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Debate sobre livro de Roberto Esposito lançado pela Editora UFPR expõe densidade do filósofo

Os estudos do filósofo italiano Roberto Esposito, que se dedica a refletir sobre o conceito de biopolítica apresentado por Michel Foucault, foram discutidos na quarta-feira (28) em uma mesa redonda promovida pela Editora UFPR em Curitiba, no Prédio Histórico. A discussão marcou o lançamento da versão brasileira do livro “Termos da Política – Comunidade, Imunidade, Biopolítica”, cuja tradução também foi feita na universidade. A maior parte da plateia era composta por alunos da graduação e da pós-graduação em Direito.

Entre os autores que retomaram os conceitos de Foucault, Esposito é um dos expoentes da “diferença italiana” — como é chamada a abordagem peculiar adotada por estudiosos italianos. Inspirada na multidisciplinaridade adotada por Esposito em seus estudos, a composição da mesa redonda contou com especialistas em áreas diversas. Os participantes foram os professores André de Macedo Duarte (Filosofia Política); Angela Couto Machado Fonseca (Filosofia Contemporânea); Fernando Augusto Ferraz (Química Orgânica); João Paulo Arousi (Direito Penal); e Luiz Ernani Fritoli (Literatura Italiana).

Na mesa, da esq. para dir.: João Paulo Arousi; Ângela Fonseca; Fernando Ferraz; André Duarte; e Luiz Fritoli. No púlpito, o reitor Ricardo Marcelo Fonseca. Foto: Marcos Solivan

Durante o debate, Ferraz afirmou que o filósofo traz um ponto de vista “político e afirmativo” sobre a biopolítica, conceituada como a ampliação da esfera abrangida por quem detém o poder de forma tal que esses poderosos passam a decidir sobre aspectos biológicos dos dominados. Trata-se de uma observação verificada a partir do século XX. Ferraz lembrou que o conceito foucaultiano vem sendo “reclassificado e reelaborado” por diversos autores, mas, no caso de Esposito, houve a agregação de outros conceitos inovadores.

Entre esses conceitos, se destacam os de comunidade (ou communitas), que é o âmbito em que a relação entre os homens mostra um empenho pela doação recíproca, e o de imunidade (immunitas), como o autor chama o esforço de autoconservação da vida humana. Ao refletir sobre essa dinâmica, Ferraz pontuou que Esposito consegue dar sentido a fenômenos contemporâneos, como a globalização, a crise de refugiados e o terrorismo.

O professor de Filosofia Política André de Macedo Duarte destacou que é difícil classificar Esposito apenas como filósofo político, uma vez que o autor faz uso de diversas disciplinas para se expressar. “Ele não é um filósofo político, mas um filósofo que pensa política, mas muito além dela. E é justamente o que produz o efeito de instigar o pensamento do seu leitor”, opinou.

Tradução

Assinado por Fritoli, a tradução do livro foi classificado pelo linguista como “uma grande aventura”. “Traduzir é sempre um ato muito temerário. Traduzir filosofia é muito mais temerário”. Para Fritoli, existe algo de “poético” na escrita filosófica que se repete na prosa de Esposito, nos dois sentidos que o termo abarca: o de criar palavras e o do lirismo.

Segundo o professor do Departamento de Línguas Estrangeiras Modernas, o autor italiano mostra sua erudição ao “dar sentidos novos a palavras velhas”. “Os sentidos explodem para fora da palavra”, comparou.

Assim, aos novos leitores do autor, Fritoli aconselha a perceber a pluralidade de sentidos que o autor dá a cada palavra, além de prestar atenção ao seu estilo próprio. “Um autor como Esposito tem seu estilo de pensamento e de linguagem”, disse. “É preciso pensar não apenas na linguagem, porque a forma também é conteúdo”.

Protagonismo

A obra escolhida pela Editora UFPR oferece uma introdução aos conceitos de Esposito, como registrou Ângela Fonseca. “É um livro que dialoga com as obras precedentes, mas também apresenta novas aberturas e introspecções”, avaliou.

De acordo com o reitor Ricardo Marcelo Fonseca, a indicação do livro à Editora UFPR foi do próprio filósofo, durante uma conversa que tiveram na Itália no início de 2013. Segundo Fonseca, que é um historiador na área do Direito, Esposito é o filósofo italiano que mais o entusiasma entre os que retomaram os conceitos de Foucault.

“Considerava os temas abordados por Esposito ainda mais intrigantes do que os de Giorgio Agamben, cujos livros já faziam muito sucesso no Brasil, mas naquele momento [2013] nem havia livros de Esposito traduzidos no país”, conta. Com isso, o reitor destacou a participação “protagonista” da universidade na disseminação de obras de Esposito diretamente traduzidas para o português.

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