UNIVERSIDADE
FEDERAL DO PARANÁ

Curso de Medicina do Campus Toledo prioriza interação com a comunidade e o uso de metodologias ativas

Contato com os pacientes já nos primeiros semestres de aula, um Centro de Simulação que permite aos alunos viver situações próximas da realidade e equipamentos de última geração, como uma mesa anatômica virtual, estão entre os diferenciais que têm atraído estudantes para o curso de Medicina que a UFPR oferece no Campus Toledo. Iniciado em 2016, o curso privilegia o protagonismo do aluno na metodologia de ensino, assim como a interação e o atendimento de demandas da comunidade.

As turmas participam de atividades semanalmente em Unidades Básicas de Saúde do município. As aulas práticas integram o módulo de “Interação e saúde da comunidade”.

Além de acompanhar o atendimento, a estudante Daniele Benvenho também participa de visitas familiares, com foco nas áreas de obstetrícia e pediatria. “É muito bom ter contato com os pacientes no começo do curso. Ver o professor atendendo, como são as perguntas, porque no início a gente não tem noção do que falar”, conta Daniele que está no 4º período do curso.

Todas as atividades são realizadas com orientação de professores da Universidade Federal do Paraná. “Nossos alunos têm contato com os pacientes desde a primeira semana. As aulas práticas são mais uma etapa desse processo”, explica o docente Fábio Oliveira de Freitas.

A presença dos acadêmicos nas unidades também gerou alterações no sistema de saúde do município. “A participação dos alunos nos trouxe um espírito de reflexão, porque a equipe como um todo passa a ser espelho para esses futuros profissionais”, destaca o secretário de saúde de Toledo, Thiago Daross Stefanello.

“Onde há a presença da universidade nas Unidades Básicas de Saúde, sentimos a diferença na qualidade e produtividade do atendimento. O curso também coloca à disposição da prefeitura dois profissionais e o atendimento em uma especialidade nova que não tínhamos – cirurgia vascular”, completa Stefanello.

A interação com a comunidade de Toledo é considerado o diferencial do curso. “Estamos presentes em várias unidades de saúde, Upas (Unidades de Pronto Atendimento) e agora, a partir do quinto período do curso, em ambulatórios de especialidades e futuramente em hospitais. Somos muito bem acolhidos pela comunidade e o curso vem fazer diferença para essa região”, destaca a diretora do campus Toledo, professora Cristina de Oliveira Rodrigues.

O curso de Medicina do campus Toledo tem atualmente  150 alunos, muitos dos quais são moradores do próprio município ou de cidades próximas.

Gustavo Andrade é de Cascavel, a cerca de 45 km de Toledo. “Quando resolvi fazer Medicina achei que me mudaria para uma cidade maior. Porém, a estrutura que a UFPR oferece é superior à de  faculdades de grandes centros. É algo sensacional poder estudar aqui”.

Estudante do 4º período, Matheus Soares da Silva, do município de Iporã, ficou muito feliz com a chegada do curso a Toledo. “Estou a 100 km de casa, posso visitar minha família com frequência. Sem contar que é a Universidade Federal que eu sempre quis cursar”, conta.

A expectativa é que futuramente os egressos se instalem na região. “Queremos ter os acadêmicos como futuros profissionais do município. Nós ganhamos no caráter social e a secretaria de saúde produz muitos resultados”, diz o secretário Thiago.

“Esperamos ter além do curso de Medicina, residência médica nas áreas básicas e quem sabe pós-graduação. O potencial é muito grande”, afirma a diretora do campus Toledo, Cristina.

 

Centro de simulação

Estudante Tarlliza Nardelli atende personagem interpretado por Márcio Franz, no Centro de Simulação do Campus Toledo.

Os 150 alunos do curso de Medicina utilizam a estrutura da nova sede do campus Toledo, inaugurada no mês de março. O prédio foi doado pelo empresário Luiz Donaduzzi.

O projeto arquitetônico, produzido pela UFPR, possui especificidades para o curso, incluindo um grande Centro de Simulação, com área ambulatorial e cirúrgica.

