da grande família UFPR, especialmente do Setor Palotina” disse.

Vinicius Cunha Barcelos foi diretor entre os anos de 2006 e 2012. “Vim para Palotina em 2000, quando a situação era bem difícil. Só havia o curso de Medicina Veterinária e o campus não caminhava com as próprias pernas. Na época, o Centro Acadêmico fez uma arrecadação e comprou materiais para desenvolvermos atividades. A energia e a vontade de fazer nos levaram para a frente”, contou.

“Muito me orgulha ter participado ativamente da construção do Setor, como docente, pesquisador, vice-diretor, diretor e atual coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal”, afirmou Luciano dos Santos Bersot, ex-vice diretor e diretor do Setor.

O diretor de apoio aos campi avançados, Helton José Alves, lembrou que em 2009 foi aprovado em concurso e mudou-se para Palotina: “Vim buscar um novo futuro e vi que aqui tinha algo diferente, um povo acolhedor e inovador. Temos infinitos desafios, mas estamos encarando todos com transparência e honestidade. A UFPR é a nossa vida”.

A atual vice-diretora do Setor, professora Yara Moretto, destacou os avanços e os desafios futuros: “Crescemos em infraestrutura, graduação, pós-graduação, número de alunos. Mas ainda somos um jovem setor, temos um grande potencial. O nosso diferencial é a comunidade acolhedora e que vive o Setor Palotina diariamente”.

“Mesmo com as dificuldades, são as pessoas que transformam os ambientes. Sem este alicerce formador, as cabeças pensantes da universidade e do município, e sem a união de todos nenhum projeto vai para frente. Sigam acreditando nos nossos sonhos, só a educação transforma, acreditem na UFPR”, afirmou o atual diretor do Setor, professor Elisandro Frigo.

Aula magna

“A universidade pública e a aposta no futuro: expansões e desenvolvimento”. Esse foi o tema da aula magna ministrada em Palotina pelo reitor da UFPR.
O professor Ricardo Marcelo apontou três fases das universidades públicas. A primeira, no início dos anos 90, em que houve uma desconfiança com a ineficiência e desperdício das universidades federais. “Neste período houve uma aposta nas universidades privadas como possibilidade de expansão no ensino superior. As vagas cresceram no âmbito privado, mas esse aumento trouxe consequências colaterais e um descontrole de muitos cursos”, explicou.

De acordo com o reitor, em regra geral, as novas instituições de ensino privado não vieram acompanhadas da cultura de produção da ciência e tecnologia e aposta nas ciências básicas ou na valorização da carreira docente. “O grande aumento não trouxe um impulso para o conhecimento brasileiro. 87,4% das instituições são de ensino privado, mas é nas universidades públicas que se concentram aproximadamente 90% da produção de ciência e tecnologia no Brasil”, destacou.

O segundo ciclo das universidades inicia-se nos anos 2000, com novas propostas para o ensino público superior. “Houve progressiva recomposição de vagas e salários para professores das universidade públicas, e a criação do programa Reuni – dedicado à restruturação e expansão das universidades federais. Esse é um momento importante para a história de Palotina, a partir daí o foi efetivamente aberto o caminho para que o campus se transformasse em setor”.

A partir de 2014, com o novo plano nacional de educação, houve um expressivo aumento de verbas para ciência e tecnologia sentido fortemente nas agências de fomento, destacou o reitor. “Ao menos até o início de 2015, quando a crise econômica brasileira impactou nas políticas públicas, viu-se uma transformação das universidades federais em comparação com o ciclo anterior”.

Além dos avanços na esfera da produção da ciência e tecnologia do Brasil, o professor Ricardo Marcelo também lembrou a alteração nas formas de acesso das universidades federais, o que implicou numa diminuição da tradicional elitização.

“Com essa proposta de democratização do acesso, efetivamente percebeu-se a crescente presença de pobres, negros e indígenas nos cursos de graduação mais tradicionais”.

O terceiro ciclo, conforme apontou o reitor, começa quando Michel Temer assume o poder em 31 de agosto de 2016. “Houve uma forte inflexão política e ideológica com o período anterior. Verifica-se mudança radical na política das universidades públicas federais”.

Entre as consequências, ele apontou a redução nominal no orçamento das universidades públicas. “Em 2018, o corte nas verbas de investimento e capital brutais. Os valores colocam em risco a própria manutenção das universidades até o final do ano. Por sua vez, os valores de investimento praticamente inviabilizam novas obras nas universidades federais”.

O professor Ricardo Marcelo explicou que o momento é considerado o mais crítico para subsistências das universidades federais ao longo das últimas duas décadas, sem planejamento estratégico para o futuro. “Apesar dessa conjuntura presente, o papel central protagonista necessário das universidades públicas no futuro do Brasil não pode ser cancelado”, disse.

Para finalizar, o reitor comparou os primeiros passos do Setor Palotina com a situação atual das universidades públicas. “Mesmo com o cenário arriscado no início dos anos 90, a ousadia, dedicação e coragem de gestores e personagens precursores fundaram um campus diferente”.

“Hoje o solo parece infértil e o futuro incerto. Estamos na terceira etapa, em um cenário como esse temos que nos inspirar nos grandes personagens da nossa universidade, para sermos dotados de ousadia, coragem e esperança. Não podemos deixar de acreditar com todas as forças nesse projeto que é uma grande realidade de expansão do nosso ensino”, conclui o reitor.