O Centro proporciona aos futuros médicos a vivência de situações próximas da realidade. As simulações são realizadas do primeiro ao oitavo período, durante a disciplina “Habilidades Médicas”. O espaço amplo possui consultórios, salas para procedimentos, salas de técnicas cirúrgicas, enfermaria, sala de parto e até uma UTI (Unidade de Tratamento Intensivo).

“O conceito é de que um estudante da área da saúde só deva ir para a prática após ter simulado o atendimento. Esperamos conseguir equipar todo o campus para corresponder com a expectativa dessa comunidade”, avalia a diretora Cristina.

No Centro de Simulação, os alunos são preparados para situações que farão parte do cotidiano. “A área busca integrar o conhecimento teórico com o prático e as atividades solidificam o processo de aprendizagem, fazendo com que o aluno adquira segurança para executar suas atividades junto ao paciente. É um processo evolutivo”, explica a coordenadora do curso, professora Naura Tonin.

Semestralmente, uma companhia de teatro de Toledo participa das simulações. “Passamos previamente um caso clínico e os atores atuam como nossos pacientes. É impressionante como conseguimos avaliar o aluno e trabalhar a postura, a parte emocional e técnicas de entrevista”, relata Naura.

O diretor do grupo “Amadores Cia de Teatro”, Márcio Franz, conhecido como Formiga, afirma que a parceria favorece os dois lados. “É um trabalho bacana para o aluno que está vivendo uma situação próxima do real e para nós atores pela criação do personagem e até improviso, pois não sabemos o que os estudantes vão perguntar”.

Os professores estabelecem algumas características que os pacientes fictícios devem ter, como idade e sintomas, mas a situação é completamente inédita para os estudantes. As atividades acontecem desde o primeiro semestre do curso, em 2016.

“A contribuição é para os acadêmicos como futuros profissionais e também para nós como futuros pacientes. Nosso grupo sempre será parceiro desse tipo de formação”, destaca Márcio.

Tarlliza Nardelli passou pela experiência da simulação ao final do primeiro período de aulas. O grupo da estudante atendeu o personagem de uma mulher que recebia maus tratos, um idoso em depressão e até uma executiva apressada. “Vivenciamos fatos que podem acontecer no consultório. Isso é ótimo para sabermos lidar com adversidades e diferenças das pessoas. Nem sempre sabemos qual será nossa reação”.

O espaço também poderá ser utilizado futuramente para reciclagem médica. “Queremos aproveitar o centro de simulação para oferecer aperfeiçoamento em situações realísticas de urgência e emergência para os profissionais da nossa região”, conclui a coordenadora do curso.

Metodologia ativa e ferramentas virtuais

Tanto o contato inicial com o paciente, como as atividades de simulação, integram a metodologia ativa de ensino, utilizada pelo campus Toledo desde o início das atividades.

Considerada um desafio, a metodologia ativa segue diretrizes curriculares para os cursos de graduação em Medicina definidas pelo Ministério da Educação. Pelo método o aluno passa a ser protagonista do processo de ensino-aprendizagem.

“O aluno tem que estudar em casa e na aula ele consolida o processo de ensino-aprendizagem com outros colegas. Ao fim do processo, o professor entra como facilitador, estimulando a discussão entre os grupos e sanando as dúvidas”, explica Ana Paula Brandalize, vice-coordenadora do curso de Medicina. “Existe um período de adaptação e no final eles adoram. Realizamos uma pesquisa de satisfação e os alunos apontaram que a metodologia é eficiente e que indicariam a outros estudantes”.

Mesa Anatômica Virtual permite a dissecação virtual de estruturas em várias dimensões.

Ferramentas inovadoras também auxiliam o processo de ensino-aprendizagem. A Mesa Anatômica Virtual permite o estudo da anatomia de todos os sistemas, além de analisar uma série de casos clínicos.

“A Mesa vem para complementar o aprendizado anatômico, junto com o material cadavérico e sintético, já disponíveis no campus de Toledo”, afirma o professor de Anatomia Humana, Kléber Fernando Pereira.

Por meio da ferramenta de dissecação virtual, é possível observar as peças em duas e até três dimensões. As estruturas são separadas em camadas longitudinais e transversais.

“É um diferencial para o campus Toledo, poucas universidades do Brasil possuem a Mesa, eu tenho certeza que será fundamental para a formação dos alunos da UFPR”, destaca o docente.

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